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Donald Trump impediu o acesso de um jornalista da The Associated Press (AP) a um evento no Salão Oval nesta terça-feira, após a recusa da agência de notícias em alterar seu estilo editorial ao se referir ao Golfo do México, que o presidente americano ordenou renomear como “Golfo da América”.
Esta ação, que também afetou um segundo jornalista da AP em um evento posterior realizado na Sala Diplomática da Casa Branca, gerou uma onda de críticas e preocupações sobre a liberdade de imprensa no país.
Julie Pace, vice-presidente sênior e diretora executiva da AP, denunciou a ação como um ataque à independência jornalística.
“É alarmante que o governo Trump puna a agência AP por seu jornalismo independente”, afirmou Pace em um comunicado.
“Limitar nuestro acceso al Despacho Oval con base en el contenido del discurso de la AP no solo obstaculiza gravemente el acceso del público a noticias independientes, sino que a todas luces viola la Primera Enmienda” de la Constitución de Estados Unidos.
O governo Trump não fez comentários oficiais sobre a medida e não houve indícios de que outros jornalistas fossem afetados.
No entanto, a relação de Trump com a mídia tem sido hostil desde seu primeiro mandato, e esta decisão reforça a preocupação com a censura em sua Administração.
A polêmica sobre o nome do Golfo do México
O Golfo do México, um corpo d'água que mantém esse nome há mais de 400 anos, é compartilhado pelos Estados Unidos e pelo México.
A decisão de Trump de renomeá-lo como “Golfo dos Estados América” foi recebida com críticas e chacotas, especialmente por parte da presidenta do México, Claudia Sheinbaum, que respondeu à medida com sarcasmo.
A agência AP, três dias após a posse de Trump, deixou claro que continuaria usando o termo “Golfo do México”, embora informasse sobre a decisão do presidente.
“Como agência de notícias global que distribui informações em todo o mundo, AP deve garantir que os nomes de lugares e a geografia sejam facilmente reconhecíveis para todos os públicos”, explicou a agência em um comunicado.
O estilo da AP não é apenas seguido pela agência, mas seu manual de estilo é referência para milhares de jornalistas e redatores em todo o mundo.
A decisão da Casa Branca de condicionar o acesso da imprensa com base em um estilo editorial tem sido criticada por diversas organizações defensoras da liberdade de imprensa.
Condições para a imprensa na era Trump
Tim Richardson, diretor do programa de jornalismo da PEN America, qualificou a proibição da Casa Branca como “uma ofensa à Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que proíbe o governo de obstruir a liberdade de imprensa.”
Por sua vez, a Associação de Correspondentes da Casa Branca (WHCA) emitiu um comunicado no qual rejeitou veementemente a medida e pediu ao governo de Trump que retifique imediatamente.
“A Casa Branca não pode dictar como as organizações de notícias informam os fatos, nem deveria penalizar os jornalistas ativos porque não está satisfeita com a decisão de seus editores”, expressou Eugene Daniels, presidente da associação.
Repercussões em outras plataformas
A mudança de denominação também gerou consequências em outras plataformas.
Esta semana, Google Maps começou a utilizar “Golfo de América”, argumentando que segue uma “prática habitual” de acatar as disposições do governo dos Estados Unidos em relação a esses assuntos.
Apple Maps, a princípio, manteve “Golfo do México”, mas posteriormente fez modificações, permitindo que ambas as denominações aparecessem em buscas específicas.
Este não é o primeiro esforço de Trump para modificar nomes geográficos. Anteriormente, ele reverteu a decisão do ex-presidente Barack Obama de chamar Denali a montanha do Alasca conhecida como monte McKinley, restabelecendo seu nome em homenagem ao 25º presidente dos Estados Unidos.
O desmantelamento da transparência governamental
Repórteres Sem Fronteiras (RSF) alertou em um relatório recente que a administração Trump aumentou as restrições ao acesso à informação governamental.
O governo de Trump, em apenas três semanas, eliminou páginas web oficiais, restringiu dados antes acessíveis ao público e limitou o acesso de jornalistas à Casa Branca e ao Pentágono.
A organização instou o Congresso dos Estados Unidos a tomar medidas urgentes para conter essa tendência.
A administração Trump também mudou as regras de credenciamento da imprensa, permitindo que podcasters e influenciadores solicitem credenciais, ao mesmo tempo em que limita o acesso aos meios de comunicação tradicionais.
Da mesma forma, o Pentágono anunciou a rotatividade de pessoal em seus escritórios, afetando organizações como NBC News, The New York Times e National Public Radio.
Perguntas frequentes sobre a polêmica do "Golfo da América" e a liberdade de imprensa na era Trump
Por que Donald Trump decidiu mudar o nome do Golfo do México para "Golfo da América"?
Donald Trump ordenou renomear o Golfo do México como "Golfo da América" como parte de sua política de restaurar nomes que considera que honram a grandeza americana. Essa decisão tem sido criticada internacionalmente, especialmente pelo México, uma vez que o nome "Golfo do México" é reconhecido há mais de 400 anos e sua mudança poderia afetar as relações diplomáticas.
Quais têm sido as repercussões da decisão de Trump de trocar o nome do Golfo do México?
A mudança de nome gerou críticas e tensões diplomáticas com o México e outros países que compartilham o golfo. Plataformas como o Google Maps começaram a usar o novo nome nos EUA, enquanto a imprensa e a comunidade internacional criticam a medida como uma tentativa de impor a dominação americana em uma massa de água compartilhada. Além disso, isso reacendeu o debate sobre a liberdade de imprensa e a censura na era Trump.
Quais são as implicações do veto de Trump aos jornalistas da AP no Gabinete Oval?
O veto a jornalistas da AP por parte de Trump foi visto como um ataque à liberdade de imprensa e à Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos. A medida foi condenada por organizações que defendem a liberdade de imprensa e é considerada uma tentativa de punir os meios de comunicação por não se alinharem às preferências editoriais do governo, o que poderia dificultar o acesso do público a notícias independentes.
Como o México reagiu à decisão de renomear o Golfo do México?
O México rejeitou categoricamente a decisão de Trump de renomear o Golfo do México, considerando-a inadequada e sem validade internacional. A presidente Claudia Sheinbaum enfatizou que o nome histórico é respaldado por tratados bilaterais e não pode ser alterado unilateralmente por um país. A medida foi vista como um ato de imposição e gerou tensões diplomáticas.
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