Jubilada cubana critica a corrupção e a perda de valores: “Cuba está morrendo”

Inés Casal, mãe do ativista Julio Llópiz-Casal, afirmou que Cuba está morrendo devido à indiferença social, à corrupção política e à perda acelerada de valores éticos na sociedade cubana.

Pobreza em Cuba (Imagem de referência)Foto © CiberCuba

Vídeos relacionados:

A aposentada cubana Inés Casal criticou nas redes sociais a corrupção, a indiferença social e a perda generalizada de valores éticos na ilha, afirmando que essas realidades estão levando o país a uma morte paulatina.

Em uma extensa reflexão divulgada em seu perfil no Facebook, Casal alertou sobre o deterioro moral, cívico e econômico que vive Cuba, denunciando a falta de ética e responsabilidade da Assembleia Nacional e da classe governante, a quem acusou de se alinhar com “os interesses miseráveis de uma casta corrupta e oportunista” em vez de defender os direitos e reivindicações do povo.

Captura Facebook / Inés Casal

Casal é mãe do reconhecido artista independente Julio Llópiz-Casal, um dos protagonistas do movimento 27-N, que em novembro de 2020 reuniu em frente ao Ministério da Cultura em Havana centenas de jovens, intelectuais e artistas para exigir liberdade de expressão e respeito aos direitos civis na ilha.

A aposentada lamentou especialmente o silêncio social diante de tragédias evitáveis, como o “assassinato de jovens inexperientes do Serviço Militar Obrigatório, enviados a uma morte certa e horrenda sob as ordens criminosas de quem não teve a coragem de enfrentar o que, além do mais, era de sua total responsabilidade”, ou casos como o de uma criança “afogada de maneira totalmente evitável enquanto voltava da escola para casa”.

“Buscamos o culpado em qualquer um, menos no verdadeiro, olhando para o outro lado, com uma indiferença vergonhosa, rogando para que isso não aconteça com nossos filhos ou netos”, expressou.

Também criticou duramente a atitude daqueles que “humilhamos, zombamos, acusamos os nossos idosos -que já pagam o suficiente pelos seus ‘pecados’, esquecidos por um regime que tanto lhes deve- e os ferimos com frases como: ‘Eles merecem, agora não se queixem’, esquecendo que todos temos um pouco de responsabilidade na falta de dignidade e decoro em que sobrevive nossa Pátria”.

Nesse sentido, insistiu que toda a sociedade cubana compartilha responsabilidade na crise moral atual e advertiu sobre a gravidade de continuar perdendo tempo em “discussões estéreis e apaixonadas” ou debates ideológicos que respondem mais a “interesses pessoais” do que à busca de soluções reais para Cuba.

Para a mãe do ativista do 27-N, as divisões internas distraíram a atenção do verdadeiro problema: a existência de uma cúpula governante “criminoso e oportunista” que age com total impunidade diante da passividade cidadã.

“Até que não compreendamos, de uma vez por todas, que nossas flechas devem se direcionar em uma única direção: a denúncia constante de que Cuba está nas mãos de uma cúpula criminosa e oportunista que oprime e continuará oprimindo nossa Pátria, com seu imenso poder e impunidade, apoiados por uma máfia repressora e assassina, Cuba continuará morrendo”, concluiu Casal, deixando uma interrogativa dramática no ar: “Ou será que Cuba já está morta?”.

As denúncias sobre a repressão a artistas e ativistas em Cuba têm sido constantes nos últimos anos. Em 2021, a mãe de um artista cubano pediu ao governo que interrompesse a repressão, mostrando a desesperação das famílias diante da perseguição política. Sua mensagem foi um chamado à reflexão sobre o impacto dessas medidas na sociedade.

Meses antes, em fevereiro de 2021, Casal expressou sua angústia diante da escalada de ódio e calúnias contra seu filho. Denunciou a campanha de descrédito e o assédio sistemático por parte do Estado, evidenciando o custo emocional e familiar da luta pela liberdade de expressão na ilha.

Em maio de 2021, esta corajosa mulher denunciou o assédio promovido pelo oficialista Humberto López. Segundo suas declarações, o objetivo fundamental dessa campanha midiática era descreditar seu filho e expô-lo publicamente, aumentando assim a perseguição contra opositores e suas famílias.

Em um contexto distinto, mas relacionado com a crise social e profissional em Cuba, um médico cubano refletiu sobre a difícil situação dos profissionais de saúde na ilha. Em seu depoimento, destacou as duras condições de trabalho, a falta de recursos e a frustração que muitos profissionais sentem ao não ver melhorias no sistema de saúde nem na sua qualidade de vida.

Recentemente, a destacada catedrática e ensaísta cubana Alina Bárbara López denunciou em suas redes sociais a encenação do regime para simular uma normalidade inexistente em Cuba, apesar da profunda crise que o país enfrenta.

Esses testemunhos refletem a contínua crise que diversos setores enfrentam em Cuba, desde artistas até médicos, e o crescente descontentamento social diante das condições impostas pelo regime.

Perguntas Frequentes sobre a Crise Social e Política em Cuba

Quais denúncias Inés Casal faz sobre a situação em Cuba?

Inés Casal critica a corrupção, a indiferença social e a perda de valores éticos em Cuba. Denuncia que esses problemas estão levando o país a uma morte paulatina e acusa a classe governante de alinhar-se com interesses corruptos em vez de defender os direitos do povo.

Por que Inés Casal considera que toda a sociedade cubana é responsável pela crise moral?

Inés Casal afirma que toda a sociedade cubana compartilha responsabilidade na crise moral, já que muitos preferem olhar para o outro lado e não enfrentam os problemas reais do país. Ela critica o silêncio social diante de tragédias evitáveis e a falta de ação concreta para buscar soluções.

Qual é a relação de Inés Casal com o movimento 27-N?

Inés Casal é a mãe de Julio Llópiz-Casal, um artista independente que foi protagonista do movimento 27-N. Este movimento reuniu jovens, intelectuais e artistas para exigir liberdade de expressão e respeito aos direitos civis em Cuba.

Que críticas são feitas ao governo cubano no contexto da crise atual?

O governo cubano é criticado por sua corrupção e falta de ação efetiva diante da crise social e econômica. A desconexão entre as elites governantes e a realidade da população gera descontentamento, e são acusados de viver em opulência enquanto o povo sofre com carências básicas.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.