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Um empresário de Hialeah foi acusado de ter lavado quase dois milhões de dólares como parte de um esquema de fraude ao programa Medicare que totalizou 41 milhões de dólares, e de ter enviado parte desses fundos para Cuba, conforme informaram as autoridades federais.
Edelberto Borges Morales, de 62 anos, foi detido por agentes federais quando se preparava para embarcar em um voo para Varadero nesta quinta-feira, conforme informou Local 10 citando como fonte o documento de acusação.
No entanto, em vez de chegar à ilha, foi transferido para o Centro de Detenção Federal do centro de Miami, onde permanece encarcerado sem que ainda tenha sido estabelecida uma fiança ou data de audiência, de acordo com registros judiciais.
Um esquema de fraude de 41 milhões de dólares
A denúncia criminal apresentada no tribunal federal de Miami alega que Borges lavou 1,9 milhão de dólares provenientes de uma fraude que envolveu três empresas de equipamentos médicos do sul da Flórida: One-Star Professional Services Inc., Med-Union Medical Center Inc. e Vida Med Center LLC.
Estas empresas apresentaram reclamações fraudulentas ao Medicare no total de 41 milhões de dólares, cobrando por equipamentos médicos duráveis (DME) "que nunca foram fornecidos", aponta a acusação.
A pesquisa revelou que os beneficiários que supostamente receberam os equipamentos "nunca tinham ouvido falar da empresa que supostamente os forneceu, nem tinham qualquer relação com o médico prescritor que constava na documentação de faturamento", conforme consta nos registros do Medicare.
"Cada um dos beneficiários entrevistados afirmou não precisar nem receber o equipamento médico durável que supostamente lhes foi prescrito", destaca a denúncia.
Em particular, um médico que figura como prescritor em One Star declarou que "nunca tinha ouvido falar de One Star" e que não exercia na direção de Medley registrada pela empresa desde 2014.
Além disso, negou ter prescrito equipamentos médicos para os pacientes vinculados às reclamações do Medicare.
A fraude foi ainda mais longe: Mais de 95% da faturação foi realizada utilizando "códigos de procedimentos relacionados a enxertos de pele e a aplicação de substitutos dérmicos", mas nenhum dos beneficiários necessitava ou havia sofrido lesões que justificassem esse tipo de tratamento.
De fato, um deles declarou aos agentes: “Me receitaram tantos enxertos de pele que devem pensar que sou uma baleia”.
O papel de Borges no esquema
As autoridades acusam Borges de ter utilizado três empresas registradas em Hialeah para lavar o dinheiro proveniente das faturações fraudulentas.
As empresas RX Exclusive e GBT Max foram constituídas em 16 de outubro de 2024, e A&MTX Group foi criada cinco dias depois.
Todas operavam a partir do mesmo endereço: um prédio de escritórios no 1275 W. 47th Place, Hialeah.
"Todas as empresas de DME enviaram cheques para as empresas de Borges", apontaram os investigadores.
Assim, após analisar as viagens do acusado, as autoridades descobriram que ele fez aproximadamente 35 viagens entre Miami e Cuba em um período de dois anos, o que alimentou a suspeita de que parte do dinheiro foi movimentado para a ilha.
A denúncia detalha que Borges tinha em seu telefone fotografias de cheques em branco da One Star, o que contradiz sua afirmação de que "não sabia que era o proprietário indicado" das empresas, e de que "nunca tinha recebido nenhum dos aproximadamente 2 milhões de dólares em cheques".
Em sua defesa, Borges afirmou que as fotos ele as tinha "porque suspeitava que o que o indivíduo pedia que ele fizesse algum dia poderia colocá-lo em problemas", de acordo com a denúncia.
Possível conexão com Cuba e risco de pena máxima
Os agentes também observaram que Borges afirmou residir nos Estados Unidos, mas que passava “um tempo significativo em Cuba devido à necessidade de ajudar um familiar”.
Agora, Borges enfrenta uma acusação federal por conspiração para cometer lavagem de dinheiro, o que pode resultar em uma condenação de até 20 anos de prisão.
O caso segue seu curso na corte federal de Miami, onde as autoridades continuam investigando a rede de empresas fantasmas e a possível transferência de fundos para a ilha.
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