Locutora Laritza Camacho questiona a ETECSA pelo aumento das tarifas: “Se não me mostram eficiência, como me exigem sacrifício?”

A propósito do novo aumento tarifário da ETECSA, Camacho denunciou a ineficiência estatal, a falta de proteção legal ao cidadão e a contradição do discurso oficial que promove o uso da internet enquanto a encarece.


A locutora cubana Laritza Camacho se uniu às numerosas vozes cidadãs que rejeitam o novo aumento tarifário imposto pela estatal e única Empresa de Telecomunicações de Cuba (ETECSA), questionando a ineficiência do sistema estatal, o uso arbitrário dos recursos e as contradições do discurso oficial sobre a conectividade no país.

“Se não me mostram eficiência, como podem exigir sacrifício?”, questionou Camacho, ao denunciar a incapacidade do monopólio estatal das telecomunicações em deter a alegada fuga de 60% dos lucros devido a fraudes com recargas internacionais. De acordo com a comunicadora, trata-se de um número “apavorante”, que foi revelado “sem que antes os responsáveis por não impedir a fuga, por não serem eficientes, rolem pelo chão”.

Captura de Facebook/Laritza Camacho

Desde seu perfil de Facebook, de forma crítica, Camacho expôs a paradoxo de que essas medidas “desmedidas” sejam aplicadas em meio a um discurso governamental que, por um lado, incentiva a inteligência artificial e defende “ganhar a batalha da revolução nas redes”.

Mas ao mesmo tempo, encarece o acesso à internet, ferramenta essencial para o trabalho remoto, a informação e a comunicação em uma sociedade em crise. “Há algo fora do lugar... algo que anda sem cabeça e até sem tronco e sem extremidades”, analisou, ressaltando o descompasso entre o que se diz e o que se faz no aparelho estatal.

A publicação, recheada de metáforas, denunciou ainda a falta de leis que protejam o cidadão frente a decisões unilaterais de uma empresa que, apesar de seus lucros milionários, tem se caracterizado por sua ineficiência, descontrole e gastos injustificados em serviços deficientes.

Imperdoável a grande quantidade de recursos utilizados para entregar telefones petroleros que são pagos com o bolso dos clientes diretos (pouca coisa são nossos CUP) e com os fulas dos verdadeiros contribuintes... (familiares e amigos que emigraram por razões políticas, econômicas e por uma asfixia de futuro incerto)”, apontou, em referência ao peso da emigração na sustentação econômica do regime cubano.

También ironizou sobre o suposto caráter espontâneo da defesa digital do governo nas redes sociais, ao notar que várias publicações repetiam frases semelhantes como: “Se não posso comprar megas, como pretendem que eu me manifeste nas redes?”, revelando, disse, a falta de autenticidade dessa campanha virtual.

Camacho assegurou que, apesar das dificuldades, continuará trabalhando, defendendo suas ideias e confrontando a verdade com a mentira, mesmo que “a linha que me une ao mundo, segundo a ETECSA, seja uma curva imbatível que pretenda nos tirar do jogo”.

Entre 2005 e 2019, Cuba arrecadou mais de 21.000 milhões de dólares por serviços de comunicação, computação e informação, segundo dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) citados por elTOQUE a partir de uma investigação de YucaByte. Isso representa uma média de 1.438 milhões de dólares por ano.

Sin embargo, en ese mismo período, o governo cubano gastou apenas 1,975 milhões de dólares em equipamentos de comunicação, o que equivale a menos de 10 % da receita obtida.

A pergunta que muitos cubanos se fazem é: ¿o que a ETECSA fez com os milhões de dólares obtidos ao longo dos anos pela exportação de serviços de telecomunicações?

A presidenta executiva da ETECSA, Tania Velázquez Rodríguez, admitiu no sábado na televisão nacional que a empresa perdeu mais de 60% de suas receitas provenientes do exterior devido a fraudes relacionadas às recargas internacionais.

Para o economista Pedro Monreal, tal reconhecimento trata-se de “um caso de incompetência monumental” tanto por parte da empresa estatal quanto do próprio governo cubano, ao admitir que a suposta fraude ocorreu por mais de três anos sem que fossem tomadas medidas efetivas para detê-la.

A maior parte da população cubana reagiu com indignação às justificativas apresentadas pela ETECSA sobre perdas milionárias, além de criticar a péssima gestão estatal e a manipulação para aplicar tarifas abusivas.

O novo esquema tarifário da ETECSA foi classificado como abusivo e discriminatório, ao estabelecer que a partir do Transfermóvil só será possível recarregar 360 CUP por mês. Quando o pacote se esgota, o cliente depende de recargas em planos a preços muito altos em CUP e em moeda estrangeira, muito acima do alcance da maioria dos cidadãos que recebem seus salários em um peso cubano muito desvalorizado em um contexto de inflação galopante.

Perguntas frequentes sobre o tarifário da ETECSA em Cuba

Por que a ETECSA aumentou suas tarifas de telecomunicações?

A presidente da ETECSA, Tania Velázquez Rodríguez, justificou o aumento das tarifas pela necessidade de injetar divisas devido ao alto endividamento da empresa e às perdas de 60% de suas receitas por fraudes nas recargas internacionais. No entanto, esta explicação foi amplamente criticada pela população e analistas como um exemplo de incompetência estatal.

Como o novo esquema tarifário afeta os cubanos que não recebem remessas?

O novo esquema tarifário limita severamente as recargas em pesos cubanos (CUP) a um máximo de 360 CUP por mês. Normal 0 21 false false false ES-CL X-NONE X-NONE /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman",serif;} Quando o pacote se esgota, o cliente depende de recargas em planos com preços muito altos em CUP e em moeda estrangeira, muito além do alcance da maioria dos cidadãos que recebem seus salários em um peso cubano muito desvalorizado em um contexto de inflação galopante. Isso foi qualificado como um "roubo à mão armada" e perpetua a desigualdade no acesso à internet e à telefonia móvel.

Qual tem sido a resposta da população cubana diante do aumento de tarifas da ETECSA?

A resposta tem sido de indignação e zombarias, com a população expressando seu descontentamento tanto nas ruas quanto nas redes sociais. Os memes e as críticas satíricas inundaram as plataformas digitais, refletindo o profundo descontentamento com as medidas que consideram abusivas e discriminatórias.

O que diz o governo cubano sobre as críticas ao aumento de tarifas da ETECSA?

O governo, por meio de seus porta-vozes e meios oficiais, tentou justificar o aumento das tarifas mencionando problemas financeiros e fraudes. No entanto, as explicações não convenceram a população, que percebe essas medidas como uma estratégia para arrecadar divisas à custa dos direitos de conectividade dos cubanos.

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