A Televisão cubana criticou nesta sexta-feira os altos preços dos produtos oferecidos nas micro, pequenas e médias empresas (mipymes), mas esqueceu de mencionar que nas lojas em dólares abertas em várias províncias os custos superam os desses comércios.
Em um reportagem da porta-voz Talía González sobre os "preços abusivos", a jornalista oficialista afirmou que a maioria dos produtos de primeira necessidade em moeda nacional está disponível em estabelecimentos do setor não estatal, mas não cumprem os preços "estabelecidos".
A repórter descreveu como um "desafio" cumprir os preços impostos pelo regime.
"A tendência na maioria dos casos é que retiram o produto ou simplesmente o vendem clandestinamente. Muitas vezes, o inspetor chega e na lousa informativa não estão refletidos os produtos, mas, no entanto, eles continuam a ser vendidos. Já existem novas formas de evadir responsabilidades legais em relação à violação dos preços", disse uma inspetora em entrevista.
Justificando a crise de desabastecimento pelo embargo econômico dos Estados Unidos, Talía González instou a que o "enfrentamento" aos altos preços seja uma "prática do dia a dia", sem responsabilizar o Estado pela má gestão na crise econômica cubana.
Um cuentapropista, entrevistado também pela repórter do regime, contou que os produtos se encarecem por ter que adquiri-los por diferentes vias, pois a empresa atacadista que deveria vendê-los não oferece nada.
"O tema dos mercados atacadistas para os mercados privados realmente está muito forte, está forte. Eu tenho vínculo com uma cooperativa não agropecuária e, embora o mercado tenha sido criado para que os preços fossem mais baixos, praticamente não te oferece nada", alegou sobre o Mercado Atacadista de Alimentos Mercabal, criado em 2018 para “satisfazer” a demanda de produtos do setor privado.
Segundo dados fornecidos pela própria González, o salário médio em Cuba ao final de janeiro é de 5.827 pesos mensais e um pedaço de fígado em uma mipyme pode custar 1.300 CUP.
A situação é crítica para os aposentados, que recebem uma pensão média de 2.188 pesos e os "novos aposentados", 3.163, em um contexto em que a inflação apresenta um aumento mensal de 2,06%, o que equivale a uma taxa anualizada de 27,7%.
No obstante os baixos salários e pensões recebidos pelos cubanos, o regime abriu lojas em dólares por todo o território nacional, como parte do processo de dolarização parcial da economia.
O governo assegurou que as contas em Moeda Livremente Conversível (MLC) permanecerão nos bancos da Ilha, enquanto defende a presença do dólar na economia.
Enquanto empreende uma cruzada contra as mipymes, o regime inaugura esses estabelecimentos onde só podem comprar aqueles que recebem dólares de seus familiares.
A pesar disso, defende as lojas como um espaço "acessível" "para a população em geral", embora as altas tarifas em dólares tornem isso inacessível para uma grande parte dos cubanos.
Perguntas frequentes sobre a situação econômica em Cuba e as mipymes
Por que a televisão cubana critica as mipymes pelos preços altos?
A televisão cubana critica as mipymes por oferecer produtos a preços que consideram "abusivos", atribuindo isso à falta de cumprimento com os preços estabelecidos pelo regime. No entanto, não mencionam que as lojas em dólares também têm preços elevados, o que evidencia uma abordagem parcial na problemática econômica da ilha.
Qual é o impacto da dolarização parcial na economia cubana?
A dolarização parcial levou a uma maior desigualdade no acesso a bens e serviços, uma vez que apenas aqueles que recebem remessas ou têm acesso a divisas podem comprar em lojas que vendem em dólares. Isso gerou críticas por parte da população e economistas, que consideram que o regime não aborda a crise econômica de maneira eficaz.
Como a inflação afeta as famílias cubanas?
A inflação tem erosionado o poder de compra dos salários e pensões, tornando produtos básicos inacessíveis para muitas famílias. O custo de vida aumentou significativamente, enquanto os rendimentos da maioria dos cubanos continuam baixos, agravando a situação econômica da população.
Quais medidas o regime cubano tomou para controlar os preços?
O regime cubano implementou limites de preços para certos produtos básicos e sancionou negócios privados com multas por não cumprir esses preços. No entanto, essas medidas não foram eficazes para conter a inflação, e as lojas em dólares continuam vendendo produtos a preços elevados, o que gera desconfiança na população.
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