Cubana com I-220A, que foi detida pelo ICE: "Nem fazendo as coisas certas você se salva."

Beatriz Monteagudo, de 25 anos, já está em liberdade sob fiança, aguardando a data do tribunal para lutar pelo seu asilo. Em uma entrevista concedida à CiberCuba, confessa que não quer passar por outra detenção. "Enquanto eu tiver um I-220A, nunca vou respirar tranquila."


Beatriz Monteagudo, cubana de 25 anos, com formulário I-220A, já está em sua casa em Miami após passar quase dois meses detida em uma prisão de San Diego, Califórnia. Ela foi parar lá após uma consulta de rotina com o ICE, o Serviço de Controle de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos, em Miramar (Broward) no dia 10 de março.

"Nem fazendo as coisas certas você se salva", disse Monteagudo nesta quarta-feira em uma entrevista concedida à CiberCuba, na qual relatou sua experiência desde que foi detida até que ingressou na prisão, sem saber qual seria seu destino e sem ter cometido nenhum crime. No ICE, ofereceram-lhe a possibilidade de se autodeportar para Cuba ou lutar pelo seu caso. Ela assumiu que só tinha uma opção: apostar no seu asilo nos EUA.

Monteagudo fez parte de um grupo de 18 mulheres com I-220A, que foram as primeiras detidas em março durante suas consultas com o ICE, para espanto da comunidade cubana da Flórida, onde se estima que mais de 400.000 cubanos entraram nos Estados Unidos desde 2021 com essa categoria migratória, que não permite a solicitação da Lei de Ajuste Cubano após um ano e um dia.

Tras dois meses na prisão, Beatriz Monteagudo conseguiu sair com uma fiança de 4.100 dólares que foi gerida pela equipe do Law Office Liudmila A. Marcelo PA, de forma altruísta, sem cobrar pelos seus serviços. Ficam para trás esses dois meses em uma prisão para presos comuns, da qual Monteagudo recorda com horror o som das chaves e das correntes dos funcionários da prisão quando caminhavam pelos corredores.

Isso fica no passado, mas ela tem claro que não gostaria de "passar por uma detenção novamente". E, neste momento, que está em liberdade sob fiança e supervisão, assume que "enquanto tiver um I-220A nunca vai respirar tranquila". Mesmo assim, parece tranquila e se orgulha de ser forte e de ter uma boa saúde mental para enfrentar o futuro. Neste momento, está envolvida na tramitação de sua autorização de trabalho e à espera de lutar pelo seu asilo na Corte.

Nesta entrevista com a CiberCuba, Beatriz Monteagudo agradece ao seu amigo Johan, que foi quem conseguiu a advogada e quem movimentou seu caso na imprensa, e a todos que colaboraram contribuindo com o dinheiro com o qual ela pôde pagar sua fiança.

Agora, como muitos migrantes cubanos nos Estados Unidos, a Beatriz Monteagudo só pode esperar para ver se o "plumazo" que a congressista María Elvira Salazar pediu ao anterior secretário de Segurança Nacional da Administração Biden, Alejandro Mayorkas, será assumido por Kristi Noem, a secretária do DHS da Administração Trump, e finalmente consiga um 'parole in place' para que os cubanos com I-220A possam se acolher à Lei de Ajuste Cubano após um ano e um dia de estarem nos Estados Unidos.

O advogado Willy Allen defendeu em seus programas na CiberCuba que esse "plumazo" se traduz em uma decisão administrativa que considere válido o argumento de que os cubanos com I-220A foram inspecionados, entrevistados e admitidos na fronteira, cumprindo assim os requisitos exigidos para se beneficiar da Lei de Ajuste. Na sua opinião, isso depende da vontade política.

De momento, os I-220A não estão em perigo e uma recente decisão da Junta de Apelações de Imigração oferece uma ferramenta adicional aos advogados para que possam lutar pelo status legal dos cubanos com I-220A.

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Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).