Lech Wałęsa a Trump: “Nos encheu de horror e desagrado” por seu tratamento a Zelenski

Ex-líderes polacos criticaram Trump por seu tratamento a Zelenski, ressaltando o sacrifício de soldados ucranianos e destacando a importância do Memorando de Budapeste na defesa da Ucrânia.

Lech Wałęsa e Donald TrumpFoto © Facebook / Lech Wałęsa

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O ex-presidente da Polônia e líder histórico do movimento Solidariedade, Lech Wałęsa, junto com 38 ex-prisioneiros políticos poloneses, expressou sua "horror e desgosto" pelo tratamento que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dispensou ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, durante seu recente encontro na Casa Branca.

Em uma carta aberta dirigida a Trump, os signatários qualificaram como "insultante" a expectativa de que Ucrânia mostre gratidão pela assistência material fornecida pelos Estados Unidos em sua luta contra a invasão russa.

En ese sentido, sublinharam que "a quem devemos agradecer são os heróicos soldados ucranianos que derramaram sangue em defesa dos valores do mundo livre. Eles são aqueles que têm morrido nas linhas de frente".

A carta também destacou a preocupação com o clima durante a conversa no Salão Oval, que lhes recordou os interrogatórios sofridos nas mãos dos serviços de segurança comunistas.

"Os promotores e os juízes, agindo em nome da poderosa polícia política comunista, nos explicavam que eles tinham todo o poder enquanto nós não tínhamos nenhum", apontaram. "Nos surpreende que o presidente Volodimir Zelenski tenha sido tratado da mesma maneira."

Wałęsa, laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1983 por sua luta em favor dos direitos dos trabalhadores e das liberdades universais, publicou a carta em sua página do Facebook, acompanhada de uma fotografia sua com Trump.

Entre os outros signatários estão figuras proeminentes como Adam Michnik, Bogdan Lis, Seweryn Blumsztajn e Władysław Frasyniuk, todos eles antigos ativistas da democracia que foram encarcerados pelo regime comunista apoiado por Moscovo na Polônia antes de 1989.

A carta também faz um apelo aos Estados Unidos para que respeite as garantias assumidas junto com a Grã-Bretanha no Memorando de Budapeste de 1994, que estabelecia a obrigação de defender a integridade territorial da Ucrânia em troca da renúncia às suas armas nucleares.

Os signatários enfatizam que "essas garantias são incondicionais; em nenhum momento se menciona que essa assistência é considerada uma transação econômica".

Este pronunciamento ocorre em um contexto de crescentes tensões entre Washington e Kiev.

La Casa Branca exigiu que Zelenski mostre mais abertura para possíveis concessões para acabar com os combates, mas o presidente ucraniano demonstrou resistência em assinar um acordo que não oferece garantias duradouras para a paz, ao mesmo tempo em que insiste em continuar buscando a fórmula para obter maiores garantias de segurança de Washington.

A postura de Wałęsa e dos demais signatários reflete uma profunda preocupação com a situação na Ucrânia e uma crítica direta à política da administração Trump em relação ao país. Seu apelo para reconhecer e honrar o sacrifício dos soldados ucranianos ressoa como um lembrete dos valores democráticos e de liberdade que eles mesmos defenderam em sua luta contra o regime comunista na Polônia.

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