Youtubers espanhóis são interrogados pela Segurança do Estado em Cuba: “Nunca nos aconteceu algo assim”

Os youtubers espanhóis foram interrogados em Cuba após publicarem um vídeo crítico sobre a crise na ilha. Este incidente destaca a censura e a vigilância do regime cubano.


Três youtubers espanhóis, criadores do pódcast Black Mango, denunciaram ter sido interrogados pela Segurança do Estado em Cuba após publicarem um vídeo onde descreviam com crueza a crise que a ilha vive.

O conteúdo, compartilhado por eles nas redes, viralizou rapidamente, tornando-se o estopim de um episódio de vigilância e assédio por parte das autoridades cubanas.

“Se vocês achavam que estava tudo bem, a verdade é que não, nada está bem, porque a situação deste país neste momento é terrível. A realidade é que, a cada momento que passa, isso fica pior”, expressaram em um dos vídeos gravados durante sua estadia na ilha.

No clipe, os youtubers narraram que bastou apenas um dia vivenciando de perto a realidade cotidiana dos cubanos para mudar radicalmente sua percepção do país. “Somente o que nos contaram em uma casa é muito pior do que vimos ontem. Um único dia vivendo como um cubano já te condiciona para todo o resto dos dias que você estiver no país”, disseram.

A publicação se tornou viral, aparecendo em meios de comunicação e redes sociais cubanas, o que gerou uma reação imediata do aparato repressivo do regime. Em suas histórias de Instagram, relataram que foram abordados por agentes da Segurança do Estado, que os interrogaram, exigiram revisar seus telefones e lhes proibiram de continuar gravando.

“El governo cubano enviou oficiais para nos interrogar, nos perguntar e tudo mais. No último dia, já não pudemos gravar nada porque estávamos basicamente vigiados”, explicaram. “Nunca na minha vida aconteceu algo parecido, e isso que já estivemos em muitos países”.

Os youtubers já estão de volta a Madrid, sãos e salvos, mas anunciaram que neste domingo publicarão um episódio especial do seu pódcast onde narrarão com detalhes o que aconteceu em Cuba, suas impressões e o que qualificaram como uma experiência “lamentável” e “surrealista”.

“Nos últimos dias, com tudo o que estava se aliando, tivemos um pouco de preocupação. Alguns mais do que outros”, comentaram em tom sério.

Este caso evidencia novamente o clima de repressão e vigilância constante que enfrentam não apenas os cubanos, mas também os visitantes estrangeiros que decidem expor ou falar abertamente sobre a realidade do país.

O incidente guarda semelhanças com o caso de Eva Cavero e Andrés Izarnótegui, um casal de turistas peruanos que foi deportado de Cuba em setembro de 2024 após gravar vídeos nas ruas de Havana para seu canal de YouTube La Blue Kombi.

Nesse caso, as autoridades migratórias os procuraram de madrugada em seu hotel, os interrogaram por 12 horas, fizeram a verificação dos celulares, os acusaram de “prejudicar a imagem do país” e os expulsaram sem permitir que pegassem seus pertences ou entrassem em contato com sua embaixada ou um advogado.

Ambos casos refletem um padrão crescente de vigilância, assédio e censura contra visitantes estrangeiros que decidem documentar a situação social em Cuba. O regime mantém um controle rigoroso sobre os conteúdos que mostram aspectos negativos da ilha, mesmo quando provenientes de criadores estrangeiros e com fins turísticos ou documentais.

Em contraste com esses casos, o influencer mexicano Luisito Comunica, com mais de 44 milhões de inscritos no YouTube, conseguiu gravar e publicar sem obstáculos múltiplos vídeos em Cuba que promovem uma imagem amigável e até turística do país.

Desde passeios gastronômicos até visitas a locais icônicos como o Hotel Nacional, suas produções têm sido criticadas por sua aparente proximidade com a narrativa oficial.

O jornalista cubano José Raúl Gallego sugeriu que o acesso do youtuber foi autorizado e facilitado pelo regime. “A cada novo vídeo, Luisito demonstra por que a Segurança do Estado lhe permitiu entrar em Cuba”.

También señaló que em seus reportagens há elementos propagandísticos, como a “cozinha de resistência” ou a promoção do tabaco estatal.

Incluso artistas como o rapper El B criticaram Luisito Comunica por “romantizar a miséria” e fazer o jogo da propaganda castrista. “Te levaram à única bodega pintada”, escreveu em versos divulgados nas redes.

Perguntas frequentes sobre a repressão e censura em Cuba

Por que os youtubers espanhóis foram interrogados em Cuba?

Os youtubers foram interrogados pela Segurança do Estado em Cuba após publicarem um vídeo que descrevia a crise na ilha de maneira crua. O conteúdo se tornou viral e provocou uma reação do regime, que os vigiou e hostilizou durante sua estadia.

Como se manifestam a vigilância e a censura em Cuba em relação aos estrangeiros?

Em Cuba, a vigilância e a censura se manifestam através do assédio e controle de conteúdos que mostram aspectos negativos do país, mesmo quando são criados por visitantes estrangeiros. O regime mantém um controle rigoroso sobre o que é publicado, como evidenciado em casos de interrogatórios e deportações de turistas que documentam a realidade cubana.

Quais são as diferenças no tratamento de criadores de conteúdo em Cuba?

O tratamento aos criadores de conteúdo em Cuba varia conforme o tipo de conteúdo que produzem. Enquanto alguns youtubers enfrentam censura e assédio por mostrar a realidade crítica do país, outros, como Luisito Comunica, conseguiram gravar sem obstáculos ao apresentar uma imagem mais amigável e turística da ilha, o que sugere um tratamento preferencial influenciado pela narrativa oficial do regime.

Que incidentes similares ocorreram com turistas em Cuba?

Incidentes semelhantes ocorreram com turistas como Eva Cavero e Andrés Izarnótegui, que foram deportados após gravar nas ruas de Havana. Este padrão de vigilância e censura está se tornando mais comum, afetando visitantes que tentam documentar a situação social do país.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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