O papa Francisco condena as deportações em massa de Trump e faz um alerta

A postura do Papa recebeu o apoio de importantes setores da Igreja Católica americana.

Papa Francisco (i) e Donald Trump (d)Foto © Collage YouTube/Captura de Tela-Diário AS - Flickr/Gage Skidmore

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O papa Francisco emitiu uma condenação contundente contra as deportações em massa implementadas pela administração de Donald Trump nos Estados Unidos e alertou que "o que é construído sobre a força, terminará mal".

Em uma extensa carta dirigida aos bispos americanos, o pontífice argentino alertou sobre as graves consequências humanas dessas medidas que ferem "a dignidade de muitos homens e mulheres, de famílias inteiras".

Um apelo à compaixão e à dignidade humana

O papa Francisco, conhecido por sua constante defesa dos direitos dos migrantes, expressou sua preocupação com a situação nos Estados Unidos em razão da política de deportações em massa da Administração Trump.

Francisco começou criticando a ideia de que ser ilegal é ser criminoso.

No entanto, o Sumo Pontífice admitiu "o direito de uma nação se defender e manter suas comunidades a salvo daqueles que cometeram crimes violentos ou graves enquanto estão no país ou antes de chegar".

Sin embargo, para Francisco "o ato de deportar pessoas que em muitos casos residiram por um longo período no país de acolhida, trabalhando, criando raízes, contribuindo para o progresso e o respeito ao meio ambiente, fere a dignidade de muitos homens e mulheres, de famílias inteiras, e os coloca em um estado de especial vulnerabilidade e indefesos”.

O Papa também se referiu ao impacto moral e ético dessas medidas, sublinhando que um Estado de direito se valida pela maneira como trata os mais desprotegidos.

"Um verdadeiro Estado de direito se verifica precisamente no tratamento digno que merecem todas as pessoas, especialmente os mais pobres e marginalizados", apontou a máxima autoridade da Igreja Católica.

O Papa defendeu uma migração "legal e ordenada", mas, ao mesmo tempo, pediu para acolher, promover e integrar os mais frágeis, desprotegidos e vulneráveis.

O Sumo Pontífice, que tem sido um defensor incansável da causa migratória durante seus dez anos de pontificado, alertou de maneira contundente sobre as consequências de basear a política na força.

"O que se constrói com base na força, e não a partir da verdade sobre a igual dignidade de todo ser humano, começa mal e terminará mal, disse de forma contundente sobre as deportações em massa", afirmou.

O vice-presidente de Trump, JD Vance -que é católico- defendeu as deportações utilizando o conceito teológico ordo amoris, argumentando que a hierarquia do amor cristão deve priorizar os cidadãos nacionais em relação aos migrantes.

Francisco, em sua carta, refutou essa interpretação ao afirmar: "O amor cristão não é uma expansão concêntrica de interesses que pouco a pouco se estendem a outras pessoas e grupos.

El verdadeiro ordo amoris que devemos promover é aquele que descobrimos meditando constantemente sobre a parábola do bom samaritano, ou seja, meditando sobre o amor que constrói uma fraternidade aberta a todos, sem exclusão".

"Exorto a todos os fiéis da Igreja Católica, e a todos os homens e mulheres de boa vontade, a não cederem às narrativas que discriminam e fazem sofrer desnecessariamente nossos irmãos migrantes e refugiados. Com caridade e clareza, todos somos chamados a viver em solidariedade e fraternidade, a construir pontes que nos aproximem cada vez mais, a evitar muros de ignomínia, e a aprender a dar a vida como Jesus Cristo a ofereceu, para a salvação de todos", pediu Francisco.

No segmento final de sua carta, o Papa invocou a Santíssima Virgem Maria de Guadalupe para que proteja as pessoas e as famílias que vivem com medo ou com dor a migração e/ou a deportação.

"Que a 'Virgem morena', que soube reconciliar os povos quando estavam em conflito, nos conceda a todos reencontrar-nos como irmãos, no interior de seu abraço, e assim dar um passo à frente na construção de uma sociedade mais fraterna, inclusiva e respeitosa da dignidade de todos", concluiu.

A postura do Papa recebeu o apoio de importantes setores da Igreja Católica americana.

A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos já havia manifestado sua oposição às políticas migratórias de Trump, destacando que "são profundamente preocupantes e terão consequências negativas, muitas das quais prejudicarão os mais vulneráveis entre nós".

O diretor do Centro de Religião e Cultura da Universidade de Fordham, David Gibson, comentou que a carta de Francisco "ataca cada afirmação teológica absurda de JD Vance e seus aliados no catolicismo conservador".

A relação entre Francisco e Donald Trump -quem visitou o Vaticano em 2017- tem sido marcada por profundas diferenças em matéria de imigração.

Desde a campanha presidencial de 2016, o Papa criticou a ideia de construir um muro na fronteira com o México, apontando que "quem constrói muros em vez de pontes, não é cristão".

As recentes deportações em massa implementadas pelo governo de Trump resultaram na detenção de milhares de migrantes.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, informou que mais de 8.000 pessoas haviam sido presas em ações de controle migratório desde o início do novo governo.

Algumas delas foram deportadas, enquanto outras permanecem detidas em prisões federais ou na Baía Naval de Guantánamo em Cuba.

O debate sobre a política migratória nos Estados Unidos continua a polarizar a opinião pública e gerou tensões dentro da comunidade católica.

Enquanto alguns setores apoiam as medidas de controle migratório, outros enfatizam a responsabilidade moral e cristã de acolher e proteger os mais vulneráveis.

Perguntas frequentes sobre a condenação do Papa Francisco às deportações em massa de Trump

Qual foi a postura do Papa Francisco sobre as deportações em massa nos Estados Unidos?

O Papa Francisco condenou as deportações em massa implementadas pela administração de Donald Trump, alertando que "o que é construído sobre a força, acabará mal". Em uma carta aos bispos americanos, enfatizou o impacto negativo dessas políticas na dignidade humana.

Quais argumentos o Papa utilizou para criticar as políticas migratórias de Trump?

El Papa Francisco argumentou que as medidas de deportação prejudicam a dignidade de homens e mulheres, especialmente aqueles que fogem de situações de vulnerabilidade extrema. Destacou que um verdadeiro Estado de direito é medido pelo tratamento aos mais desprotegidos.

Qual foi a resposta à postura do Papa Francisco nos Estados Unidos?

A postura do Papa Francisco recebeu o apoio de importantes setores da Igreja Católica americana, incluindo a Conferência de Bispos Católicos, que já havia manifestado sua oposição às políticas migratórias de Trump por serem profundamente preocupantes.

Como o vice-presidente de Trump respondeu às críticas do Papa Francisco?

O vice-presidente de Trump, JD Vance, defendeu as deportações utilizando o conceito teológico ordo amoris, priorizando os cidadãos nacionais sobre os migrantes. No entanto, o Papa rebateu essa interpretação, defendendo um amor cristão sem exclusões.

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