Cubanos saem em caravana de Tapachula em direção ao norte do México em busca de realocação ou asilo

Centenas de migrantes, incluindo cubanos, iniciaram uma caravana em direção ao norte do México para regularizar seu status ou solicitar vistos em embaixadas de países como Canadá ou Alemanha.

Caravana de emigrantesFoto © Captura YouTube / El País

Uma nova caravana composta por centenas de migrantes, entre eles numerosos cubanos, partiu nesta quarta-feira de Tapachula, no estado mexicano de Chiapas, em direção ao norte do país em busca de realojamento ou alternativas legais para migrar.

Segundo reportou CNN, o grupo, com cerca de 300 pessoas, é formado por migrantes de pelo menos 12 nacionalidades, incluindo Cuba, Venezuela, Nicarágua e Honduras.

Muitas dessas pessoas ficaram meses presas na fronteira sul do México, tentando regularizar seu status sem sucesso.

A chegada de Donald Trump novamente à Casa Branca e o endurecimento das políticas migratórias dos Estados Unidos têm forçado muitos a modificar seus planos.

Agora, os migrantes apontam para cidades como Monterrey ou a capital mexicana, onde esperam se apresentar diante de representações diplomáticas de países como Canadá, Alemanha, Austrália ou Suíça que oferecem vistos de trabalho.

“No temos destino Estados Unidos, nosso objetivo é chegar a Monterrey porque a maioria tem destinos para o Canadá, Alemanha, Austrália e Suíça, que estão oferecendo visto para sair a trabalhar”, afirmou Mayda Bárbara Jordan Contreras, uma migrante cubana, reportou El País.

Outra cubana, Maydali Barajo, que viaja com seu neto, declarou à EFE que buscam “chegar a Monterrey porque a embaixada do Canadá e da Alemanha nos está dando visto para trabalhar e para ir a povoar suas cidades”.

O grupo, escoltado em alguns trechos por agentes do Instituto Nacional de Migração, ignorou os avisos das autoridades mexicanas, que pediram que desistissem diante dos riscos da travessia.

Apesar disso, a caravana avança por estradas vigiadas por elementos do estado e pessoal da Proteção Civil, constatou a AFP em um relatório publicado por El Economista.

Os migrantes também denunciam longas demoradas e obstáculos burocráticos nos trâmites de asilo junto à Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (COMAR).

“Há quatro meses fui à COMAR e não recebi e-mail, não recebi nada. Tudo é com advogado e é preciso pagar”, disse outro migrante citado pela CNN.

De acordo com El País, muitos dos migrantes tiveram que recorrer a caros serviços jurídicos, sem garantia de sucesso.

“Nos negaram tudo, absolutamente tudo. É triste porque a gente sai da sua terra para buscar outros sonhos”, acrescentou a cubana Jordan.

A caravana, a segunda que sai de Tapachula este ano, esteve prestes a ser suspensa após a prisão do ativista Luis García Villagrán, acusado de tráfico de pessoas, como informou AFP.

A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que seu governo mantém uma política migratória "humanista", embora tenha reconhecido que os pedidos de asilo estão saturados devido ao aumento da demanda após a mudança de política nos EUA.

Esta nova caravana de emigrantes acontece poucos meses após o Serviço de Alfândega e Proteção Fronteiriça dos Estados Unidos (CBP, na sigla em inglês) ter anunciado que o mês de março marcou um marco histórico em termos de segurança fronteiriça, com o menor número de travessias ilegais já registrado na fronteira sudoeste do país.

Segundo o comunicado oficial, em março foram contabilizadas cerca de 7.180 travessias nessa área, uma queda drástica em relação à média mensal de 155.000 registrada nos últimos quatro anos.

Perguntas frequentes sobre a caravana de migrantes cubanos no México

Por que os migrantes cubanos estão optando por ficar no México em vez de ir para os Estados Unidos?

O endurecimento das políticas migratórias nos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump levou muitos cubanos a considerar o México como um destino final. O cancelamento do programa CBP One e a impossibilidade de cruzar legalmente a fronteira norte fizeram com que o México oferecesse uma alternativa viável, com a possibilidade de se estabelecer e trabalhar, apesar dos desafios econômicos e sociais que enfrentam lá.

Quais são as dificuldades que os cubanos enfrentam ao solicitar asilo no México?

Os migrantes cubanos enfrentam obstáculos burocráticos e econômicos significativos ao solicitar asilo no México. Denunciam longas demoras na Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (COMAR), altos custos por serviços legais e uma falta de transparência no processo. Essas barreiras tornam o asilo praticamente inacessível para aqueles que não têm recursos econômicos suficientes.

Quais alternativas estão buscando os migrantes cubanos para se estabelecer fora dos Estados Unidos?

Muitos migrantes cubanos estão em busca de vistos de trabalho em países como Canadá, Alemanha, Austrália e Suíça. As representações diplomáticas em cidades como Monterrey e Cidade do México têm sido apontadas como pontos-chave para a apresentação dessas solicitações. Os migrantes buscam essas opções devido à saturação do sistema de asilo no México e à impossibilidade de chegar aos Estados Unidos.

Como estão sobrevivendo os cubanos no México enquanto aguardam resolver seu status migratório?

Os cubanos no México costumam recorrer a trabalhos informais e de baixa remuneração para sobreviver enquanto aguardam seu status migratório. Muitos trabalham na limpeza, na construção ou em programas de fumigação, muitas vezes com salários inferiores ao mínimo e sem benefícios sociais. Apesar dessas condições, muitos preferem isso a retornar a Cuba, onde a situação é percebida como ainda mais crítica.

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