Cifras oficiais alertam que 64% das gravidezes adolescentais em Cuba são com homens adultos

Em Cuba, 64,5% das gravidezes em mães com menos de 20 anos são com homens adultos, uma realidade que expõe riscos de abuso e exige políticas para proteger meninas e adolescentes.

Gravidez na adolescência (Imagem de referência)Foto © Periódico Ahora

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Um análise do Observatório de Gênero de Alas Tensas (OGAT), com base em dados oficiais do Anuário Demográfico de Cuba 2024 da Oficina Nacional de Estatísticas e Informação (ONEI), revela que a maioria das gravidezes em meninas e adolescentes cubanas envolve homens adultos, uma realidade que organizações nacionais e internacionais consideram uma grave violação de direitos humanos.

Em 2024, nasceram em Cuba 71.358 bebês, dos quais 11.962 (16,76 %) foram filhos de mães adolescentes com menos de 20 anos, destacou OGAT.

Mas, além do número total, as estatísticas oficiais mostram que, em 64,5% dos casos de mães menores de 20 anos, o pai era maior de idade, em contraste com apenas 12,56% com pais adolescentes e 22,93% em que não foi reportada a idade do pai, números alarmantes que evidenciam uma série de problemas em Cuba.

A divisão por idades é igualmente reveladora: entre as mães com menos de 15 anos, 40,55% dos pais tinham mais de 20 anos, enquanto apenas 28,77% eram jovens da mesma idade e 30,41% não reportaram dados.

No grupo de 15 a 19 anos, apenas 12,05% dos pais eram menores de 20, enquanto 65,25% eram adultos e em 22,7% dos casos não foi registrada a idade.

Segundo o OGAT, esses dados confirmam que a maternidade adolescente em Cuba ocorre, na sua maioria, em relações com marcadas diferenças de idade, o que representa um risco para os direitos sexuais e reprodutivos das menores e expõe relações assimétricas que podem resultar em violência e abuso.

A ausência de informações sobre a idade paterna em uma alta porcentagem de casos é outro obstáculo para a proteção efetiva, pois dificulta a identificação de responsabilidades e o desenvolvimento de políticas de prevenção.

O contexto legal também gera preocupação: embora em 2022 tenha sido abolido o casamento infantil, a subsequente redução da idade de consentimento sexual para 12 anos tem sido apontada por especialistas da plataforma Yo Sí Te Creo em Cuba (YSTCC) como um fator que aumenta a vulnerabilidade de meninas e adolescentes.

OGAT alertou ainda que organismos como UNFPA, OMS, UNICEF e ONU Mulheres advertiram que os gravidezes em menores de 18 anos violam direitos, colocam em risco a saúde e perpetuam ciclos de pobreza e violência.

A OMS aponta que essas gravidezes envolvem maiores riscos médicos, sociais e educativos, especialmente em contextos de desigualdade e falta de proteção.

Na América Latina e no Caribe, uma em cada quatro mulheres casou-se ou viveu em união antes de completar 18 anos, a maioria com homens consideravelmente mais velhos, reproduzindo relações de poder desiguais.

A ONU e outras organizações concordam que a alta prevalência de pais adultos em nascimentos de mães menores de 20 anos em Cuba constitui um risco sério e até mesmo abuso sexual em muitos contextos de direitos internacionais.

Nesse contexto, a OGAT reivindica políticas integrais que incluam educação sexual, prevenção de uniões precoces, empoderamento das meninas e proteção efetiva contra qualquer forma de violência.

Recientemente, um relatório oficial revelou que Cuba mantém cifras alarmantes de gravidez na adolescência, o que preocupa especialistas e organizações devido aos riscos de saúde e às implicações sociais que isso acarreta.

A esta problemática se soma que, semanas atrás, a escassez de preservativos levou muitos jovens a gravidezes não planejadas, um cenário que agrava a vulnerabilidade das menores e limita a capacidade de prevenir contágios de doenças sexualmente transmissíveis.

Em meio a essas dificuldades, o regime assegurou que prioriza a entrega de kits para gestantes, embora a realidade mostre que os recursos continuam sendo insuficientes para atender à crescente demanda e garantir uma proteção efetiva a mães e recém-nascidos.

Perguntas frequentes sobre a gravidez na adolescência em Cuba

Qual é a proporção de gravidezes adolescentes em Cuba com homens adultos?

Segundo o Observatório de Gênero de Alas Tensas, 64,5% das gravidezes em adolescentes menores de 20 anos em Cuba envolvem homens adultos. Esse número reflete uma grave problemática social e de direitos humanos no país.

Que riscos enfrentam as adolescentes grávidas em Cuba?

As adolescentes grávidas em Cuba enfrentam riscos médicos, sociais e educacionais significativos. Essas gestações podem colocar em risco sua saúde, perpetuar ciclos de pobreza e violência e violar seus direitos sexuais e reprodutivos.

Como afeta a redução da idade de consentimento sexual em Cuba?

A redução da idade de consentimento sexual para 12 anos em Cuba, após a eliminação do casamento infantil em 2022, tem sido apontada como um fator que aumenta a vulnerabilidade de meninas e adolescentes, expondo-as a relações assimétricas e potencialmente abusivas.

Que medidas estão sendo propostas para abordar a gravidez na adolescência em Cuba?

El Observatório de Gênero de Alas Tensas defende políticas integrais que incluam educação sexual, prevenção de uniões precoces e empoderamento das meninas. Essas medidas são essenciais para proteger os direitos das adolescentes e prevenir a violência e o abuso.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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