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O recente anúncio do regime cubano sobre a permanência das contas em Moeda Livremente Conversível (MLC) gerou indignação na população.
Muitos cidadãos expressaram frustração nas redes sociais, denunciando que o sistema financeiro da ilha não lhes oferece acesso real aos dólares depositados nos bancos, convertidos em MLC, enquanto o governo agora abre lojas que aceitam apenas pagamentos em moeda estrangeira.
As promessas do regime sobre a validade da moeda digital carecem de credibilidade para muitas pessoas que veem as lojas em MLC vazias, ao contrário das que aceitam dólares.
Alberto Javier Quiñones, vice-presidente Primeiro do Banco Central de Cuba, interveio nesta quarta-feira no espaço oficialista Mesa Redonda para assegurar que "as contas em MLC que hoje os clientes têm com seus bancos não desaparecem" e que os rumores sobre a sua eliminação são "falsos".
Também afirmou que "se garante o compromisso dos bancos e seus clientes com os fundos que estes tiverem". No entanto, os cubanos reagiram com ceticismo e descontentamento diante das declarações do funcionário, pois consideram que o governo deixa as contas em MLC aprisionadas em um limbo financeiro.
Indignação dos cubanos nas redes sociais
Os cidadãos denunciaram que, apesar de terem fundos em MLC respaldados em dólares e euros, não conseguem utilizá-los nas novas lojas em USD. A situação gerou inúmeras críticas e confusão sobre o acesso a bens de primeira necessidade.
Um usuário nas redes expressou: "O que nunca explicaram é por que esse cartão MLC, que também tem respaldo em USD, não pode ser usado nessas lojas, se no final o governo é quem controla todo esse dinheiro em Cuba."
Outro cubano denunciou a falta de transparência no sistema bancário: "E por que meu cartão MLC, respaldado em USD depositados fora de Cuba, não me serve para as lojas em dólares? Com o que vão abastecer os dois tipos de lojas se não há para uma?"
A confusão e a raiva se tornam mais evidentes em testemunhos como o seguinte:
"O que querem é nos deixar loucos. A família manda euros ou dólares, eles chegam ao cartão e no caminho se convertem em MLC. Depois você vai à loja e está vazia, não há nada em MLC, mas temos lojas novas em USD. Você vai com seu cartão em MLC, que supostamente são dólares, e não aceitam isso. Tem que ter o cartão Clássico. Você vai ao banco, pede para transferir seus euros ou dólares para o Clássico e te dizem que não, que não são dólares, que são MLC. Com muito esforço, você compra dólares com os MLC e coloca dinheiro no Clássico, perdendo um monte de dinheiro no processo. Finalmente, você chega à loja e com o preço que tudo tem não dá para comprar mais do que uma garrafa de óleo e uma maçã. De volta, algumas balas. Você chega em casa e sua esposa pergunta se isso foi tudo que você comprou pelo montante de MLC que tinha. Você coloca a bala na boca dela, dá um beijinho e liga para Mazorra para ver se eles têm capacidade para mais uma pessoa."
A desconfiança no sistema financeiro cubano cresce
As críticas não se concentram apenas na conversão de moedas, mas também na falta de confiança no sistema bancário cubano. Um usuário escreveu:
Mas ninguém perguntou se desaparecem ou não. As pessoas perguntam POR QUE não se pode comprar com esse cartão nas novas lojas se o MLC é um valor que foi depositado no banco. Onde está esse dinheiro? Será que poderá sacar o MLC em dinheiro para poder comprar nessas lojas? O que acabaram de publicar não responde a nada. E nos bancos de Cuba não se pode confiar. Quem guarda um dinheiro lá para usar quando tiver um problema ou uma emergência está louco porque, acreditem, é uma fraude. A confiança, uma vez quebrada, é muito difícil de reconstruir. E vocês a romperam, a passaram pelo moinho, a transformaram em pó e a usaram como adubo
Outro cidadão questionou a desigualdade no acesso a bens essenciais:
Fincimex, explique-nos como um trabalhador que ganha o salário mínimo de 2.200 pesos pode adquirir algum produto nessas lojas em dólares, que é onde se encontram a grande maioria dos alimentos e itens necessários para o lar. Preciso saber o que está sendo feito para que toda a população possa usufruir dessas vantagens, já que o cubano comum não pode nem sonhar com isso. Supostamente, iriam abastecer as lojas de moeda nacional com essas divisas e isso nunca aconteceu. Na verdade, têm retirado tudo. Já não chega nada
Dolarização da economia cubana e exclusão social
O governo defendeu a dolarização parcial como uma "medida importante para garantir recursos no país" e para "garantir a interligação dos setores da economia", conforme afirmou a vice-ministra do Ministério da Economia e Planejamento, Mildrey Granadillo.
No entanto, a maioria dos cidadãos vê essa medida como um mecanismo de exclusão, onde apenas aqueles que têm acesso a dólares podem adquirir produtos básicos.
A coexistência de lojas em MLC e em dólares apenas agravou a crise de confiança no sistema financeiro cubano.
Enquanto o regime insiste que as contas em MLC não desaparecerão, os cidadãos se perguntam qual é o sentido de manter um saldo em uma moeda que não lhes permite acessar bens de primeira necessidade. A indignação cresce e "a confiança no sistema financeiro cubano está quebrada para sempre".
Perguntas Frequentes sobre as Contas em MLC e a Dolarização em Cuba
O que está acontecendo com as contas em MLC em Cuba?
As contas em MLC, segundo o governo cubano, não desaparecerão, apesar dos rumores sobre sua eliminação. No entanto, muitos cidadãos se sentem frustrados porque não conseguem utilizar essas contas nas novas lojas que aceitam apenas dólares, o que gera desconfiança e críticas em relação ao sistema financeiro do país.
Por que os cubanos estão indignados com o sistema de pagamento nas lojas?
A indignação surge porque, apesar de ter fundos em MLC, os cubanos não podem utilizá-los nas novas lojas que só aceitam dólares. Isso criou um sistema desigual onde apenas aqueles que têm acesso a dólares podem comprar itens de primeira necessidade, deixando muitos cidadãos com a sensação de estarem presos em um limbo financeiro.
Como a dolarização parcial da economia cubana afeta a população?
A dolarização parcial exacerbada as desigualdades no acesso a bens de consumo, uma vez que apenas aqueles que têm acesso a dólares podem adquirir produtos nas novas lojas. Isso gerou um mercado paralelo e aprofundou a crise de confiança no sistema financeiro cubano.
Quais medidas o governo cubano tomou em relação às lojas em divisas?
O governo inaugurou lojas que aceitam apenas dólares como forma de captar divisas estrangeiras e manter a economia à tona. No entanto, essas medidas foram criticadas por criarem exclusão social e não resolverem o problema do desabastecimento nas lojas que operam com a moeda nacional.
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