Um vídeo gravado nas ruas de Trinidad, no centro de Cuba, trouxe à tona uma história pouco conhecida sobre a formação de pilotos cubanos na China durante a década de 1960.
A gravação foi publicada por uma blogueira chinesa que estava de visita na ilha. Ela caminhava por uma das antigas ruas trinitárias quando, de uma janela, um idoso se dirigiu a ela respeitosamente. O homem a cumprimentou, disse algumas palavras em chinês e contou sua história.
Se trata de Alberto Alonso Sanjuan, conhecido como Tito, um piloto veterano. Ele mostrou à jovem turista um velho caderno amarelo que certificava o treinamento que havia recebido na nação asiática, na década de 1960, junto com um grupo de colegas. Ele confessou que seu sonho é voltar a visitar Beijing.

O que parecia uma simples anedota se transformou em um fenômeno viral que alcançou a Força Aérea Chinesa e provocou um reencontro inesperado com a história e seus protagonistas.
A Força Aérea Chinesa confirma a história
A formação de pilotos cubanos na China durante a década de 1960 deve ser entendida no contexto da Guerra Fria, um período de intensa rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética.
Após a Revolução de 1959, Cuba se alinhou com o bloco comunista, estabelecendo laços estreitos com Moscovo e seus aliados, incluindo a China. Naquela época, Havana buscou fortalecer sua capacidade militar e reduzir sua dependência de equipamentos e formação estadunidense, o que levou à colaboração com nações socialistas no treinamento de pessoal aeronáutico e militar.
Antes de 1959, a formação de pilotos cubanos estava profundamente ligada aos Estados Unidos, país com o qual Cuba mantinha estreitas relações na área da aviação.
Muitos aviadores militares e civis receberam treinamento em bases americanas, incluindo instalações na Flórida, a apenas 90 milhas da ilha. Com a mudança de governo, a nova liderança cubana expulsou os assessores americanos e buscou apoio em seus novos aliados comunistas, facilitando programas de treinamento na União Soviética, China e outros países socialistas.
O vídeo da turista levou a Força Aérea Chinesa a revisar seus arquivos históricos, onde confirmaram a formação de mais de um centenar de pilotos cubanos em suas academias.
Os registros detalham que entre os anos 60 e 70, a China treinou pilotos e técnicos cubanos na operação de aeronaves, em um contexto de estreita cooperação militar entre os dois países.
Como resposta à repercussão mediática do caso no país asiático, a Embaixada da China em Cuba organizou, no dia 10 de fevereiro, em Havana, um evento para celebrar o Festival das Lanternas com uma dúzia de pilotos cubanos aposentados e suas famílias.
Dias depois, no dia 28 de fevereiro, representantes da Força Aérea Chinesa viajaram para a capital cubana para se encontrar com Tito e outros ex-alunos. Durante o encontro, os veteranos cubanos receberam mensagens de seus professores, com quem compartilharam salas de aula e treinos de voo.
Um instrutor do Antigo 12º Instituto de Aviação da Força Aérea Zhang Wanyun expressou em sua mensagem: "Desejo o melhor para suas famílias em Cuba. Espero que possamos contemplar juntos os novos aviões e as grandes mudanças na China".
Perguntas frequentes sobre a formação de pilotos cubanos na China e seu impacto
Por que pilotos cubanos foram treinados na China durante a década de 1960?
A formação de pilotos cubanos na China ocorreu no contexto da Guerra Fria, quando Cuba buscava fortalecer sua capacidade militar alinhando-se a nações comunistas após a Revolução de 1959. Esse treinamento ajudou a reduzir a dependência de equipamentos e formação dos Estados Unidos, estabelecendo laços mais estreitos com a China e outros aliados socialistas.
Como se confirmou a história do treinamento de pilotos cubanos na China?
Um vídeo gravado por uma turista chinesa em Trinidad, Cuba, levou a Força Aérea Chinesa a revisar seus arquivos, onde confirmaram a formação de mais de cem pilotos cubanos em suas academias entre os anos 60 e 70. Esse reencontro com a história foi impulsionado pelo testemunho de um piloto cubano veterano que havia participado do programa de treinamento.
Qual foi o impacto do treinamento de pilotos cubanos na China para as relações bilaterais?
O treinamento de pilotos cubanos na China fortaleceu a cooperação militar entre os dois países, consolidando os laços comunistas que surgiram após a Revolução Cubana. Esse tipo de colaboração ressalta a importância das relações históricas entre Cuba e China, especialmente no âmbito militar e político.
Qual é o contexto atual das relações entre Cuba e China?
As relações entre Cuba e China têm continuado a se fortalecer, com visitas de alto nível e cooperação em áreas como segurança, economia e política. O contexto atual mostra um estreitamento de vínculos em um momento crítico para Cuba devido às suas dificuldades econômicas, com a China reafirmando seu apoio ao regime cubano.
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