Um vídeo compartilhado no TikTok pelo usuário @reiniercruz88 mostra a rua Obispo, em Havana Velha, completamente deserta no que afirma ser um sábado às 21:00. Em seu testemunho, o jovem cubano percorre esta via emblemática e expressa sua surpresa pela falta de atividade, em uma área que tradicionalmente tem sido um dos principais corredores turísticos e comerciais da capital cubana.
“Se você é cubano, com certeza reconhece este lugar, pois é um local muito movimentado durante o dia. Também era à noite”, diz enquanto caminha pela via vazia. “Mas assim que você vir como está, tenho certeza de que não o reconhecerá.” O autor qualifica a cena de “rua fantasma” e atribui o abandono à migração em massa e à queda do turismo: “Entre a quantidade de cubanos que deixaram a ilha e os poucos turistas que chegam, é por isso que esta área está assim.”
Além da rua Obispo, o jovem assegura que essa situação se repete em outros cantos do centro histórico. “Em muitas outras áreas onde costumava haver muita gente, está totalmente vazio… Você passeia por lá e não reconhece. Você diz: ‘Meu Deus, o que aconteceu aqui?’. Também lembra de uma Havana do passado, vibrante e ativa: “Os mais velhos contam que as pessoas costumavam vir aqui apenas para olhar as vitrines das lojas... Essas lojas que muitas já estão fechadas e outras, as que ainda estão abertas, vendem roupas e coisas que ninguém compra ou que ninguém precisa, ou simplesmente que ninguém pode pagar.”
Uns dias antes, a usuária @kary_v_jony também publicou no TikTok um vídeo em que reflete sobre as mudanças no bulevar habanero: “Nada é igual. Se você andou pelo bulevar de Obispo há alguns anos e volta hoje, não o reconhecerá. O que foi o coração pulsante de Havana Velha, cheio de vida, comércio e cultura, hoje mostra um rosto diferente.” Ela descreve ruas descuidadas, lixo acumulado e rostos que “pedem ajuda para sobreviver”, embora também ressalte que “o aroma do café continua flutuando no ar” e que “as marcas de sua história ainda estão ali.”
As imagens e palavras de ambos os criadores geraram reações entre os usuários: “é verdade, isso sempre estava cheio”, comentou um. “Dá medo”, acrescentou outra usuária. “Cuba não serve mais para turistar”, escreveu mais alguém. Até mesmo o próprio @reiniercruz88 respondeu: “Infelizmente não”.
O que esses testemunhos mostram está alinhado com os dados oficiais. Segundo o Escritório Nacional de Estatística e Informação (ONEI), o turismo em Cuba caiu 30% até agora em 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre janeiro e fevereiro, chegaram apenas 496.858 viajantes, dos quais 374.267 foram visitantes internacionais, uma queda de 29,1% em relação a 2024. Canadá, Rússia, Espanha e Itália lideram as maiores quedas.
La Habana Vieja não é o único cenário afetado. Em Varadero, a youtuber Karina Sánchez Rodríguez documentou a falta de vida noturna, restaurantes vazios e preços inacessíveis para os cubanos. “Não acho que um trabalhador com um salário básico, nem tampouco um profissional, possa se dar ao luxo de visitar este lugar”, comentou.
Na capital, outro vídeo viral mostrou as instalações do hotel Memories Miramar praticamente vazias. “Isso parece um hotel só para nós três... Com quem vamos socializar? Com o Casper?”, disse o tiktoker @johnfashion_official. Da mesma forma, @jonixdose percorreu ruas e negócios turísticos sem clientes em Havana Velha, como mostrou em um vídeo que evidencia a quase total ausência de visitantes em áreas antes muito movimentadas.
Apesar desse panorama, o regime cubano continua investindo na construção de novos hotéis de luxo, enquanto persistem os apagões, a escassez de produtos básicos e um sistema de transporte deficiente que impacta diretamente a experiência do visitante.
A imagem da rua Obispo vazia em pleno fim de semana torna-se assim símbolo de uma cidade que perdeu seu ritmo turístico e de uma indústria que um dia foi esperança econômica, mas que hoje, segundo muitos cubanos, já não é reconhecida.
Perguntas frequentes sobre a crise do turismo em Havana, Cuba
Por que a rua Obispo em Havana está vazia?
Segundo o vídeo compartilhado por @reiniercruz88, a falta de atividade deve-se à diminuição de visitantes e à evasão de moradores. Esta situação reflete um problema mais amplo no centro histórico de Havana Velha, onde costumava haver muito mais atividade tanto durante o dia quanto à noite.
Como a crise econômica afetou o turismo em Cuba?
A crise econômica impactou significativamente o turismo em Cuba. O número de turistas internacionais diminuiu 30% em 2025 em comparação com o ano anterior, segundo dados da Oficina Nacional de Estatística e Informação (ONEI). A queda na afluência de visitantes foi notória em destinos como Havana Velha e Varadero, onde as instalações turísticas estão quase vazias, e os serviços são inacessíveis para os cubanos devido aos seus altos custos.
Que medidas está tomando o governo cubano diante da crise turística?
O governo cubano continua investindo na construção de novos hotéis de luxo, apesar da diminuição de visitantes e das críticas recebidas. No entanto, essa estratégia tem sido questionada por não abordar os problemas estruturais e socioeconômicos que afetam o país. A falta de serviços básicos, a escassez de produtos e a infraestrutura deficiente impactam negativamente na experiência do visitante, fazendo com que muitos prefiram outros destinos caribenhos.
O que os cubanos acham sobre a situação do turismo na ilha?
Muitos cubanos expressam sua frustração e descontentamento diante da crise do turismo na ilha. Comentários nas redes sociais refletem um desencanto generalizado, com críticas às políticas do governo e ao deterioro da infraestrutura turística. A percepção é que o investimento em novos hotéis é desproporcional e não aborda os problemas reais que o setor enfrenta, como a falta de serviços básicos e o mau estado dos destinos turísticos.
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