A crise alimentária em Cuba continua a se agravar, deixando muitas famílias sem acesso a produtos básicos que deveriam estar garantidos pela caderneta de abastecimento.
Frango, peixe, ovos, mortadela e até o picadillo normado desapareceram dos mercados estatais, conforme denunciam os próprios cidadãos.
Em meio a esta difícil situação, o opositor cubano José Daniel Ferrer conversou com um grupo de pessoas necessitadas, a quem prometeu que na sexta-feira lhes ofereceria frango no almoço.
Durante a conversa, Ferrer perguntou: “Desde quando vocês não recebem frango pelo cartão de racionamento?”. A resposta foi unânime e desoladora: “Perdemos a conta”, expressaram várias pessoas, na sua maioria idosos que aguardavam pela comida.
"Não vem frango pela caderneta, nem peixe, nem nada. Nem ovo", lamentaram os presentes, que também mencionaram que a mortadela e o picadinho normatizado estão sem ser distribuídos na mercearia há tempos.
Ante esta realidade, Ferrer questionou se valia a pena continuar organizando os almoços solidários. “Sim”, responderam em uníssono os beneficiados, ressaltando a importância desses espaços de ajuda em meio à escassez.
“É preciso continuar agradecendo àqueles que ajudam do exílio”, acrescentaram, reconhecendo o apoio que recebem de fora da ilha para conseguir se alimentar em meio à crise.
Através de suas redes sociais, o líder opositor destacou o trabalho da União Patriótica de Cuba (UNPACU), que oferece assistência a centenas de pessoas em situação de vulnerabilidade graças à ajuda de exilados cubanos.
"La #UNPACU assiste, graças à ajuda de cubanos generosos exilados, centenas de pessoas vulneráveis, presos políticos e ativistas perseguidos que vivem em extrema pobreza. Quem não compreende a importância da solidariedade com os mais necessitados, quem não entende o valor de ajudar a salvar vidas, quem não compreende a necessidade de que o ativismo político e o humanitário andem juntos, pode ser anticomunista, mas nunca terá o apoio nem o respeito do povo sofrido", escreveu Ferrer.
O opositor destacou que a indiferença diante do sofrimento do povo apenas reforça a percepção de que aqueles que não ajudam têm “a alma muito parecida com a de quem os escraviza e oprime atualmente”.
Segundo suas publicações no X (anteriormente Twitter), no dia 18 de março, data em que se comemora o início da Primavera Negra em Cuba, a UNPACU conseguiu alimentar 462 pessoas vulneráveis, além de atender 26 pessoas que solicitaram assistência médica.
No entanto, Ferrer denunciou que a repressão contra seu trabalho continua a aumentar, com detenções diárias e ações repressivas contra aqueles que colaboram com a organização.
Como exemplo, mencionou o caso de Idudni Garcés, um automobilista a quem foi confiscada sua moto por ter realizado algumas poucas viagens para a UNPACU.
Segundo Ferrer, Garcés ficou sem seu meio de sustento, apesar de ter uma mãe cega, um tio acamado e crianças para sustentar.
Enquanto isso, a escassez de alimentos continua a impactar os cubanos, que cada vez mais dependem do mercado informal e da ajuda de organizações e exilados para se alimentarem.
Perguntas frequentes sobre a crise alimentar em Cuba e o ativismo de José Daniel Ferrer
Qual é a situação atual da crise alimentar em Santiago de Cuba?
A crise alimentar em Santiago de Cuba é grave, com o desaparecimento de produtos básicos como frango, peixe, ovos e mortadela nos mercados estatais. A população depende cada vez mais da ajuda externa e do mercado informal para conseguir se alimentar.
Que papel desempenha José Daniel Ferrer na ajuda aos mais necessitados em Cuba?
José Daniel Ferrer lidera a União Patrística de Cuba (UNPACU), que oferece assistência alimentar e médica a centenas de pessoas vulneráveis em Santiago de Cuba, graças à ajuda de exilados cubanos. Apesar da repressão do regime, Ferrer continua organizando almoços solidários e distribuindo alimentos de sua casa.
Como a repressão do regime cubano afeta o trabalho de José Daniel Ferrer?
A repressão do regime cubano afeta significativamente o trabalho de José Daniel Ferrer, que enfrenta detenções frequentes, ameaças e assédio constante. As autoridades tentam sufocar suas atividades humanitárias intimidando aqueles que colaboram com ele e confiscando bens, buscando isolá-lo e deter seu impacto na comunidade.
Que apoio recebe a UNPACU da comunidade internacional e dos exilados cubanos?
A UNPACU recebe apoio significativo de exilados cubanos, que enviam doações para sustentar a ação humanitária da organização. No entanto, a comunidade internacional, especialmente a União Europeia, demonstrou pouco interesse na situação dos direitos humanos em Cuba, segundo denúncias de Ferrer.
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