Pedem justiça para jovem enfermeira cubana falecida em circunstâncias estranhas

A mãe da vítima mantém sua luta incansável por esclarecer os fatos e exigir justiça em um caso marcado por irregularidades e inconsistências na investigação.

A jovem enfermeira falecida há um anoFoto © Colagem Facebook/Yosmany Mayeta Labrada

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No dia 2 de março, completou-se um ano da morte de Samantha Heredia, uma jovem enfermeira de Santiago, de 22 anos, que faleceu em decorrência da aplicação de uma injeção.

Inicialmente, o caso foi reportado como um suposto feminicídio.

Captura de Facebook/Isabel Isabel

Agora se sabe que a jovem foi supostamente encontrada agonizando pelo seu marido, o médico Pedro Manuel Carmenaty, que permaneceu detido por alguns dias sob investigação, até ser liberado.

No entanto, após um ano do triste acontecimento, a mãe da jovem publicou recentemente um extenso texto intitulado “Nem um minuto de silêncio”, no qual a aflita mulher descreveu as incongruências da investigação e pede verdadeira justiça para sua filha, cujo caso aparentemente foi classificado como "suicídio".

Embora “Isabel”, nome da mãe de Samantha, aparentemente tenha excluído ou alterado as configurações de sua publicação, o jornalista Yosmany Mayeta conseguiu resgatar a tempo o relato dos acontecimentos a partir das próprias palavras da afetada.

O fatídico dia

"Sou uma mãe aflita que só busca respostas claras. Hoje, exatamente um ano atrás, às 17h22, recebo uma ligação de Pedro Manuel Carmenaty dizendo: 'Isabel, venha rápido, pegue uma moto e venha rápido'. Sem entender nada, saio desesperada com minha filha mais velha. Ao chegar ao apartamento onde eles moravam, a porta estava entreaberta e Pedro estava ao lado da minha filha. Eu me lancei sobre ela, gritando e tentando reanimá-la, mas ela já estava fria. Ele não lhe prestou auxílio.", começa explicando a mulher.

Desde o princípio, Isabel notou que algo não se encaixava. De acordo com as informações fornecidas pelas autoridades a partir da investigação realizada, Pedro saiu do apartamento por volta das 14h e retornou às 17h22, exatamente no momento em que ligou para a mãe de Samantha. Isabel se pergunta:

"O que Pedro fez das 17:00 às 17:27 (hora da morte)? Estava ele, por acaso, se divertindo ao ver minha filha agonizando?", questiona.

Isabel precisou que sua filha foi encontrada junto a vários frascos de medicamentos.

Sin embargo, quando ela retornou duas horas depois ao apartamento para buscar roupas para vestir a Samantha, essas lâmpadas já não estavam.

"Segundo vizinhos (que mantenho em anonimato), algum tempo depois que saí com o corpo da minha filha, viram um rapaz sair com um pacote enrolado", acrescenta a mulher.

Irregularidades na investigação

Desde o início, Isabel enfrentou negligências e obstáculos no processo judicial. Contratou um advogado, mas teve que dispensar seus serviços porque "nunca teve tempo de ir a Operações para se informar sobre o caso".

Assegura que as respostas das autoridades sempre foram evasivas.

"Estive quase 10 vezes em Operações averiguando e as respostas eram sempre as mesmas: 'não temos'. O instrutor do caso só o vimos uma vez, sempre nos atendia seu superior", lamenta.

Um dos pontos mais alarmantes é a denúncia do desaparecimento de provas-chave.

"Aos 37 dias da morte da minha filha, informaram-me que as investigações mostraram que as impressões digitais na seringa e no bulbo eram da minha filha. Mas a perita que atendeu o caso deixou claro que era difícil obter impressões porque estavam destilando água, encharcadas", aponta.

A mãe insistiu em conhecer o lote do medicamento que causou a morte de sua filha, pois isso permitiria rastrear sua origem.

Sin embargo, a perita não incluiu essa informação em seu relatório e quando Isabel pressionou para obtê-la, informaram-lhe que o bulbo havia se "perdido" no hospital.

"Perdeu-se a evidência de um homicídio. Sabiam que, se essa informação aparecesse, haveria uma cadeia de envolvidos”, afirma a mãe da vítima.

Um testemunho clave ignorado

Outro aspecto alarmante do caso foi a declaração de uma testemunha que afirmou que o pai de Pedro Carmenaty comentou em seu trabalho que seu filho havia matado a esposa com uma injeção e que tinha outra preparada para se suicidar.

“Levei uma testemunha para Operações que declarou que o pai de Pedro pediu permissão ao chefe para sair do trabalho porque seu filho acabava de matar sua mulher com uma injeção. O que aconteceu com essa declaração? Nada”, afirma Isabel.

Três dias após o assassinato, Pedro Manuel Carmenaty foi liberado "sob investigação", e seu pai tentou retratar-se de suas declarações iniciais.

À medida que as investigações avançavam, Isabel descobriu que os relatórios oficiais haviam sido alterados.

"Ciudadanía Provincial concluiu que 'não era um bulbo, mas sim um fragmento de vidro'. Mudaram o conteúdo do relatório”, afirma.

Denúncias sem resposta

Desesperada, a mãe da vítima apresentou queixas em diferentes instituições, sem obter nenhuma resposta concreta:

14 de abril de 2024: Apresentou uma queixa à Primeira Secretária do PCC, Beatriz Jhonson Urrutia. Nunca obteve resposta.

15 de abril de 2024: Apresentou outra reclamação na Direção Provincial de Saúde Pública, mas "lavaram as mãos".

17 de abril de 2024: Elevou sua denúncia à Federação de Mulheres Cubanas, sem sucesso.

A Procuradoria Geral Provincial argumentou que "não tinham elementos probatórios", o que Isabel questiona, pois "tudo havia desaparecido misteriosamente".

Seis meses depois, o caso foi arquivado, deixando a mãe de Samantha sem respostas.

"Estou ciente de que nada a trará de volta, mas peço justiça e respostas claras”, conclui.

Isabel continua lutando para que o suposto feminicídio de sua filha não fique impune.

Perguntas frequentes sobre o caso da jovem enfermeira Samantha Heredia

O que aconteceu com Samantha Heredia?

Samantha Heredia, uma jovem enfermeira cubana, faleceu em circunstâncias estranhas após receber uma injeção. Seu caso foi inicialmente reportado como um suposto feminicídio, mas depois foi classificado como suicídio, o que gerou controvérsia e indignação entre seus familiares, especialmente sua mãe, que denuncia incoerências na investigação oficial.

Por que a mãe de Samantha Heredia pede justiça?

A mãe de Samantha, conhecida como Isabel, denuncia negligências e irregularidades na investigação da morte de sua filha. Ela alega que provas-chave desapareceram, como o bulbo do medicamento que causou a morte, e que as autoridades têm sido evasivas em fornecer respostas claras sobre o caso.

Quais irregularidades foram apontadas na investigação da morte de Samantha Heredia?

Foram apontadas várias irregularidades na investigação do caso de Samantha Heredia. Sua mãe menciona o desaparecimento de provas, como o frasco do medicamento, e a falta de impressões digitais claras nos objetos relacionados. Além disso, há críticas ao manejo das informações por parte das autoridades, que não forneceram respostas satisfatórias.

Qual tem sido a resposta das autoridades cubanas diante do caso de Samantha Heredia?

As autoridades cubanas, segundo a mãe de Samantha, deram respostas evasivas e não forneceram elementos probatórios suficientes para esclarecer a morte de sua filha. Isabel apresentou queixas em várias instituições sem obter respostas concretas, o que gerou descontentamento e indignação entre os afetados.

Qual é a relação do caso de Samantha Heredia com outros incidentes de violência em Cuba?

O caso de Samantha Heredia se inscreve em um contexto de crescente violência e feminicídios em Cuba, onde as denúncias de negligência e irregularidades nas investigações são comuns. A falta de um sistema eficaz para lidar com esses casos e proteger as vítimas de violência de gênero é um problema persistente no país.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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