Régimen venezuelano diz que os EUA pediram para incluir o assassino de duas cubanas na troca de prisioneiros

A denúncia foi feita pelo ministro do Interior e Justiça, Diosdado Cabello: “Sabemos o que havia ali, eu disse até no aeroporto que estavam pedindo um assassino. Levam um assassino condenado”, declarou.

Venezuelano que assassinou duas cubanas em MadridFoto © Embaixada dos EUA na Venezuela

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O governo venezuelano afirmou nesta quinta-feira que os Estados Unidos insistiram em incluir o ex-fuzileiro naval Dahud Hanid Ortiz, condenado por um triplo assassinato em Madrid em 2016, no recente acordo de troca de prisioneiros entre os dois países.

A denúncia foi feita pelo ministro do Interior e Justiça, Diosdado Cabello, durante seu programa de televisão "Con el mazo dando".

“Sabemos o que havia ali, eu disse até no aeroporto que estavam procurando um assassino. Levaram um assassino condenado”, declarou Cabello sobre Ortiz, um ex-fuzileiro naval com cidadania americana e origem venezuelana.

Assegurou que Washington conhecia perfeitamente os crimes cometidos por Ortiz - que assassinou duas mulheres cubanas e um equatoriano que trabalhavam em um escritório de Madrid - e ainda assim o defendeu como parte da negociação.

Na última sexta-feira, o governo de Donald Trump anunciou com tom triunfal a liberação dos últimos 10 cidadãos americanos detidos na Venezuela, como parte de uma troca por 252 migrantes venezuelanos, enviados ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) em El Salvador.

O secretário de Estado Marco Rubio agradeceu pela "liderança" do presidente Trump na operação, sem mencionar detalhes sobre cada um dos liberados.

No entanto, a inclusão de Hanid Ortiz gerou polêmica, tanto pelo seu perfil delitivo quanto pelo aparente silêncio oficial de Washington a respeito.

Dahud Hanid Ortiz, nascido em Caracas em 1970 e naturalizado americano, foi condenado na Venezuela a 30 anos de prisão por um triplo homicídio ocorrido em um escritório de advogados em Madri, em dezembro de 2016.

O ex-fuzileiro naval, ao saber que sua esposa tinha um relacionamento com um advogado peruano, viajou a Madri com a intenção de assassiná-lo.

En seu ataque, matou três pessoas inocentes: as cubanas Elisa Consuegra e Maritza Osorio, e o equatoriano Pepe Castillo Vega, trabalhadores do escritório.

Após cometer os crimes, incendiou o local e fugiu para a Venezuela, onde foi preso em 2018 em Puerto Ordaz.

Os pedidos de extradição da Espanha foram negados por Caracas, argumentando que Ortiz é cidadão venezuelano.

Desde então, permaneceu na prisão sob a acusação de homicídio qualificado com dolo, com dois recursos rejeitados pela justiça.

Cabello insistiu que o governo dos EUA defendeu ativamente a inclusão de Ortiz no acordo, apesar de seu histórico criminal.

“Jorge Rodríguez dizia a eles: é um assassino. E eles insistiram”, afirmou, referindo-se ao chefe negociador venezuelano.

Até agora, o Departamento de Estado não emitiu comentários específicos sobre o caso de Ortiz. Washington respondeu apenas que “muitos” dos americanos liberados denunciaram ter sido torturados, justificativa que alguns analistas associam à controversa liberação do condenado.

Enquanto os EUA afirmam que já não há cidadãos ou residentes americanos detidos iinjustamente na Venezuela, a ONG Foro Penal mantém em sua lista o cubano Aidel Suárez Medina, de 37 anos, residente na Flórida.

Suárez foi preso em dezembro de 2024 em Güiria, estado Sucre, após entrar no país pelo mar. Ele havia retornado para formalizar sua relação com uma venezuelana, mas foi detido sem qualquer explicação, ficou incomunicável por meses e agora permanece recluído na penitenciária de El Rodeo.

Perguntas frequentes sobre a troca de prisioneiros entre Venezuela e EUA.

Quem é Dahud Hanid Ortiz e por que sua libertação é polêmica?

Dahud Hanid Ortiz é um ex-fuzileiro naval americano de origem venezuelana, condenado pelo assassinato de duas cubanas e um equatoriano em Madrid em 2016. Sua inclusão no intercâmbio de prisioneiros entre a Venezuela e os Estados Unidos gerou controvérsia devido ao seu perfil criminal e ao fato de que foi libertado apesar de sua condenação a 30 anos de prisão. O caso foi criticado por ser considerado uma evasão da justiça.

Qual foi o acordo de troca de prisioneiros entre a Venezuela e os EUA?

O acordo de troca de prisioneiros entre Venezuela e Estados Unidos consistiu na liberação de 10 cidadãos americanos detidos na Venezuela em troca de 252 migrantes venezuelanos, enviados a El Salvador. Dahud Hanid Ortiz foi um dos liberados, o que gerou críticas devido ao seu histórico criminal.

O que o governo dos EUA disse sobre a libertação de Dahud Hanid Ortiz?

O governo dos EUA não emitiu comentários específicos sobre a liberação de Dahud Hanid Ortiz. No entanto, justificou a negociação argumentando que muitos americanos libertados relataram ter sido torturados na Venezuela. O Departamento de Estado manteve um silêncio oficial sobre o caso de Ortiz, o que foi criticado por alguns analistas.

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