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O cantor cubano Yotuel Romero atacou o regime cubano, criticando severamente o modelo econômico priorizado pelo governo desde 1959.
Em uma mensagem publicada em sua conta do Facebook, o artista apontou que a única coisa que realmente foi construída pela revolução em mais de seis décadas foram hotéis para turistas, enquanto o povo vive no abandono.
O comentário acompanha uma imagem do recém-inaugurado Hotel Torre K-23, um arranha-céu de 42 andares localizado na central rua 23 de El Vedado, que tem gerado críticas tanto pelo seu impacto urbanístico quanto pelo seu simbolismo em meio à crise econômica que atravessa Cuba.
"Foi apenas hotéis o que a revolução cubana realmente construiu depois de 59. O resto - as promessas de igualdade, prosperidade, dignidade - ficaram em discursos", escreveu.
Das realidades separadas por uma rua
Em sua publicação, Yotuel contrastou a opulência dos novos complexos hoteleiros com o extremo deterioro das habitações e serviços básicos em Cuba.
Pus fiquei como exemplo o Malecón habanero, onde "de um lado, erguem-se os modernos hotéis como o Paseo del Prado, com vidros brilhantes e ar-condicionado; do outro, edifícios coloniais em ruínas onde ainda vivem famílias inteiras, compartilhando um único banheiro, cozinhando com lenha no pleno século XXI".
O artista, ex-integrante do grupo Orishas e uma das vozes por trás da canção "Patria y Vida", também fez referência à sua história familiar para ilustrar a desilusão de gerações de cubanos.
"Recordo quando minha avó me contava como, nos anos 60, com esperança nos olhos, acreditou que seus filhos teriam uma vida melhor. Mas sua esperança envelheceu com ela, enquanto via o hospital onde deu à luz desmoronando, ou como a escola onde ensinou ficava sem professores e sem giz", detalhou.
Um país para turistas, não para cubanos
Yotuel também enumerou vários hotéis emblemáticos construídos pelo regime nas últimas décadas, como o Meliá Cohiba, o Saratoga e o Gran Hotel Manzana Kempinski, questionando a quem realmente servem esses investimentos.
"Cada tijolo desses hotéis é uma ferida na memória do povo. Porque não há nostalgia mais dura do que a de um país que poderia ter sido e que, em vez disso, se tornou um vitrine para os de fora e uma prisão para os de dentro", sentenciou.
A publicação foi amplamente compartilhada nas redes sociais, gerando reações entre cubanos dentro e fora da Ilha que coincidem com seu diagnóstico.
Sua mensagem chega em um momento em que a crise energética, a inflação e o colapso dos serviços públicos aprofundaram o mal-estar social e levaram a uma emigração em massa.
Yotuel, radicado nos Estados Unidos, é uma das figuras culturais mais ativas em denunciar a repressão e a falta de liberdades em Cuba.
Seu ativismo o tornou um alvo frequente de ataques oficiais por parte do regime, que o acusa de "traidor" e "mercenário", qualificativos que o artista tem rejeitado reiteradamente.
Perguntas frequentes sobre as críticas de Yotuel ao regime cubano e ao Hotel Torre K-23
Por que Yotuel Romero critica o regime cubano?
Yotuel Romero critica o regime cubano por priorizar a construção de hotéis de luxo em detrimento das necessidades básicas da população. Segundo Yotuel, enquanto o governo investe em turismo, o povo cubano sofre com o deterioramento de moradias, hospitais e serviços básicos, o que considera um abandono do bem-estar social prometido pela revolução.
O que simboliza o Hotel Torre K-23 segundo as críticas?
O Hotel Torre K-23 simboliza para muitos a desigualdade e as prioridades equivocadas do governo cubano em meio a uma crise econômica. O investimento neste hotel contrasta com as carências do povo, como a falta de infraestrutura adequada, apagões e escassez de alimentos e serviços básicos, o que gerou um descontentamento generalizado.
Como foi recebido o Hotel Torre K-23 pelos cubanos?
O Hotel Torre K-23 foi recebido com críticas e zombarias por parte dos cubanos. muitos o veem como um "punhal na paisagem" de Havana, uma estrutura que não respeita o ambiente urbano tradicional e que contrasta com as necessidades não atendidas da população. Foi renomeado nas redes sociais com nomes como "O Mirante da Miséria", refletindo o descontentamento popular.
Quais alternativas poderiam ter sido financiadas com o orçamento do Hotel Torre K-23?
Com os 200 milhões de dólares investidos no Hotel Torre K-23, poderiam ter sido financiados projetos como uma usina termelétrica, hospitais gerais e infantis, e clínicas odontológicas e oftalmológicas. Estas alternativas teriam um impacto social mais significativo na população cubana ao melhorar serviços essenciais que atualmente estão em crise.
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