Ameaçam ativistas de direitos dos animais em Cuba por expor o mau-trato animal dentro da santeria

BAC-Habana denunciou ameaças após revelar um caso de maus-tratos a animais relacionado a rituais religiosos e responsabilizou Jorge Goliat, acusado de crueldade, negligência e práticas ilegais.

BAC-Habana denuncia ameaças após expor a crueldade animal em rituais afrocubanosFoto © CiberCuba

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O grupo BAC-Habana (Bem-Estar Animal em Cuba, seção da capital) denunciou ter recebido ameaças e intimidações após publicar várias denúncias sobre o maltrato de animais durante rituais religiosos praticados na ilha.

A organização responsabilizou diretamente um homem identificado como Jorge Goliat no Facebook, a quem acusam de cometer atos de crueldade animal sob a proteção de crenças afrocubanas.

Captura Facebook / BAC-Habana

“Se algo acontecer a algum membro de nossa equipe ou colaborador, tornamos diretamente responsável Jorge Goliat”, destaca o comunicado oficial publicado pela associação.

O texto descreve uma situação de assédio que vem aumentando e que, segundo seus integrantes, ultrapassou “todos os limites da decência, da ética e do respeito humano”.

BAC assegura que os ataques provêm do contexto social e religioso deste indivíduo e que seus membros receberam "mensagens violentas, ofensivas e degradantes" por terem denunciado publicamente um caso de sacrifício animal.

“Pessoas religiosas? Se isso é religião, então estamos falando de uma religião de ódio”, denunciou o grupo, acusando os agressores de usar a fé como pretexto para a violência.

A organização afirma que Jorge Goliat realizou práticas ritualísticas nas quais maltratou e sacrificou um cachorro, um fato que consideram um crime de maus-tratos a animais tipificado na legislação cubana vigente.

"O que este homem fez com aquele pobre cachorrinho constitui um delito sancionado pela lei. Além disso, sua atividade como suposto curandeiro representa uma ameaça direta à saúde pública, pois realiza manipulações sem esterilização nem condições higiênicas", apontou a entidade.

Segundo a publicação, existem depoimentos de pessoas que acusam o indivíduo de negligência e de ter causado a morte de vários animais e até de seres humanos no âmbito de supostos rituais de cura ou purificação.

BAC-Habana exigiu a atuação imediata das autoridades sanitárias e judiciais e advertiu que, se algum de seus integrantes sofrer agressões físicas ou danos pessoais, Jorge Goliat será considerado o principal responsável.

“A defesa da vida, da justiça e da verdade não é negociável. Aquele que atentarem contra elas responderá perante a lei e perante a sociedade”, afirmou a organização.

Em outra publicação, o grupo comunicou que, segundo suas fontes, o indivíduo denunciado se encontra atualmente na República Dominicana, portanto, o caso foi formalmente transferido para as autoridades daquele país.

Captura Facebook / BAC-Habana

A denúncia foi encaminhada à Polícia Nacional Dominicana, à Unidade de Proteção Animal do Ministério Público / Procuradoria Geral da República e ao Ministério de Meio Ambiente e Recursos Naturais.

O expediente, que inclui capturas de mensagens, provas gráficas e testemunhos, também foi enviado ao gabinete da Presidência da República Dominicana e à sua Direção de Imprensa, para exigir acompanhamento e transparência nas ações judiciais.

“Não toleraremos que a impunidade proteja a crueldade contra seres inocentes”, enfatizou o grupo, que também pediu colaboração da cidadania para fornecer provas adicionais.

A organização criticou a falta de cobertura midiática dentro de Cuba e alertou que encaminharia o caso para meios dominicanos e regionais, com o objetivo de exercer pressão pública sobre as autoridades e evitar que o caso fique sem consequências.

Em uma publicação mais abrangente, intitulada “Cuba entre o sangue e o lixo: o sacrifício animal disfarçado de religião”, BAC-Habana abordou o fenômeno do sacrifício ritual de animais em práticas religiosas afrocubanas como a regra de Ocha, o Palo Monte ou a santería, denunciando sua degradação em atos de crueldade e contaminação.

Captura Facebook / BAC-Habana

O sacrifício animal disfarçado de religião é uma atrocidade que deixou de escandalizar, mas deveria deixar qualquer um com um mínimo de consciência abalado”, escreveu o grupo.

“Nas ruas, há restos de animais degolados, bonecos ensanguentados e velas negras. O que alguns chamam de oferendas, nós vemos como um crime contra a vida e a dignidade”, disseram.

A publicação, acompanhada de imagens de restos de animais jogados em parques e calçadas, denuncia a falta de atuação das autoridades sanitárias, ambientais e religiosas diante do que qualificam como "uma crise ética e ecológica".

Não há espiritualidade onde há tortura. Não há fé onde há morte. O que acontece em Cuba não é religião: é crime”, conclui o texto.

BAC-Habana tem sido uma das vozes dentro do país que aborda a ligação entre fanatismo religioso e maus-tratos a animais, um tema sensível que divide a opinião pública.

Enquanto alguns defensores das religiões afrocubanas argumentam que se trata de tradições ancestrais protegidas pela liberdade de culto, ativistas e ambientalistas exigem uma regulamentação mais rígida e a proibição do sacrifício de animais em rituais.

Apesar de Cuba ter aprovado em 2021 sua Lei de Bem-Estar Animal, os ativistas asseguram que a normativa é aplicada de maneira desigual e carece de mecanismos efetivos de proteção.

"As denúncias por crueldade animal terminam em silêncio ou sem investigação", afirmam.

Em Cuba, o uso de animais em rituais religiosos tem gerado uma crescente polêmica social, especialmente pelo sofrimento infligido durante esses atos.

Recientemente, um sacerdote católico denunciou publicamente um sacrifício afrocubano realizado em frente à sua igreja em El Vedado, onde foram deixados restos de jicoteas agonizantes e galos mortos.

O fato gerou críticas sobre a permissividade do Estado e a falta de regulamentação para garantir o respeito ao espaço público e aos direitos dos animais.

As denúncias não se limitam a animais sacrificados em contextos religiosos afrocubanos. Em outro caso amplamente divulgado nas redes, foi denunciada a decapitação de um cachorro de rua como parte de uma oferenda, gerando repúdio entre ativistas e cidadãos que exigem que essas práticas sejam tipificadas e sancionadas com maior rigor sob a legislação vigente de bem-estar animal.

Perguntas frequentes sobre maus-tratos animais e a santeria em Cuba

Que denúncias o grupo BAC-Habana fez sobre maus-tratos a animais em rituais de santeria?

BAC-Habana denunciou o maltrato de animais durante rituais religiosos praticados em Cuba, acusando indivíduos como Jorge Goliat de cometer atos de crueldade animal sob a proteção de crenças afro-cubanas. A organização recebeu ameaças após essas denúncias e exige a ação imediata das autoridades sanitárias e judiciárias.

Como responde o BAC-Habana às ameaças que recebe por suas denúncias?

Ante as ameaças, BAC-Habana responsabiliza diretamente Jorge Goliat e seu entorno, advertindo que qualquer dano a seus membros será atribuído a ele. A organização transferiu o caso para as autoridades da República Dominicana, onde se presume que Goliat reside atualmente, e solicitou a colaboração da população para fornecer mais provas.

Qual é a postura do BAC-Habana sobre a regulamentação de rituais religiosos que envolvem sacrifícios de animais?

BAC-Habana critica a degradação dos rituais religiosos em atos de crueldade animal e contaminação, exigindo uma regulamentação mais rigorosa e a proibição do sacrifício animal em rituais. Denunciam a falta de ação das autoridades diante do que qualificam como uma crise ética e ecológica em Cuba.

Quais ações internacionais o BAC está tomando para combater o maltrato animal em Cuba?

BAC lançou um projeto internacional para levar casos de crueldade animal a consulados e escritórios de imigração nos EUA, na UE e em outros Estados, buscando que essas denúncias dificultem os processos migratórios dos responsáveis. Estão criando dossiês legais que terão consequências diretas para os implicados.

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