
Vídeos relacionados:
Cuentapropistas cubanos que foram autorizados a exercer o comércio por atacado tiveram que liquidar seus estoques após o cancelamento das licenças, outra medida do regime para reforçar o controle da economia e enfraquecer o setor privado.
Nesta quarta-feira, o governo informou em sua conta no X que os trabalhadores por conta própria inicialmente autorizados a vender por atacado bens nacionais ou importados estão realizando a liquidação de mercadorias em trânsito e disponíveis.
Por outro lado, o regime prorrogou até 30 de setembro o prazo estabelecido para que as mipymes privadas e as cooperativas não agropecuárias (CNA) cuja atividade principal era a comercialização no atacado, confirmem que continuarão realizando essa atividade, mas com a participação obrigatória de entidades estatais.
A Resolução 56 do Ministério do Comércio Interior (MINCIN) de 2024 concedeu inicialmente 90 dias para que estes negócios e cooperativas não agropecuárias, caso manifestem sua vontade de continuar exercendo o comércio por atacado, atualizem sua licença comercial. A nova licença deve especificar que a comercialização é realizada por meio de contratos com entidades estatais.
Segundo informa o Periódico 26, de Las Tunas, esse prazo inicial foi prorrogado por mais cinco meses.
"Igualmente, as mipymes e CNA que tinham como atividade secundária o comércio atacadista em dezembro passado teriam até 30 de setembro para liquidar seus estoques, podendo fazê-lo de forma varejista, desde que isso esteja definido em seu objeto social e possuam licença comercial para tal", destaca a nota.
No entanto, os trabalhadores por conta própria não foram incluídos na prorrogação.
As autoridades enfatizaram que "os trabalhadores autônomos da atividade de comércio atacadista de bens nacionais ou importados, ao cumprimento do prazo estabelecido (que terminará em maio próximo), finalizam a liquidação de estoques de mercadorias em trânsito e em loja, destinados ao comércio atacadista ou venda por atacado".
Periódico 26 precisou que todos os atores econômicos não estatais (incluindo os trabalhadores por conta própria), cuja atividade principal é a produção, poderão realizar a comercialização por atacado de suas produções.
"Isso significa que não podem comercializar de forma atacadista outros produtos nacionais ou importados, apenas suas próprias produções", sublinha o semanário oficialista.
O governo esclareceu que o comércio varejista continua em todos os atores não estatais que têm a atividade aprovada, e informou que seis novos negócios conjuntos entre entidades estatais e mipymes privadas foram aprovados.
Em dezembro passado, o regime cancelou de ofício todas as licenças para a atividade de comércio atacadista a mipymes e cooperativas não agropecuárias que tivessem essa atividade aprovada como secundária em seu objeto social.
A medida busca supostamente "ordenar" o comércio atacadista e varejista no setor privado, de acordo com a resolução da ministra do Comércio Interior, Betsy Díaz Velázquez.
De acordo com a normativa, aquelas empresas que não optem por ratificar alianças com entidades estatais devem liquidar seu estoque de mercadorias em um prazo máximo de 120 dias.
Eles só poderiam fazê-lo vendendo seus produtos de forma varejista, desde que isso esteja aprovado em seu objeto social e possuam a licença comercial.
O fechamento dessas licenças representa um novo golpe à iniciativa privada na Ilha, dificultando o desenvolvimento de um setor que luta para se consolidar frente às restrições impostas pelo Estado.
O governo afirma que a empresa estatal socialista continua sendo o agente fundamental da economia, enquanto as formas de gestão não estatal desempenham um papel complementar.
Não fala sobre o lastro que representa a ineficiência estatal. Apenas destaca que a aliança com os atores econômicos não estatais tem como vantagem permitir a utilização de infraestrutura, transporte e experiência comercial das forças do Estado.
O Ministério do Comércio Interior apenas esclarece que as empresas privadas podem continuar a dedicar-se ao comércio varejista (venda à população ou prestação de serviços à população), sempre que esteja aprovado em seu objeto social ou projeto e possuam a respectiva licença.
Além disso, ressalta que os trabalhadores autônomos não poderão exercer o comércio por atacado. De fato, a resolução cancela automaticamente a inscrição da atividade de comércio por atacado de bens nacionais ou importados para os autônomos.
A restrição é imposta em um contexto de profunda crise econômica na Ilha, com severos problemas de abastecimento e um setor estatal incapaz de atender às necessidades básicas da população.
Perguntas frequentes sobre as restrições às mipymes em Cuba
Por que o governo cubano cancelou as licenças de comércio atacadista para as mipymes?
O governo cubano cancelou as licenças de comércio atacadista para as mipymes para reforçar o controle estatal sobre o comércio na ilha. Esta medida busca centralizar o comércio atacadista nas mãos de entidades estatais, sob a justificativa de melhorar a infraestrutura e o transporte, embora, na realidade, incremente a burocracia e a ineficiência, limitando as oportunidades do setor privado.
Como a cancelamento das licenças de atacado afeta as mipymes em Cuba?
A cancelamento de licenças atacadistas obriga as mipymes a liquidar seus estoques e limita sua capacidade de operar de maneira independente. Isso torna as mipymes clientes cativos das ineficientes empresas estatais atacadistas, o que pode aumentar a inflação e agravar a escassez de produtos na ilha, afetando a estabilidade social e econômica em um contexto de alta demanda por bens de consumo.
Quais alternativas têm as mipymes após o cancelamento de suas licenças atacadistas?
As mipymes devem formar alianças com entidades estatais para continuar no comércio atacadista, atualizando sua licença comercial e objeto social em um prazo de 90 dias. Aqueles que não desejarem se associar deverão liquidar seus estoques, vendendo-os no varejo em um prazo de 120 dias, desde que possuam a licença adequada para isso.
Qual é o impacto econômico dessas restrições sobre o setor privado em Cuba?
As restrições poderiam sufocar o comércio privado ao reduzir a concorrência e tornar as mipymes dependentes das ineficientes empresas estatais atacadistas. Isso poderia aumentar a inflação, agravar a escassez crônica de produtos e gerar instabilidade social, especialmente em momentos de alta demanda por bens de consumo.
Arquivado em: