Cubanos reagem às declarações de Díaz-Canel sobre a democracia na ilha

Muitos qualificaram de "insulto" as palavras do governante, que negou que Cuba seja uma ditadura e afirmou que seu sistema é mais democrático do que o dos Estados Unidos.

Miguel Díaz-CanelFoto © Captura de vídeo YouTube / Presidência Cuba

O governante Miguel Díaz‑Canel desatou uma onda de reações no Facebook ao afirmar que “Cuba não é uma ditadura e é mais democrática do que os Estados Unidos”.

A publicação de CiberCuba, que registrou essas declarações e um vídeo da entrevista, gerou mais de 4.500 respostas de cubanos dentro e fora da Ilha em menos de 24 horas, refletindo um consenso crítico, indignado e até zombeteiro.

O comentário mais compartilhado expressou: “Dizer que os EUA são uma ditadura enquanto você reprime, censura e encarcelar por opinar… é ter uma cara de pau” — condenando diretamente o que muitos percebem como uma manipulação flagrante.

Outro respondeu com sarcasmo: “Que descarado… em Cuba não se pode pensar diferente porque isso te custa anos de prisão”.

Vários mencionaram as perigosas embarcações improvisadas utilizadas para escapar, questionando como pode haver democracia enquanto as pessoas arriscam suas vidas para sair. “Então, por que os cubanos arriscam suas vidas… para escapar?”, questionou um usuário, sintetizando o argumento de que o êxodo maciço é prova suficiente de repressão.

As palavras de Díaz‑Canel foram qualificadas com insistência como “mentiras” e “cinismo”. “Mentir é sua maior habilidade. Em Cuba, há uma ditadura de manual”, escreveu um comentarista.

Outro afirmou: “Ditadura é porque o povo não te elegeu. Você não permite que as pessoas expressem tudo o que sentem…”, denunciando o caráter autoritário do regime. Vários resumiram: “Cuba é uma ditadura desde 1959, não enche o saco… um sistema de terror”.

Uma queixa recorrente foi a falta de eleições competitivas e multipartidárias. “Por que não fazem eleições livres pluripartidárias, para que realmente seja o povo quem escolha seu presidente?”, perguntou um internauta.

“Pois façam eleições e provem o contrário”, desafiou outro. Para muitos, a ausência de alternância e a imposição do presidente “a dedo” refutavam qualquer pretensa democracia: “É penoso o cargo a dedo”.

O tema da repressão também foi central: “Que soltem todos os presos inocentes por apenas pedirem o que todos desejamos. Liberdade para Cuba”. Assim como: “E os presos políticos? Liberdade de imprensa? Então soltem os presos políticos… isso é ditadura”. Os protestos de 2021 e os acontecimentos recentes foram lembrados como prova palpável.

A afirmação de que Cuba é “mais democrática que os EUA” provocou rejeição e humor ácido. “A diferença é que os americanos não fogem em botes para morrer no mar”, ironizava uma usuária.

“Em um país onde não há eleições, dizem que é democracia”, dizia com ceticismo. Outro comentou: “Hahahahahah… será mais bananeiro do que democrático”.

Repetem-se as referências à censura, repressão de qualquer crítica pública, pressão social e desigualdade entre elites e povo. “Tanta gente inocente que morre e esses desgraçados… destruíram famílias”, escreveu um internauta.

“Os jornalistas pedem permissões para opinar, se é preso por se manifestar... isso não é democracia”, apontou outro. “Em Cuba você não pode protestar pacificamente... isso é ditadura”, enfatizou um.

O tom burlesco proliferou: “Esse tipo me fez rir… exaltar o cinismo”; “Tão certo que há livre expressão… a comida apodrece em todos os lugares”; “O que acontece em Cuba é um programa humorístico”. O rejeição foi visceral: “Cara de pin…”, “Palhaço”, “Cínico” foram apelidos comuns.

Entre tantas críticas surgiram chamados à ação: “Que saiam às ruas com coragem e perguntem ao povo... sem carros nem seguranças”; “Convoque eleições livres e supervisionadas por organizações internacionais”. Também houve mensagens de solidariedade religiosa e esperança: “Que Deus faça um milagre pela nossa linda Ilha”.

A maioria das reações apontou para o cansaço: 66 anos sem mudanças reais pesam. “Com razão Cuba está até… 66 anos do mesmo partido sem oposição”; “Estamos levando um país em ruínas, miséria e apagões…”. Muitos responderam com uma mistura de cansaço e determinação.

Em resumo, as declarações de Díaz-Canel desencadearam uma rejeição quase unânime entre os comentários de CiberCuba: cubanos que descreveram a realidade do país como ditatorial, apontando a falta de eleições reais, a repressão política, as carências materiais e a impossibilidade de protestar.

A comparação com os EUA provocou zombarias e sarcasmo, e a exigência de liberdade de expressão e libertação de presos políticos se tornou uma constante. Diante do cinismo que percebem no discurso oficial, a maioria demonstra indignação, ceticismo e um forte desejo de mudança política e social.

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