Em meio a uma crise energética nacional que não dá trégua, a Empresa Elétrica de Matanzas anunciou a implementação de várias medidas para mitigar os apagões, mas as próprias declarações confirmam que as interrupções continuarão.
Em maio, as autoridades da região - a segunda província que mais consome eletricidade em Cuba - anunciaram a aprovação de um aumento do máximo apagável de 9,3% para 10% do total nacional, uma decisão que confirma a intensificação da crise energética no país.
De acordo com o diretor provincial da Empresa Elétrica de Matanzas, Alejandro Rodríguez Azpeitía, conseguiu-se reduzir a demanda máxima de 172 para 140 megawatts (MW) graças à incorporação de parques solares e novas proteções técnicas. No entanto, ele destacou que esses números variam mensalmente e dependem de um sistema sobrecarregado e instável.
“Entre os acordos recentes com a direção nacional está que, para cada parque fotovoltaico sincronizado ao Sistema Electroenergético Nacional (SEN), seriam reduzidos 4 MW do máximo apagável; isso seria das 7:00 às 19:00, que é quando o parque funciona”, admitiu Rodríguez em declarações ao periódico oficial Girón.
Incluso esclareceu que os megawatts “protegidos” ou os chamados circuitos “não apagáveis” não significam que outros usuários estejam recebendo menos, embora essa continue sendo a percepção majoritária entre a população.
A empresa aposta em parques fotovoltaicos como o de Colón, ainda em construção, e outros em Guanábana, de 21,8 MW, “e outros três de menor rendimento (5 MW) por meio de uma doação, que serão localizados em Agramonte, Jovellanos e Cárdenas”, pelo que foram tomadas medidas para isolar seus circuitos do restante da população.
Também foi implementada a chamada proteção por derivada de frequência para evitar apagões em massa, mas esta está ativa apenas em oito circuitos, o que mal garante 10 MW "ligados" em momentos de crise. A maior parte do território continua vulnerável a quedas do sistema.
Rodríguez reconheceu que estão sendo realizados apagões programados em hospitais e circuitos essenciais em determinados horários, para poder rodar as afecções. No caso do hospital pediátrico, o suporte elétrico está danificado e sem solução imediata, embora, tenha dito, “estão sendo buscadas alternativas”.
As reclamações da população chegaram a ultrapassar 200 na sede provincial e se acumularam pela impossibilidade de realizar reparos sem eletricidade para testar as correções. Somente após uma autorização nacional para “ligar” durante os reparos, e com a ajuda de brigadas de Havana e Cienfuegos, começaram a aliviar o atraso. Mesmo assim, transformadores danificados ainda estão pendentes devido à falta de peças, já que a fábrica nacional está paralisada.
Além disso, o próprio executivo denunciou que negócios privados estão sendo instalados em circuitos não apagáveis para evitar interrupções, o que sobrecarrega a rede. Pior ainda, funcionários da própria empresa foram surpreendidos “conectando no limite dos apagáveis pessoas que pertencem a circuitos não apagáveis”, o que causou danos como transformadores queimados em municípios como Jovellanos e Versalles.
O consumo médio em Matanzas varia entre 240 e 270 MW. Em um dia como este sábado, quando a União Elétrica (UNE) previu uma afetacão máxima de até 1.977 MW durante o horário de pico noturno, a província poderia enfrentar cortes legais de até 197 MW (10%), o que equivale entre 73% e 82% do consumo total da província.
Isso implica que, potencialmente, 3 em cada 4 habitantes desta província, com uma população superior a 670.000 habitantes, poderiam ficar sem eletricidade simultaneamente, mesmo respeitando o limite "oficialmente aprovado".
No início de junho, a Empresa Elétrica de Matanzas anunciou uma nova rotação de fornecimento elétrico na província, estabelecendo um esquema de três horas com serviço a cada seis horas sem eletricidade.
Mas uma residente do povoado de Limonar, em Matanzas, denunciou recentemente nas redes sociais apagos de até 22 horas consecutivas, uma situação que, segundo ela, não ocorre no restante do país.
No obstante, no território yumurino, foram relatadas interrupções de até 32 horas consecutivas, o que gerou desconforto e protestos entre os cidadãos.
Perguntas frequentes sobre a crise energética em Matanzas, Cuba
Por que Matanzas está sofrendo apagões prolongados?
Matanzas está experimentando apagões prolongados devido a uma crise energética nacional agravada por um déficit significativo na geração de eletricidade. A província foi autorizada a aumentar seu "máximo apagável" de 9,3% para 10% do total nacional, o que implica cortes mais frequentes e prolongados.
Quais medidas a Empresa Elétrica de Matanzas tomou para mitigar os apagões?
A Empresa Elétrica de Matanzas implementou parques solares e proteções técnicas para reduzir a demanda de energia, embora estas soluções não tenham resolvido a crise de maneira eficaz. Medidas como a proteção por derivada de frequência e a rotação de apagões foram adotadas, mas a maior parte do território continua vulnerável aos cortes.
Como a crise elétrica está afetando os serviços essenciais em Matanzas?
A crise elétrica está afetando gravemente hospitais e circuitos essenciais, com cortes de energia programados até mesmo nesses locais. O hospital pediátrico enfrenta problemas significativos devido a um sistema de energia de backup danificado, sem solução imediata, o que coloca em risco a atenção médica.
Quais são as opiniões dos cidadãos sobre a gestão da crise energética?
Os cidadãos de Matanzas expressaram sua frustração e descontentamento com a gestão da crise energética. As reclamações ultrapassam 200 apenas na sede provincial, e muitas pessoas criticam a falta de soluções eficazes e a percepção de que as medidas adotadas não aliviam os problemas reais de apagões.
Arquivado em:
