A televisão oficialista levou suas câmaras para as ruas de Havana para perguntar aos seus residentes sobre a retirada de Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, oferecendo um reportagens repleto de “opiniões” alinhadas ao discurso do regime.
Um punhado de havaneiros aceitou ser entrevistado pelo Noticiário da Televisão Cubana (NTV), deixando mais uma vez evidente a desinformação e manipulação a que os cubanos estão submetidos, assim como o mecanismo de simulação desenvolvido por um povo que se preocupa muito em dizer o que realmente pensa.
Apesar de que todos mostraram uma opinião favorável à decisão recentemente tomada pela administração Biden, argumentando os benefícios que a retirada da lista trará, como “avançar mais” ou “recuperar mais a economia”, e a qual qualificaram como “algo muito bom”, a verdade é que os entrevistados refletiram um estado de ânimo de incerteza, mascarado pelos lugares-comuns da propaganda do regime.
“Cuba nunca esteve em nenhum país terrorista. Isso é uma infâmia que estão dizendo os americanos. Todo mundo sabe que isso é uma grande mentira. Aquele que não quer ver isso é porque não quer se dar conta da vida”, disse Robertico “El Calvo” à televisão nacional.
“É muito bom não estar na lista porque assim teremos liberdade para muitas coisas”, opinou Josefa Fernández. “Graças a isso, poderemos entrar em negociações com países que estejam nessa mesma lista, podemos avançar um pouco mais na economia do país, porque já temos uma melhor confiança. O mundo tem mais confiança em nós graças a isso”, disse David Silvera.
“Quanto a isso, vamos ver se o próximo presidente não a reinstala, porque acho que já aconteceu o mesmo com Obama. Obama a removeu e depois veio Trump e a reinstalou”, disse David Sánchez.
No entanto, o prêmio foi para duas idosas que passeavam pela rua Martí, no município de Guanabacoa, e que, com a Tienda Panamericana 'La Arcada' às suas costas, se indignaram contra “os americanos” e mostraram todo o repertório de consignas patrióticas acumulado em sua longa vida.
“Eu penso que nós vamos triunfar e não vamos aceitar que digam que somos terroristas, ou que tenham a liberdade de dizer que somos o que bem entenderem… ¡Os terroristas são eles, que estão destruindo todos os países!”, expressou com grande agitação a idosa identificada como Xiomara Llanes.
Su acompanhante finalizou o reportagem com uma reflexão na qual disse preferir que a medida fosse tomada pelo próximo presidente dos Estados Unidos, “porque agora Biden está deixando o governo, mas entra o maldito Trump, que não quer saber de ninguém, e então ele vai nos aplicar de tal maneira, que nem bloqueio, nem se somos terroristas ou não somos terroristas…”.
Indignada com a classificação e tomada por seu fervor, a idosa acabou argumentando que “Cuba não pode ser terrorista, porque Cuba é um povo uniforme e não pode ser terrorista”. E para finalizar, pediu à “revolução luz e progresso para todos nós, porque graças a ela estamos vivos”.
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