O governante Miguel Díaz-Canel visitou o município de Najasa, em Camagüey, e demonstrou interesse pelas dificuldades que a população enfrenta no meio da pior crise energética da história de Cuba.
Rodeado de um numeroso grupo de seguranças, autoridades e jornalistas -salpicado por alguns poucos moradores locais (dos mais de 15 mil najasenses censados em 2017)-, o também primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC) deixou diante das câmeras de TV Camagüey uma nova demonstração da incompetência e da propaganda governamental.
"Os apagões nesses dias difíceis, não? Quantas horas estão sem luz? 20? 20 é muito. Mas agora já vai começar a melhorar, já no fim de semana deve entrar Guiteras, e Felton está prestes a entrar também. Então já devemos começar já...", afirmou o mandatário em uma tentativa de tranquilizar uma população esgotada pelo colapso do sistema elétrico."
El viernes 7 de fevereiro, dia em que Díaz-Canel visitou Najasa, o sistema elétrico nacional (SEN) tinha sete unidades termoelétricas fora de serviço e as interrupções previstas chegavam a 1,436 MW. Além disso, outra falha na central termoelétrica (CTE) Antonio Guiteras impedia sua sincronização ao SEN, o que a CTE Lidio Ramón Pérez (Felton) de Holguín conseguiu.
Em meio a um momento de intensa crise do SEN, o governante admitiu que os apagões de até 20 horas diárias eram "muito", mas prometeu melhorias iminentes com a entrada em funcionamento de usinas geradoras e parques fotovoltaicos.
"Este mês vamos ter… no dia 21 de fevereiro teremos os dois primeiros parques fotovoltaicos que serão incorporados da nova investimento… Em março temos mais 6 parques fotovoltaicos que entrarão em funcionamento e assim iremos expandindo, e quando terminarmos o ano, teremos mais de 1.000 megawatts em parques fotovoltaicos, o que ajudará muito a alcançar a estabilidade de…", declarou Díaz-Canel de maneira vaga.
Enquanto a população cubana sofre com apagões extremos, o governo continua gastando em propaganda e em manter uma cúpula privilegiada que não enfrenta a crise energética, a julgar por seus constantes deslocamentos pela ilha e as reuniões diárias em salões climatizados.
No entanto, a pobreza, o deterioro dos serviços públicos e a falta de acesso a bens básicos contrastam com a imagem que os meios oficiais tentam projetar.
Apesar da precariedade da infraestrutura e das carências que os habitantes enfrentam, Díaz-Canel assegurou que "o povo se vê muito organizado, muito bonito, muito limpo". E cumprimentou o pioneiro que lhe foi apresentado, perguntando-lhe sobre a escola.
"Pouco a pouco iremos arrumando as ruas, faremos calçadas… E continuaremos trabalhando como vocês têm feito, participando, propondo… E a cada ano, vamos colocando no plano o que for possível fazer com os recursos que…", disse o governante aos najasenses, com um tom de evidente desânimo próprio de alguém que deseja acabar de uma vez com uma situação que lhe causa preguiça e desconforto.
Najasa: Da prosperidade à decadência
Antes de 1959, Najasa fazia parte do município de Camagüey e contava com uma economia baseada na pecuária e na produção de açúcar.
Seu engenho açucareiro, o Central Najasa, era uma fonte de emprego para milhares de trabalhadores e sua infraestrutura fazia parte do desenvolvimento que caracterizava a região. Na década de 1950, Camagüey contava com quase meio milhão de gado e uma extensa rede de fazendas produtivas.
Com o triunfo da chamada "revolução cubana", Najasa foi convertido em um município independente em 1976, perdendo sua conexão com a capital provincial. A estatização da indústria açucareira, em vez de trazer progresso, provocou o colapso da economia local. Em 2002, o engenho açucareiro foi fechado definitivamente e demolido, deixando a população sem uma fonte de emprego e afundando a região no subdesenvolvimento.
As visitas de Díaz-Canel aos municípios tornaram-se em simples espetáculos de propaganda, nos quais se prometem melhorias que nunca chegam. No caso de Najasa, a história testemunha como o castrismo destruiu uma região que no passado foi próspera, transformando-a em um lugar marcado pela miséria e pela desesperança.
Os cubanos continuam a sofrer os efeitos de uma administração ineficiente, que prioriza o discurso político em detrimento das verdadeiras necessidades do povo. Enquanto isso, o regime continua a oferecer promessas recicladas que não resolvem os problemas de infraestrutura nem a crise energética que afeta toda a nação.
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