HasanAbi, um dos streamers políticos mais seguidos do mundo, cancela sua viagem a Cuba: “Não queria ir para a prisão”

Apesar de sua admiração pela ilha, temia que o regime cubano e sua postura crítica fossem mal vistos pelas autoridades americanas.

Hasan Piker, conhecido na internet como HasanAbi, reage a estar na lista dos "Criadores mais influentes de 2025" da Rolling Stone.Foto © Captura de Vídeo/Instagram/rollingstone e hasandpiker

O popular streamer americano Hasan Piker, conhecido na internet como HasanAbi, confirmou que cancelou sua viagem a Cuba por temor de enfrentar represálias legais nos Estados Unidos. “Não queria ir para a prisão”, declarou o criador de conteúdo, segundo reportou o meio especializado SportSkeeda.

A notícia surpreendeu, depois que o próprio HasanAbi havia expressado seu entusiasmo em visitar Cuba em várias transmissões recentes.

En um programa difundido no canal do YouTube Fear& Clips, HasanAbi contou que o governo cubano, através de um intermediário, lhe ofereceu resolver o problema do acesso à internet para facilitar sua visita, um gesto que contrasta com a realidade diária de milhões de cubanos que sofrem apagões e conexões precárias.

O streamer recordou que já havia estado na ilha anos atrás com um visto de estudante, quando filmou um documentário, jogou beisebol de rua e conviveu em uma fazenda urbana.

“Cuba é incrível. Da primeira vez eu me diverti muito. Até pensei em voltar para o dia 1º de Maio”, disse na transmissão, onde também defendeu o sistema de missões médicas da ilha frente ao embargo dos Estados Unidos, mas não se deteve nas condições de repressão, pobreza e falta de liberdades que os cubanos enfrentam.

No obstante, a decisão final foi outra. HasanAbi confessou que, após ter sido interrogado na fronteira ao retornar da França, se convenceu de que uma viagem a Cuba poderia ser usada contra ele, evidenciando o custo político de viajar e admirar um país governado por um regime apontado por prender opositores, censurar e criminalizar a protesto social.

“Me explicaram que estão muito bem informados sobre quem sou e o que faço”, contou mais tarde em uma entrevista com , onde sugeriu que poderia estar sob vigilância de agências federais.

Seus elogios a Cuba

Em outro espaço, o canal Socialist Hub, HasanAbi classificou como “cruel e desumana” a inclusão de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo por parte de Washington.

Os Estados Unidos cometeram mais terrorismo contra Cuba do que Cuba cometeu contra qualquer outro, afirmou, defendendo a necessidade de levantar sanções e facilitar a chegada de ajuda humanitária à ilha.

Também comentou que a decisão da administração Biden de retirar Cuba dessa lista foi positiva, embora tenha alertado para a possibilidade de que Donald Trump poderia reverter isso facilmente, como finalmente fez.

HasanAbi, de 34 anos, é um dos streamers políticos mais seguidos do mundo, com mais de 2,9 milhões de seguidores no Twitch. Recentemente, foi incluído pela Rolling Stone na lista dos 25 criadores mais influentes de 2025.

Segundo o perfil publicado pela GQ, dedica longas jornadas comentando notícias ao vivo, entre críticas a Trump, a Israel e também aos democratas, o que lhe granjeou inimigos em diferentes frentes.

Hijo de uma acadêmica turca e sobrinho do fundador do canal progressista The Young Turks, HasanAbi construiu uma comunidade digital influente entre os jovens de esquerda nos Estados Unidos. Seu estilo direto, sem filtros e provocador o tornou uma figura amada e odiada em igual medida.

Cuba e Miami, uma ferida sensível

En suas transmissões, o streamer também fez uma piada sobre o contraste entre Cuba e a comunidade do exílio em Miami, ciente de que poderia suscitar críticas. “O que me preocupa não são os cubanos em Cuba, mas os cubanos em Miami”, disse ironicamente no Fear& Clips.

Esse comentário reflete a tensão que ainda desperta qualquer menção à ilha entre as diferentes comunidades cubanas, tanto dentro do país quanto no exílio.

A história de HasanAbi evidencia as contradições que cercam Cuba no imaginário internacional. Por um lado, o apelo cultural e político que desperta entre setores progressistas; por outro, o medo real das consequências legais e o silêncio diante das violações de direitos humanos.

El streamer que sonhava em celebrar o 1º de Maio em Havana acabou reconhecendo que era arriscado demais. Uma confissão que revela a paradoxal situação em que Cuba continua sendo para alguns um símbolo romântico de resistência, mas para outros, incluindo os próprios cubanos, é sinônimo de vigilância, repressão e punição por pensar diferente.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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