Um recente vídeo no TikTok de uma jovem espanhola, conhecida na rede como Judit Gómez, provocou uma forte onda de reações após compartilhar sua experiência de viagem a Cuba, onde mencionou os "contras" de visitar a ilha, incluindo a falta de suprimentos, a infraestrutura deteriorada e as restrições para entrar nos Estados Unidos depois de viajar para a ilha.
A maior controvérsia surgiu ao se referir ao embargo estadounidense como "bloqueio", o que gerou uma avalanche de críticas nos comentários.
"A situação política de Cuba é complicada, o país enfrenta um bloqueio econômico, o que gera desabastecimento, afetando tanto a população quanto os turistas", afirmou em seu vídeo - que se junta a outros sobre sua experiência na ilha -, no qual acrescentou que "se a sua ideia é ir ao Caribe para ficar em um resort all inclusive e não sair do hotel, vá para o México ou para Punta Cana, que talvez sejam mais o seu lugar".
Também explicou que "se depois você quiser viajar para os Estados Unidos, precisa obter um visto especial que, pelo que entendi, leva muitos meses para conseguir".
Suas palavras desataram um aluvião de comentários que a desmentiam, com usuários insistindo que o problema de Cuba não é o embargo dos EUA, mas sim a ditadura socialista.
Alguns, além disso, replicaram que "bloqueio não, se chama comunismo", enquanto outros indicavam que "o problema de Cuba não é o embargo, mas sim seu governo" ou que "os Estados Unidos realmente vendem comida e remédios para Cuba, o governo cubano não tem dinheiro para pagar".
Também foi apontado que "dizer que o desabastecimento é por conta do bloqueio é repetir a propaganda do regime" e que "se o embargo é o problema, por que não há escassez nos hotéis de luxo?". Outros usuários opinaram que "por vídeos como este, as pessoas continuam acreditando na mentira do bloqueio" e que "Cuba tem relações comerciais com mais de 150 países, o problema é seu modelo econômico fracassado".
Após a onda de críticas, Judit Gómez respondeu com um segundo vídeo. "Considerando que a vossa capacidade de compreensão oral é bastante baixa, vou explicar bem o assunto, porque parece que não querem ouvir", disse no início do clipe. Ela assegurou que se havia documentado: "Eu me informei, busquei fontes", e mencionou a Wikipedia, a CNN e a ONU. "A Wikipedia diz que o embargo estadunidense a Cuba é um emaranhado jurídico que regula as relações econômicas. A ONU já votou 32 vezes contra esse embargo. Então, existir, existe". Adicionou que "todos aqueles espanhóis que estiveram em Cuba desde a data de designação 12/02/2021 verão canceladas suas autorizações de viagem ESTA sob o programa de isenção de visto". E embora tenha reconhecido que alguns lhe disseram que não se trata de um bloqueio, mas de sanções por estar na lista de países terroristas, replicou: "Certo, continuam sendo sanções".
Sua resposta, longe de acalmar a discussão, gerou ainda mais reações negativas. Vários usuários questionaram suas fontes e seu tom. Um deles ironizou: "Wikipedia? Sério? Essa foi a pesquisa?". Outro comentou que "dizer que o embargo é a causa da crise em Cuba é repetir o discurso do regime". Na mesma linha, alguém apontou que "Cuba comercia com o mundo todo, inclusive com os EUA, o embargo não é a razão da escassez". Também multiplicaram-se as críticas por sua atitude: "Você se incomoda porque a corrigem, mas o certo é que está desinformada", escreveu um seguidor. Outro usuário afirmou que "você não entende como funciona o governo cubano. O embargo não é a razão da crise", enquanto alguém mais opinou que "te falta humildade para admitir que você errou". Alguns lembraram que "nós, cubanos, não precisamos que você nos explique nossa realidade" e concluíram que "o verdadeiro bloqueio é o do governo cubano contra seu próprio povo".
O passado 3 de fevereiro marcou 63 anos desde que o então presidente John F. Kennedy assinou a ordem executiva que estabeleceu o embargo comercial contra o regime cubano, em resposta à expropriação de empresas americanas na ilha. Desde então, ele foi modificado em várias ocasiões, com leis como a Helms-Burton de 1996, que endureceram as sanções. No entanto, o embargo não proíbe a venda de alimentos nem de medicamentos para Cuba, e a ilha mantém relações comerciais com mais de 150 países. Apesar disso, o regime cubano tem utilizado o embargo como uma ferramenta propagandística para justificar a crise econômica do país, que na realidade se deve ao modelo socialista imposto pelo Partido Comunista.
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