Washington responde a Havana: "Haverá reuniões apenas quando necessário"

A resposta surgiu após os comentários do vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba, Carlos Fernández de Cossío, que abordou a ausência de diálogo com Washington em relação às deportações.

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Em resposta à preocupação expressa pela chancelaria cubana quanto à falta de comunicação com a administração de Donald Trump, o Departamento de Estado dos Estados Unidos assegurou que os contatos com o governo de Havana serão estabelecidos somente quando forem indispensáveis.

"Quando os Estados Unidos precisam se reunir com o governo cubano, nós o fazemos", respondeu em um e-mail enviado para Martí Noticias.

A resposta ocorreu após os comentários do vice-ministro de Relações Exteriores de Cuba, Carlos Fernández de Cossío, que abordou a ausência de diálogo com Washington sobre as deportações.

Em declarações à Reuters, De Cossío indicou que a administração Trump ainda não abordou o tema da imigração nem discutiu a possibilidade de aumentar as deportações, sublinhando que "não houve nenhum pedido dessa natureza por parte do governo dos Estados Unidos".

Além disso, o funcionário comunista lembrou que os acordos migratórios em vigor entre os dois países preveem a repatriação de cubanos deportados por via aérea e marítima, mas que nunca estavam previstas deportações em massa.

O regime e a dúvida de Carlos Fernández de Cossío

Na referida entrevista com a agência Reuters, Carlos Fernández de Cossío negou, além disso, conversas sobre um possível aumento no volume das deportações, algo que ficou claro graças à resposta obtida pelo Martí Notícias.

"Não houve nenhum pedido dessa natureza por parte do governo dos Estados Unidos", disse. "Ainda não nos sentamos para discutir se isso seria possível", acrescentou.

Deportações de cubanos para a ilha

Segundo os acordos migratórios em vigor, que datam da década de 1980, Cuba aceitou rotineiramente imigrantes deportados dos Estados Unidos por via aérea e marítima.

Desde que Trump assumiu o poder em 20 de janeiro, chegou à ilha um voo com 104 cidadãos deportados.

No entanto, Fernando de Cossío alerta que "as deportações em grande escala de cubanos inicialmente admitidos legalmente nos Estados Unidos nunca foram contempladas nos acordos migratórios entre os dois países".

Tal afirmação faz supor que o regime não facilitaria o retorno de cubanos beneficiários de programas como o parole humanitário ao governo dos Estados Unidos.

O vice-ministro apontou que quando os acordos foram assinados, a possibilidade de que os Estados Unidos admitissem e depois negassem a entrada de pessoas não era considerada razoável naquele momento.

Está previsto que ambas nações retomem o diálogo em abril, em Washington, embora Fernández de Cossío tenha expressado que, até o momento, a administração americana não confirmou oficialmente a realização desse encontro.

Cuba culpa os EUA de incentivar a migração

Desde há décadas, o governo cubano afirma que os Estados Unidos promovem a migração em massa de cidadãos da ilha ao implementar uma combinação de medidas que incluem sanções econômicas e políticas migratórias favoráveis para os cubanos.

Segundo as autoridades de Havana, as medidas têm como objetivo asfixiar economicamente o país, o que gera uma crise interna que obriga milhares de cubanos a buscar melhores condições de vida no exterior.

A seu turno, argumentam que as leis norte-americanas oferecem aos cubanos um caminho mais acessível à cidadania em comparação com outras nacionalidades, o que atua como um incentivo adicional para a emigração.

O vice-ministro cubano de Relações Exteriores insistiu nesse ponto e destacou que os cubanos que chegam ao território dos Estados Unidos o fazem em condições privilegiadas em comparação com outros migrantes.

"No derrubaram um muro, não precisaram pular uma cerca para entrar nos Estados Unidos, foram convidados", declarou o funcionário, sublinhando que as políticas migratórias de Washington favorecem os cubanos em relação a outros grupos de migrantes.

No entanto, o governo dos Estados Unidos tem uma visão diametralmente oposta.

Desde Washington, responsabiliza-se diretamente o governo comunista cubano pela atual crise migratória, argumentando que a administração da ilha tem manejado de forma inadequada a economia e violado sistematicamente os direitos humanos de sua população.

Funcionários estadunidenses apontaram que a falta de liberdades políticas, a repressão contra opositores e a crise econômica interna, agravada pela má gestão estatal, são as verdadeiras causas do êxodo cubano.

A crise migratória cubana se intensificou nos últimos anos, alcançando números sem precedentes.

Desde 2020, mais de um milhão de cubanos abandonaram a ilha, o que representa aproximadamente 10% da população total do país.

Este fenômeno, segundo analistas, não tem muitos paralelos em tempos de paz e só é comparável a movimentos migratórios em massa ocorridos em contextos de guerra ou crises humanitárias severas.

Atualmente, os cubanos são um dos principais grupos de migrantes que cruzam a fronteira entre os Estados Unidos e o México.

Muitos deles entraram no país norte-americano por meio dos programas de admissão legal implementados durante a administração de Joe Biden, enquanto outros recorreram a vias irregulares para alcançar o solo americano.

Perguntas frequentes sobre deportações e relações entre os EUA e Cuba

O que disse o Departamento de Estado dos EUA sobre as reuniões com Cuba?

O Departamento de Estado afirmou que as reuniões com o governo cubano ocorrerão apenas quando forem necessárias. Esta declaração responde às preocupações expressas pela chancelaria cubana sobre a falta de comunicação com a administração de Donald Trump, especialmente em questões migratórias.

A administração de Trump está planejando deportações em massa de cubanos?

Embora a administração Trump tenha revogado o status legal de migrantes e pausado a residência para alguns programas, o vice-ministro cubano Carlos Fernández de Cossío negou que tenham sido discutidas deportações em massa de cubanos. Não houve solicitações formais para aumentar as deportações, segundo o governo cubano.

O que Cuba diz sobre a política migratória dos Estados Unidos?

O governo cubano afirma que os Estados Unidos promovem a migração em massa de cubanos ao implementar sanções econômicas e políticas migratórias favoráveis aos cubanos. Segundo Havana, essas medidas visam estrangular economicamente o país, forçando milhares de cubanos a emigrar.

Qual é a postura dos EUA sobre a crise migratória cubana?

Desde Washington, responsabiliza-se o governo comunista cubano pela crise migratória, argumentando que a administração da ilha tem gerido deficientemente a economia e violado sistematicamente os direitos humanos. Essas ações têm sido apontadas como as verdadeiras causas do êxodo cubano.

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