O governo se orgulha dos avanços em parques solares enquanto persistem apagões generalizados em Cuba

Em meio a um cenário energético crítico, o governo cubano se destacou nesta segunda-feira pelo desempenho de três novos parques solares fotovoltaicos, cuja produção superou o planejado em 61 MWh, de acordo com dados da União Elétrica (UNE).

Os emplazamentos —localizados na Escola de Enfermagem em Havana, Alcalde Mayor em Cienfuegos e La Sabana em Granma— geraram um total de 337 MWh. O número foi destacado em uma nota informativa sobre a situação do Sistema Elétrico Nacional (SEN), que, no entanto, continua apresentando uma severa instabilidade.

Às 7:00 da manhã desta segunda-feira, 24 de março, a disponibilidade energética era de 1.837 MW em frente a uma demanda de 2.200 MW, o que resultou em uma afetacão de 457 MW. Para o horário de pico noturno, o déficit previsto alcançará os 1.353 MW, com cortes estimados de até 1.423 MW.

A produção dos parques solares continua sendo insuficiente para reverter a crise estrutural do SEN, marcada por constantes falhas e manutenções nas principais centrais termoelétricas do país. Atualmente, estão fora de serviço a Unidade 2 da CTE Felton e a Unidade 6 da CTE Renté, enquanto outras cinco unidades estão em manutenção.

Apesar do entusiasmo oficial, a realidade do sistema energético nacional continua distante de oferecer estabilidade à população cubana, que sofre com apagões frequentes e prolongados. No dia anterior, o máximo de afetação alcançou 1.475 MW às 20:00, momento de maior demanda.

Neste contexto, o regime intensificou a propaganda em torno à implementação da energia solar, com promessas de liderança regional em energias renováveis e a inauguração de múltiplos parques solares em tempo recorde. No entanto, especialistas alertaram que sem uma modernização profunda da rede elétrica e soluções de armazenamento eficientes, o impacto real dessas instalações será limitado.

Embora os parques solares sejam um passo positivo, a crise energética de Cuba continua sem solução à vista, enquanto o governo apela ao discurso triunfalista diante de uma população exausta pelos apagões diários.