O motivo pelo qual familiares de três venezuelanos enviados a Guantánamo processaram o governo dos EUA.

A ação legal busca obter informações sobre as condições de detenção e garantir o acesso à assistência jurídica para os afetados


Um grupo de organizações defensores dos direitos humanos entrou com uma ação contra a Administração Trump em nome dos familiares de três imigrantes venezuelanos enviados para a Base Naval de Guantánamo.

A ação legal busca obter informações sobre as condições de detenção e garantir o acesso à assistência legal para os afetados, que, segundo a queixa, estão incomunicados.

A demanda foi apresentada pela União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) e pelo Centro para os Direitos Constitucionais, entre outras organizações.

Uno dos casos mencionados é o de uma mulher que descobriu que seu irmão estava detido em Guantánamo após ver uma fotografia publicada pelo governo dos Estados Unidos.

O DHS confirmou a transferência de um dos migrantes, Luis Alberto Castillo, de 30 anos, para a base naval de Guantánamo. Sua irmã, Yajaira Castillo, denuncia que a situação de seu irmão é injusta.

Segundo os advogados de direitos civis, a administração Trump não esclareceu a duração da reclusão desses migrantes nem forneceu informações sobre o arcabouço legal que justifica sua detenção.

A família de Castillo garante que ele foi enviado a Guantánamo apenas dias após ter ingressado nos EUA através do aplicativo CBP One. Negam que ele seja membro da gangue Tren de Aragua e afirmam que ele foi detido apenas por causa de uma tatuagem.

As autoridades argumentaram que alguns dos imigrantes enviados para a base naval têm vínculos com a organização criminosa transnacional Tren de Aragua, uma acusação que foi rejeitada pelos familiares de vários dos detidos.

Tal é o caso também de Tilso Gómez, um mecânico de 37 anos cuja família nega que ele seja um criminoso, e afirmam, igualmente, que ele foi detido apenas por causa de suas tatuagens.

De acordo com CBS News, o governo dos EUA transferiu pelo menos cem venezuelanos para Guantánamo.

Sin embargo, não forneceu detalhes sobre suas identidades nem sobre o marco legal sob o qual foram detidos.

Reações e críticas à transferência de migrantes para Guantánamo

O Departamento de Segurança Nacional (DHS) defendeu as detenções, argumentando que os imigrantes têm acesso à comunicação com advogados.

No entanto, os familiares e organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram que não conseguiram estabelecer contato com os detidos.

“Se a União de Liberdades Civis AMERICANAS está mais interessada em migrantes criminosos altamente perigosos do que em cidadãos americanos, deveriam mudar de nome”, declarou a porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin, em um e-mail à agência EFE

Casos de imigrantes detidos

Os imigrantes em questão não foram presos nas ruas, mas já estavam sob custódia em centros de detenção no Texas, alguns há mais de cinco meses.

Isso contradiz a versão do Governo dos EUA, que afirma que os “retiraram” das ruas.

EFE realizou uma investigação e não encontrou antecedentes criminais nos EUA que vinculem três dos detidos com o Trem de Aragua.

Impacto e consequências legais

A administração Trump manifestou sua intenção de transferir dezenas de milhares de imigrantes para Guantânamo, o que, segundo os demandantes, poderia estabelecer um precedente perigoso.

“A detenção de imigrantes em Guantánamo sem acesso a advogados ou proteções básicas é uma grave violação dos seus direitos e um abuso alarmante do poder governamental”, afirmou Rebecca Lightsey, codiretora da American Gateways.

Por sua parte, Lee Gelernt, do Projeto de Direitos dos Imigrantes da ACLU, destacou: “Ao enviar imigrantes para uma ilha remota, isolando-os de advogados e familiares, o governo está demonstrando seu desprezo pelo Estado de direito”.

A demanda destaca que a base de Guantánamo tem sido utilizada no passado para operar em segredo, sem prestação de contas.

Além da ACLU e do Centro pelos Direitos Constitucionais, a queixa conta com o apoio de organizações como o Projeto Internacional de Assistência para Refugiados (IRAP), o Las Americas Immigrant Advocacy Center, a RAICES, a American Gateways e a Americans for Immigrant Justice.

Lista de migrantes detidos em Guantánamo

The New York Times obteve uma lista parcial de 53 dos imigrantes enviados de um centro de detenção no Texas para um edifício penitenciário na Base Naval de Guantánamo.

De acordo com o jornal, o Governo dos Estados Unidos os descreveu como “estrangeiros ilegais de alto risco” ou membros de bandas violentas, embora não tenha apresentado provas concretas disso.

Entre os nomes que aparecem na lista estão:

Acosta Carreno, Yonniel Daniel.
Alviares Armas, Jhonatan Alejandro.
Azocar-Moreno, Alexandro.
Bastidas Paz, Jhoan.
Bellorin-Cardiel, Javier Alejandro.
Bermudez Gamez, Jose.
Briceno-Rojas, Adrian Jose.
Cardozo Oliveros, Carlos.
Castillo Rivera, Luis Alberto.
Ceballos-Jemenez, Kleiber Eduardo.
Chirino Torres, Jonathan.
Chirinos Rodriguez, Edixon Leonel.
Duarte-Marin, Allinzon.
Duran-Arape, Mayfreed.
Escalona Hernandez, Jefferson *.
Esteira Medina, Misael Jose.
Gomez Lugo, Tilso Ramon.
Guerrero Mejias, Bryan Sleydher.
Guevara-Varguillas, Sergio Gabriel.
Guilarte, Oswal Yonaiker.
Liendo-Liendo, Endry Jose.
Lindado Mazo, Ricardo Jose.
Marquez Sanchez, Jesus David.
Medina Andrade, Jose Gregario.
Mendez Canas, Freddy Javier.
Mendez Ramos, Jesus Enrique.
Montes Fernandez, Franyer.
Mundaray-Salazar, Argelis Jose.
Orelanna, Deiby Jose *.
Oviedo-Hurtado, Brayan Alberto.
Palma-Osorio, Carlos David.
Paredes Salazar, Jose Alejandro.
Prado Pirona, Jesus.
Purroy Roldan, Yoiner Jose.
Quintero Quintero, Yohanderson.
Rios Salas, Luis Alberto.
Rivas-Rivas, Lorwis Jose.
Rivero Pinero, Brayan.
Rodriguez Diaz, Kevin.
Rodriguez Fermin, Rafael.
Rojas Pena, Junior.
Sanchez Vasquez, Junior.
Sandovalascanio, Anthony Yosmar.
Santana-Jara, Andres.
Simancas Rodriguez, Jose.
Sulbaran D’Avila, Erick Johan.
Tiberio-Pacheco, Julio.
Uvieda Machado, Alexis.
Uzcategui Uzcaegui, Diuvar *.
Velazquez-Penaloza, Julio Jose.
Villasana Villegas, Douglas Jesus.
Wullians Oropeza, Daimer.
Yanes-Gonzalez, Ali Jose.

Até a data, a situação desses migrantes continua sem resolução, e as organizações demandantes seguem pressionando para que lhes seja garantido o acesso à assistência legal e a direitos básicos em seu processo migratório.

Perguntas frequentes sobre a detenção de venezuelanos em Guantânamo

Por que imigrantes venezuelanos foram enviados a Guantânamo?

O governo dos EUA, sob a administração de Donald Trump, transferiu imigrantes venezuelanos para a Base Naval de Guantánamo, alegando que alguns são membros da banda criminosa Tren de Aragua. No entanto, os familiares e advogados dos detidos negam essas acusações, argumentando que foram detidos sem provas concretas.

Quais organizações estão envolvidas na defesa dos direitos dos detidos em Guantánamo?

Várias organizações entraram com ações judiciais para defender os direitos dos detidos em Guantánamo. Entre elas estão a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) e o Centro para os Direitos Constitucionais, que exigem transparência sobre as condições de detenção e acesso à assistência jurídica para os imigrantes.

Qual é o argumento do governo dos EUA para justificar essas detenções?

O governo dos EUA sustenta que os imigrantes transferidos para Guantánamo são considerados de alto risco, alegando vínculos com atividades criminosas. No entanto, as acusações de pertencimento a gangues criminosas como o Tren de Aragua não foram respaldadas por provas concretas, segundo investigações e declarações dos advogados de defesa.

Que impacto legal poderia ter esta situação para os detidos e suas famílias?

O traslado de imigrantes para Guantánamo sem um claro marco legal e sem acesso à assistência jurídica pode estabelecer um preceito perigoso de violação dos direitos humanos. Os detidos e suas famílias enfrentam incerteza sobre a duração da detenção e o acesso a um devido processo.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.