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Opositores cubanos têm se manifestado contra a campanha do regime contra o chefe da Embaixada dos EUA em Cuba Mike Hammer, destacando o trabalho humanitário que ele realiza.
“Esse cubano, aquele que pensa na democracia, aquele que pensa na liberdade, está pensando em um país próspero, e por isso se reuniu com o embaixador dos Estados Unidos”, disse a jornalista independente camagüeyana Iris Mariño a Martí Notícias.
“Mas não apenas com ele, podemos nos reunir com outros diplomatas de outras nações para contar nossas histórias, para que saibam como estamos vivendo os cubanos hoje em dia, e isso é positivo, é um diálogo positivo”, acrescentou Mariño, que pôde se encontrar com o diplomata recentemente.
Também a presa política do 11 de julho, Donaida Pérez Paseiro, liberada em janeiro e residente em Placetas, Villa Clara, elogiou, em declarações ao Martí Noticias, a Hammer.
“É algo nunca antes visto. É uma tarefa humanitária preciosa, porque assim o mundo conhece, ainda mais, como vive o cubano comum, mas, sobretudo, como vive o opositor pacífico, de que forma somos assediados e hostilizados pela polícia política apenas por defender nossos direitos”, disse
Pérez Paseiro, cujo esposo Loreto Hernández continua preso, acredita que “os diplomatas acreditados em Cuba, sobretudo os de países democráticos, devem imitar Hammer, pois conhecer como vive o cidadão cubano, saber como vive o opositor em Cuba ou em qualquer outro país onde estejam assistindo, deve estar entre os seus objetivos”.
“Entendo que pode haver uma gestão, uma negociação com as nossas autoridades para que este caso seja visto e resulte na liberdade imediata de Yoandri e dos demais. Considero a gestão do senhor Hammer muito promissora e vemos com bons olhos sua visita à nossa casa e à casa dos outros presos políticos”, considera Annia Peralta, esposa do preso político Yoandris Gutiérrez Vargas.
Gutiérrez Vargas, membro do Partido Republicano de Cuba, cumpre uma pena de sete anos por sua participação no estopim do 11J em Bayamo.
Finalmente, o opositor cienfueguero Juan Alberto de la Nuez, vítima de um ataque e que recebeu a recente visita de Hammer, apoiou o americano.
“O povo simples reconhece o trabalho que esse diplomata realiza no campo, conhecendo a realidade do cubano comum, a pobreza extrema e ouvindo em primeira mão o sofrimento dos familiares, dos presos políticos e a situação de assédio, repressão e isolamento social dos opositores”, disse.
“Seu agir é um exemplo para todos os embaixadores radicados no arquipélago. Hammer entregou seu e-mail para que o cubano o contatasse. É um sinal de que ele está ouvindo o clamor de um povo sobrecarregado e sofrido por mais de meio século”, acrescentou.
O regime cubano acusa Mike Hammer de mentir sobre o fracasso da revolução
A maquinaria propagandística do regime reagiu a uma conferência de imprensa de Hammer na última sexta-feira em Miami perante meios de comunicação dos Estados Unidos com um artigo de Johana Tablada, subdiretora geral da Direção de Estados Unidos do Ministério das Relações Exteriores de Cuba (MINREX).
A funcionária acusou Hammer de mentir em suas declarações sobre o fracasso da revolução devido à falta de "eletricidade, escassez de combustível, alimentos e medicamentos", sem que haja "nenhuma política dos Estados Unidos".
“Falso!!!: As medidas coercitivas unilaterais dos EUA contra Cuba —conhecidas como o bloqueio— têm um impacto direto e severo sobre o acesso a financiamento, tecnologia, insumos e medicamentos, e são reconhecidas até pela ONU como o principal obstáculo ao desenvolvimento cubano”, lê-se no texto publicado em Cubadebate.
Como é habitual no discurso do regime, Tablada não assumiu nenhuma responsabilidade pela situação de crise permanente na ilha e desmentiu as afirmações do diplomata.
“Embora seja verdade que há uma crise econômica, culpar exclusivamente o governo cubano é uma simplificação que ignora a guerra econômica, financeira e comercial multidimensional imposta de Washington há mais de 6 décadas”, acrescentou.
Assim, tachou Hammer de intervencionista por seus recentes passeios pela ilha para conhecer a realidade do cubano comum e se reunir com membros da oposição e da sociedade civil.
A funcionária também se manteve nesse ponto na linha discursiva do regime, chamando os familiares dos presos políticos de “figuras financiadas direta ou indiretamente pelos EUA como vítimas do ‘regime’, ocultando que têm chamado abertamente à subversão, ao sabotagem ou a atos violentos”.
O restante do artigo de Tablada é um calco do habitual enroque discursivo do regime cubano, culpando o governo dos EUA pela situação da crise estrutural que a ilha enfrenta, e negando a existência da oposição e da sociedade civil.
Para Tablada, a roda de imprensa de Hammer tinha como objetivos, entre outros pontos, “instalar um discurso de Estado falido sobre Cuba, legitimar a ingerência diplomática como solidariedade, branquear as sanções dos EUA e desresponsabilizar-se pelo bloqueio”.
Luego, Lis Cuesta, esposa do governante cubano Miguel Díaz-Canel, chamou Hammer de desavergonhado e infeliz, juntando-se assim à campanha de descredibilização lançada pelo regime contra o funcionário americano.
Martelo: “A revolução falhou”
Na sexta-feira, Hammer afirmou em Miami que o descontentamento popular na Ilha é generalizado e que “a grande maioria” dos cubanos considera que “a Revolução falhou”.
Hammer, que visitou todas as províncias do país desde sua nomeação, descreveu em uma coletiva de imprensa para veículos de comunicação estadunidenses um panorama desolador após suas visitas pela ilha, onde se encontrou com representantes da sociedade civil e ativistas.
“Não há eletricidade; os apagões já estão chegando; há escassez de combustível, de alimentos, de medicamentos. E isso, as pessoas reconhecem que os responsáveis são os do regime cubano. Não tem nada a ver com nenhuma política dos Estados Unidos”, apontou.
O diplomático, que também afirmou sentir-se vigiado pelo regime cubano, destacou que sua missão tem sido ouvir em primeira mão o povo cubano, incluindo setores tradicionalmente ligados ao aparato estatal e que, apesar da vigilância imposta, está determinado a continuar com esses percursos.
"Tenho percorrido o país e tenho perguntado se há interesse em que os cubanos comuns se reúnam conosco para ouvir suas preocupações, suas experiências, seus sonhos... até mesmo suas críticas em relação ao Governo dos Estados Unidos", afirmou.
Em suas declarações, Hammer enfatizou que a atual administração americana planeja intensificar sua postura em relação ao regime. “As sanções anunciadas nesta quarta-feira são um começo, não um fim. Virão mais, isso posso garantir”, advertiu, referindo-se às recentes medidas contra funcionários cubanos ligados a violações de direitos humanos.
Reação diante do ativismo diplomático
O artigo de Tablada se soma a uma recente intensificação dos ataques ao diplomata americano por meio de canais ligados ao regime e publicações nas redes sociais, onde é acusado de agir como "emissário imperial", de violar os protocolos diplomáticos e de fomentar uma suposta estratégia de "guerra híbrida" contra Cuba.
Desde sua chegada a Havana em novembro de 2024, Mike Hammer tem mantido uma agenda ativa de reuniões com atores da sociedade civil, o que provocou um visível desconforto no aparelho estatal. Nos últimos meses, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba convocou em três ocasiões diplomatas americanos para expressar sua “enérgica protesto” pelo que considera atos de “ingerência”.
A seu turno, o governo cubano tem utilizado discursos inflamáveis e dados não verificados para reforçar a narrativa de que os EUA estão financiando opositores com fins desestabilizadores, citando organismos como a NED (National Endowment for Democracy) ou a USAID como fontes de financiamento estrangeiro para figuras como Soler ou Ferrer, este último novamente cumprindo prisão injusta.
Perguntas frequentes sobre o trabalho de Mike Hammer em Cuba
Quem é Mike Hammer e qual é o seu papel em Cuba?
Mike Hammer é o chefe da missão diplomática dos Estados Unidos em Cuba. Desde sua chegada em novembro de 2024, tem mantido uma agenda ativa de reuniões com opositores e membros da sociedade civil cubana, com o objetivo de promover os direitos humanos e denunciar as violações do regime cubano.
Por que o regime cubano critica Mike Hammer?
O regime cubano critica Mike Hammer por seus encontros com opositores e seu ativismo em favor dos direitos humanos. Acusam-no de ingerência e apontam que suas ações visam desestabilizar o governo cubano, enquanto Hammer afirma que seu objetivo é ouvir em primeira mão as experiências do povo cubano.
Quais temas Mike Hammer abordou em suas visitas a Cuba?
Durante suas visitas, Mike Hammer abordou temas como a repressão política, a situação dos presos políticos e os direitos humanos em Cuba. Ele tem se reunido com dissidentes, ativistas e familiares de presos políticos, e expressou repetidamente seu apoio à libertação desses prisioneiros.
Qual tem sido a reação internacional em relação ao trabalho de Mike Hammer em Cuba?
A atuação de Mike Hammer foi valorizada positivamente por setores da sociedade civil e governos democráticos. É reconhecido por sua dedicação aos direitos humanos e seu esforço em tornar visível a situação dos opositores em Cuba, o que gerou tensões diplomáticas com o regime cubano.
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