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Michael Bernard Bell, um homem condenado pelo assassinato a tiros de duas pessoas em 1993 na cidade de Jacksonville, foi executado na noite desta terça-feira por meio de injeção letal na Prisão Estatal da Flórida, localizada em Raiford.
Con esta execução, o estado se torna aquele que mais penas de morte aplicou até agora em 2025.
Bell, de 54 anos, foi declarado morto às 18h25 após receber a injeção letal, conforme confirmou o porta-voz do governador Ron DeSantis, Bryan Griffin.
A execução foi realizada de forma meticulosa e na presença de funcionários do Departamento Correccional da Flórida (FDC), que qualificaram o procedimento como "estritamente conforme aos protocolos estabelecidos".
O caso de Bell gerou atenção não apenas pela brutalidade do crime cometido há mais de três décadas, mas também pelo pano de fundo pessoal que o motivou: uma tentativa de vingança pela morte de seu irmão, conforme divulgou a agência EFE.
Um duplo assassinato por vingança
Em dezembro de 1993, Bell acreditou ter visto estacionado em frente a um bar o carro do homem que havia assassinado seu irmão Lamar no início daquele ano.
Lo que eu não sabia era que esse veículo já havia sido vendido a outra pessoa: Jimmy West, de 23 anos. Bell, convencido de que estava diante de uma oportunidade para vingar seu irmão, chamou dois amigos, pegou um rifle AK-47 e se dirigiu ao local.
Segundo os registros judiciais, o carro estava estacionado em frente a um estabelecimento de bebidas em Jacksonville.
Bell e seus acompanhantes aguardaram até que West, Tamecka Smith, de 18 anos, e outra mulher saíssem do estabelecimento. Foi então que ele abriu fogo, matando West instantaneamente e deixando Smith gravemente ferida, que faleceu pouco depois no hospital.
A terceira mulher conseguiu sair ilesa. Testemunhas oculares declararam que Bell também atirou contra uma multidão antes de fugir.
A Polícia o prendeu no ano seguinte, e em 1995 foi condenado à morte. A evidência foi contundente: testemunhos, provas balísticas e a descoberta da arma incriminatória.
Mais crimes por trás do condenado
A história criminal de Bell não terminou com aquele ataque.
Posteriormente, foi condenado por outros três assassinatos: o de uma mulher e seu filho pequeno em 1989; e o da companheira de sua mãe, a quem matou apenas quatro meses antes dos acontecimentos de Jacksonville.
Bell também fez parte do grupo de reclusos que, na sua infância, passaram pela Florida School for Boys, também conhecida como o reformatório de Dozier, um centro juvenil tristemente célebre por seu histórico de abusos físicos, psicológicos e até mortes encobertas.
Em 2016, uma equipe de antropólogos descobriu 55 sepulturas clandestinas no local.
A instituição foi fechada em 2011 e serviu de inspiração para o romance The Nickel Boys, de Colson Whitehead, premiado com o prêmio Pulitzer.
Últimos momentos de Bell
Nesta terça-feira, Bell acordou às 6h30 da manhã, segundo o relatório oficial. Tomou sua última refeição, que incluiu omelete, bacon, batatas fritas e suco de laranja. Mais tarde, encontrou-se com um conselheiro espiritual, mas não recebeu mais visitas.
Na câmara de execução, Bell manteve-se sereno e olhava ao seu redor enquanto os medicamentos lhe eram administrados.
Quando o carcereiro lhe perguntou se tinha alguma última palavra, respondeu: "Obrigado por não me deixar passar o resto da minha vida na prisão".
Após alguns minutos, fechou os olhos. Sua respiração tornou-se irregular e, em seguida, parou. O médico da penitenciária certificou sua morte às 18h25, conforme revela a imprensa local.
Recurso rejeitado
Os advogados de Bell apresentaram nos dias anteriores um recurso perante a Suprema Corte da Flórida e posteriormente perante a Suprema Corte dos Estados Unidos, alegando a existência de novas provas relacionadas com o testemunho de testemunhas-chave.
No entanto, ambos os tribunais rejeitaram por unanimidade o pedido de suspensão, e o tribunal estadual apontou a "evidência avassaladora de culpabilidade" em uma opinião de 54 páginas.
Um ano com cifras recordes na Flórida
Com a execução de Bell, Florida iguala seu recorde histórico anual de penas de morte desde a reinstauração da pena de morte em 1976, com oito execuções, número alcançado anteriormente em 1984 e 2014.
Se o calendário previsto se manter, no dia 31 de julho esse recorde será quebrado com a execução programada de outro condenado.
A Flórida lidera em 2025 a lista de execuções nos Estados Unidos, à frente do Texas e da Carolina do Sul, que realizaram quatro cada um.
A nível nacional, 26 pessoas foram executadas até agora este ano, o número mais alto desde 2015, quando foram registradas 28 execuções.
Esse aumento gerou preocupação entre organizações de direitos humanos e líderes religiosos, que recentemente enviaram uma carta ao governador Ron DeSantis pedindo o fim das execuções.
Desde 2023, o mandatário assinou ordens que resultaram em quinze execuções.
A Flórida também modificou sua legislação para facilitar a aplicação da pena de morte.
Em 2023, o estado se tornou um dos dois únicos do país, junto com o Alabama, nos quais não é exigida a unanimidade do júri para impor a pena de morte: basta uma maioria de 8 dos 12 membros.
Perguntas frequentes sobre a execução de Michael Bernard Bell na Flórida
Quem foi Michael Bernard Bell e por que foi executado?
Michael Bernard Bell foi executado pelo assassinato a tiros de duas pessoas em 1993 em Jacksonville, Florida. Seu crime foi motivado por uma tentativa de vingança pela morte de seu irmão. Bell também foi condenado por outros três assassinatos e fez parte de um grupo de detentos que sofreu abusos em sua infância na Florida School for Boys.
Qual foi o motivo do crime cometido por Michael Bernard Bell?
O motivo do crime foi uma tentativa de vingança pela morte de seu irmão Lamar. Bell acreditava erroneamente que estava atirando contra o assassino de seu irmão, mas acabou matando pessoas inocentes. O erro na identificação da vítima reflete um trágico caso de vingança mal direcionada.
Quais controvérsias cercaram o julgamento e a execução de Bell?
O julgamento e a execução de Bell foram marcados por controvérsias devido a novas provas e testemunhos que questionavam a legitimidade de sua condenação. Testemunhas-chave confessaram ter mentido sob coação policial, o que gerou dúvidas sobre a validade do processo judicial. Além disso, foram apresentadas apelações perante a Corte Suprema da Flórida e dos Estados Unidos, ambas rejeitadas.
Como a Flórida se posicionou em relação à pena de morte em 2025?
Em 2025, a Flórida liderou o número de execuções nos Estados Unidos, com oito penas de morte aplicadas até o momento. O estado facilitou a aplicação da pena de morte ao não exigir unanimidade do júri para sua imposição, sendo suficiente uma maioria de 8 de 12 membros. Esse enfoque foi promovido pelo governador Ron DeSantis, gerando críticas de organizações de direitos humanos.
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