O opositor cubano José Daniel Ferrer fez um chamado enérgico à unidade de todos os cubanos, tanto dentro da ilha quanto na diáspora, para enfrentar o regime e lutar pela liberdade, democracia e direitos humanos na nação.
Através de uma mensagem divulgada nas redes sociais, Ferrer expressou sua determinação de continuar a luta contra a tirania após seu retorno ao palco público, depois de três anos e meio de encarceramento injusto e cruel.
“É hora de que os cubanos do interior e da diáspora nos unamos em um só front e deixemos claro ao mundo nosso firme propósito de que estamos dispostos a conquistar nossa liberdade e fazer de Cuba uma nação justa e próspera aliada do Ocidente”, escreveu Ferrer em sua conta no X (antes Twitter).
O líder da União Patriótica de Cuba (UNPACU) também denunciou a situação crítica que atravessa Santiago de Cuba, sua cidade natal, afetada por constantes apagões, assim como o resto do país. "Isso termina quando os cubanos disserem '¡BASTA!' em uma só voz", afirmou no .
Um chamado à unidade em um momento crucial
A oposição cubana tem reiterado em inúmeras ocasiões a necessidade de um frente unido para enfrentar o regime totalitário que impera na ilha por meio da violência.
Figuras e organizações como a Mesa de Unidade Cubana (MUC), as Damas de Blanco, a UNPACU e o Movimento San Isidro (MSI) têm defendido estratégias conjuntas para aumentar a pressão interna e externa sobre o regime de Havana.
Em um contexto de crise econômica, social e política sem precedentes, Ferrer instou a sociedade civil a coordenar esforços para canalizar o descontentamento popular em ações concretas. Em declarações anteriores, diversos grupos opositores e ativistas como Anamely Ramos apontaram que a divisão tem sido um dos principais obstáculos para alcançar mudanças significativas na ilha.
Antecedentes de unidade e resistência
O apelo de Ferrer encontra eco em iniciativas anteriores que procuraram coesionar os esforços da dissidência cubana.
Em 2020, a Mesa de Unidade de Ação Democrática (MUAD) expressou seu apoio aos grevistas de fome do MSI que exigiam melhores condições de vida e respeito aos direitos humanos.
Também, em 2021, ativistas da UNPACU responderam a atos de repúdio do regime contra o líder do MSI, Luis Manuel Otero Alcántara, com manifestações de apoio de diferentes partes do mundo. A solidariedade tem sido recíproca, como demonstrou o jejum iniciado em março de 2021 por Otero Alcántara, em apoio à greve de fome dos ativistas da UNPACU.
A sua vez, o MSI demonstrou a importância da resistência pacífica e o uso das redes sociais para “conectar” e visibilizar a situação dos presos políticos e a repressão na ilha. Os apelos à solidariedade internacional têm sido uma constante nesses movimentos, com exilados cubanos em cidades como Miami mostrando seu apoio de forma recorrente.
A unidade também se manifestou em iniciativas como a MUC, que em 2021 instou a população a um boicote ciudadano contra o governo, promovendo a desobediência civil e a participação ativa em protestos pacíficos.
Em Miami, ativistas e exilados cubanos realizaram vigílias e manifestações de apoio aos opositores dentro da ilha, como no caso da greve de fome iniciada por membros da UNPACU em 2021.
Além disso, em 2019, diversos opositores cubanos ratificaram em Miami um acordo para a transição democrática, evidenciando a disposição de unir forças além das diferenças ideológicas. Em 2018, a UNPACU lançou uma campanha de conscientização para incentivar a participação cidadã em protestos pacíficos e a denúncia de violações de direitos humanos.
Outro exemplo significativo de unidade ocorreu em 2021, quando o MSI e as Damas de Branco se uniram em solidariedade com os presos políticos e seus familiares, organizando eventos simultâneos dentro e fora de Cuba para tornar visível a repressão.
O chamado de Ferrer despertou o interesse de organizações internacionais de direitos humanos, que veem nesta convocação uma oportunidade para reforçar a pressão sobre o regime totalitário cubano.
A comunidade internacional observa com atenção a evolução desses movimentos e sua capacidade de articular ações efetivas no cenário político. Em definitiva, a unidade entre os diferentes setores da oposição cubana continua sendo um desafio, mas também uma esperança tangível para alcançar uma mudança estrutural na ilha.
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