Dirigente do PCC em Las Tunas sobre casos de corrupção: “Tudo será dito a seu devido tempo”

Las Tunas enfrenta críticas por corrupção; o primeiro secretário do PCC promete informar quando a lei permitir. Casos de malversação e tráfico de influências agitam a opinião pública, enquanto persiste o silêncio oficial.

Criticou opiniões nas redes sociais, incluindo as de jornalistas oficialistas, que questionam a gestão política na provínciaFoto © Periódico 26

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O primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC) na província de Las Tunas, Osbel Lorenzo Rodríguez, afirmou que os casos de corrupção só serão informados oficialmente quando a lei permitir e criticou os comentários de cidadãos e jornalistas nas redes sociais.

Asimismo, referiu-se às alegações de tráfico de influências e delitos que circulam na opinião pública de forma extraoficial, ao intervir na revista televisiva mensal que é transmitida pelo telecentro TunasVisión, onde participam as principais autoridades políticas e governamentais do território.

A esse respeito, Lorenzo indicou que as autoridades fornecerão informações "no seu devido tempo", mas enfatizou que a presunção de inocência e o devido processo impedem a divulgação de detalhes até que a lei o autorize.

O dirigente reconheceu que a cidadania tem o direito de expressar suas insatisfações, embora tenha alertado que as críticas devem evitar causar danos à propriedade coletiva ou privada, assim como à dignidade das pessoas, esclareceu o resumo sobre o programa publicado pelo jornal oficial 26.

Com esta clarificação, condicionou o alcance das manifestações públicas de descontentamento.

O primeiro secretário do PCC em Las Tunas atacou as redes sociais e até questionou jornalistas de meios oficiais que emitiram opiniões críticas em relação à gestão do governo e do Partido em Las Tunas.

Classificou esses comentários como ofensivos e criticou a tendência de “procurar culpados no outro” diante dos problemas da província.

O governante cubano Miguel Díaz-Canel Bermúdez visitou em abril os municípios de Jobabo e Colombia, na província de Las Tunas, onde admitiu que permanecem sérios problemas sociais e econômicos que afetam a tranquilidade da população.

Um dos principais temas abordados foi a crescente corrupção nas relações entre entidades estatais e o setor não estatal da economia, que inicialmente foi promovido como um complemento necessário.

Díaz-Canel reconheceu que foram detectadas irregularidades graves na locação de locais e no pagamento de serviços e produtos com fundos públicos, e anunciou que será solicitada responsabilidade penal nos casos mais sérios.

Em março, foi divulgado que a ex-prefeita do município tunero de Puerto Padre, Maricela Alonso Ojeda, foi condenada a sete anos de prisão, como autora do delito de malversação, após ser considerada culpada de se apropriar de bens estatais destinados à venda para a população.

O Tribunal Provincial Popular de Las Tunas indicou que, juntamente com ela, também foi sancionado Mario Quirino Infante Sosa, ex-administrador do Palácio dos Pioneiros, considerado participante nos fatos, que deverá cumprir seis anos de privação de liberdade.

Sobre este caso de malversação, o portal de notícias Cubanos por el Mundo publicou em janeiro passado que Alonso estava detida e enfrentava várias acusações por atos de corrupção.

Segundo essa fonte, ao lado dela também estavam sob investigação a primeira secretária do Partido Comunista no município, Yanisleidys Fernández López, e a secretária da Assembleia Municipal do Poder Popular, Juana Álvarez Fernández, que teriam sido apontadas pelo ex-administrador do Palácio dos Pioneiros.

As acusações levantadas pelo meio incluíam a desvio de recursos estatais para o abastecimento e posterior revenda em mipymes locais, falsificação de documentos para justificar tais operações, roubo e venda ilegal de combustível pertencente ao Estado, e abuso do cargo atribuído pelas autoridades do governo cubano.

Além disso, mencionavam-se pelo menos outras cinco causas em investigação que envolviam vários quadros políticos e administrativos do território.

Embora o veredicto judicial tenha sido aplaudido por certos setores, outros o consideram uma sanção insuficiente que não aborda os problemas estruturais subjacentes do sistema.

Nesse contexto, no dia 25 de março foi noticiada a destituição de Walter Simón Noris como primeiro secretário em Las Tunas, após menos de um ano no cargo, sem especificar as causas.

Antes, as autoridades tuneras prometeram agir com “rigorosidade” contra os responsáveis por adulterar com água o leite destinado a crianças de zero a sete anos, um fato que evidencia a falta de controle do governo local.

As autoridades do PCC e do governo asseguraram que serão tomadas medidas drásticas contra os envolvidos, embora não tenham sido oferecidos detalhes sobre a extensão das sanções nem sobre ações concretas para melhorar a qualidade do produto que chega à população.

O clamor nas plataformas digitais revela a profunda indignação dos cubanos, impulsionada por a desconfiança generalizada em relação às autoridades e a percepção constante de corrupção.

A cidadania ainda aguarda informações oficiais sobre o maior caso de corrupção dos últimos tempos, que resultou na detenção do ex-vice-primeiro-ministro e ministro da Economia e Planejamento, Alejandro Gil Fernández.

Gil foi afastado do seu cargo e o governo apenas disse que foi aberto um processo investigativo no Ministério Público por "graves erros" durante sua gestão.

No momento em que estourou este escândalo de corrupção, ele dirigia processos de alta responsabilidade em Cuba, como a bancarização, o controle das remessas e o ordenamento monetário. O regime mantém este caso em absoluto silêncio.

Perguntas Frequentes sobre a Corrupção e a Gestão Governamental em Las Tunas

O que disse o primeiro-secretário do PCC em Las Tunas sobre os casos de corrupção?

O primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba em Las Tunas, Osbel Lorenzo Rodríguez, afirmou que os casos de corrupção só serão informados oficialmente quando a lei permitir. Ele destacou a importância da presunção de inocência e do devido processo, o que impede a divulgação de detalhes até que seja autorizado pela lei.

Como o governo reagiu às críticas sobre a corrupção em Las Tunas?

O dirigente do PCC em Las Tunas atacou as críticas da população e da imprensa, chamando-as de ofensivas. Ele reprova a tendência de "buscar culpados no outro" e afirmou que as manifestações públicas de descontentamento devem evitar danos à propriedade e à dignidade das pessoas.

Quais medidas o governo cubano tomou em relação aos casos de corrupção em Las Tunas?

O governo cubano, na voz do governante Miguel Díaz-Canel, admitiu a existência de corrupção e anunciou que se pedirá responsabilidade penal nos casos mais graves. No entanto, não foram oferecidos detalhes concretos sobre o alcance das sanções ou ações específicas para melhorar a situação.

Qual tem sido a resposta oficial diante do descontentamento social em Las Tunas?

As autoridades do PCC instaram a população a expressar suas insatisfações de maneira que não prejudique a propriedade coletiva nem a dignidade pessoal. O governo tem tentado minimizar o descontentamento social ao focar a narrativa em fatores menores, desviando a atenção da crise generalizada.

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