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A propaganda oficial em Cuba voltou a exibir como um “feito social” uma tragédia: a gravidez na adolescência. Desta vez, uma menor de apenas 13 anos recebeu uma moradia em Baracoa, em um ato presidido por autoridades locais.
Segundo publicado em Facebook pelo porta-voz do regime Carlos Pérez, o Conselho de Administração Municipal entregou uma casa à jovem mãe como parte de um “esforço conjunto” entre os setores de educação, saúde e a comunidade.
O oficialista apresentou o fato como um ato de “solidariedade e compromisso social”.
A Direção Municipal de Saúde em Baracoa também compartilhou a notícia em redes sociais, destacando a participação do presidente do Conselho Popular e do intendente municipal na cerimônia.
As publicações insistiram em apresentar a entrega como uma demonstração de apoio a “famílias vulneráveis, especialmente às mães adolescentes”.
No entanto, o caso evidencia a crueza de uma realidade silenciada: a gravidez infantil em Cuba.
E mais do que isso, embora o regime se orgulhe dessa entrega de casas, diariamente mães com vários filhos imploram por algum tipo de atenção governamental, sem encontrar solução.
Por isso, longe de ser uma conquista, o fato de uma menina de 13 anos se tornar mãe reflete a falta de políticas efetivas para prevenir abusos, violências e gravidez não planejada, que comprometem a vida de milhares de adolescentes na ilha.
A gravidez precoce é um problema persistente no país, onde as estatísticas oficiais a reconhecem como uma das principais causas de evasão escolar e um fator que agrava a pobreza.
Ainda assim, o regime prefere apresentá-lo como um sucesso de propaganda em vez de abordar as causas estruturais que o geram.
Embora o regime insista em apresentar esse gesto como um exemplo de "solidariedade revolucionária", nos comentários à publicação, vários internautas desmentiram a propaganda oficial.
Gustavo Fonseca questionou “o preço” que a adolescente terá que pagar no futuro por esta suposta ajuda, enquanto China GC lembrou que muitas mães trabalhadoras e contribuintes para a sociedade nunca tiveram acesso a uma habitação.
Na mesma linha, Modesto Tamayo destacou que a entrega “não significa nada” em um país com milhares de mulheres sem teto, e que esse tipo de publicações busca maquiar a realidade.
Naranis Morales criticou que há anos atrás foi prometida casas para mães com três ou mais filhos e nunca se cumpriu, e lamentou que uma menor em idade escolar tenha terminado nessa situação.
Por sua parte, Jennifer Carle relatou que teve sua filha aos 14 anos, perdeu sua casa após uma inundação e está há dois anos em uma instituição estatal sem solução, embora tenha dito que ficou feliz pela menina de 13 anos que recebeu uma casa.
Finalmente, María del Carmen Delafuente alertou que o sistema de saúde deveria se concentrar em prevenir as gravidezes precoces, e avisou que, se não agir, casos como este poderiam se multiplicar entre adolescentes que veem isso como um caminho para obter benefícios.
Aos graves problemas sociais que enfrenta Cuba —como a migração em massa, o envelhecimento populacional e o deterioramento dos serviços públicos— soma-se um dado alarmante: a nação mantém uma taxa elevada de gravidezes na adolescência.
A apresentação do Relatório sobre o Estado da População Mundial, elaborado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), revelou que, embora Cuba registre uma fecundidade geral abaixo do índice de reposição populacional desde 1978, a taxa de fecundidade entre adolescentes continua alta e comparável à do restante da América Latina.
De acordo com Juan Carlos Alfonso Fraga, vice-chefe do Escritório Nacional de Estatística e Informação (ONEI), as razões por trás da baixa natalidade geral incluem fatores econômicos, laborais, de saúde, educacionais e de realização pessoal.
No obstante, essas causas não impediram que persistam as gravidezes em idades precoces, impulsionadas pela falta de educação sexual integral, lacunas na planejamento familiar e certa permissividade social em relação às uniões precoces.
Os dados recolhidos em uma pesquisa de fecundidade de 2022 com mais de mil famílias cubanas apontam para um ideal reprodutivo reduzido: 36 % das mulheres entre 15 e 45 anos tinham apenas um filho, e 29 % tinham tido menos filhos do que desejariam.
Perguntas Frequentes sobre a Situação da Gravidez Adolesente em Cuba
Por que o regime cubano apresenta a gravidez na adolescência como um "êxito social"?
O regime cubano apresenta a gravidez na adolescência como uma conquista social ao entregar moradias a jovens mães, tentando mostrá-la como um ato de solidariedade e compromisso social. No entanto, essa prática é vista como uma estratégia propagandística que ignora os problemas estruturais que favorecem a ocorrência de gravidezes em adolescentes, como a falta de educação sexual integral e políticas de proteção eficazes.
Quais são as consequências da gravidez na adolescência em Cuba?
O gravidez adolescente em Cuba traz consequências graves, como o abandono escolar, a pobreza e uma maior vulnerabilidade social para as jovens envolvidas. Além disso, contribui para perpetuar um ciclo de pobreza e exclusão social que afeta milhares de adolescentes na ilha, enquanto o regime não toma medidas efetivas para preveni-lo.
Como o gravidez na adolescência afeta a população cubana em geral?
A gravidez na adolescência afeta a estrutura demográfica de Cuba, onde há um declínio natural acelerado e um envelhecimento populacional. A alta taxa de fecundidade entre adolescentes contrasta com a baixa natalidade geral, o que agrava as tensões sobre os serviços de saúde e sociais em um país com uma população que envelhece rapidamente.
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