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Um familiar de um dos nove recrutas desaparecidos após explosões em um armazém militar em Rafael Freyre, na província de Holguín, criticou as autoridades cubanas por considerarem que não têm gerido a crise de maneira adequada e por não estarem "fazendo nada para salvá-los". Muitos outros familiares afirmaram estar de acordo com seu ponto de vista.
“Eu tenho dificuldade em escrever isso porque tenho um sobrinho nessa lista de desaparecidos, e sei o quão difícil é a situação para todas as famílias desses meninos, que hoje ainda aguardamos ver voltar para casa. Mas sinto que não estão fazendo o que é certo, sinto que esses meninos ainda estão vivos, mas não está sendo feito nada para salvá-los”, escreveu no grupo de Facebook Revolico Freyre o internauta identificado como "Jesús Antonio".
"Estão deixando isso nas mãos de Deus, porque sabemos que não fizeram esforço para encontrá-los, e o que mais dói é que tiveram a coragem de arriscar todos, mas agora ninguém deles quer arriscar-se por aquelas crianças que obrigaram a fazer o trabalho sujo que não lhes pertencia", acrescentou.
O internauta apontou que é capaz de imaginar essas crianças pedindo ajuda, e reiterou que "não fizeram nem o mínimo esforço para procurá-las".
"Todos os pais, familiares próximos e distantes deveriam se unir e fazer com que se cumpra, que parem de mentir e façam o que têm que fazer, que é dar a vida por tentar salvar os infelizes que foram obrigados a estar ali. Eu me uno 100% e dou minha vida pela do meu sobrinho e por todos os que estão ali", concluiu.
No espaço de comentários, dezenas de internautas deram razão a ele, entre eles familiares de outros desaparecidos.
“Hermano, eu também tenho um primo desaparecido aí, e tenho esperança de que ele e todos estejam vivos. E sim, você está absolutamente certo, eles não fizeram nada, apenas dizem mentiras no noticiário. A única coisa que dizem aos familiares é para manterem a calma”, escreveu Luis Manuel Driggs.
“Meu sobrinho também está lá. O grupo de resgate e salvamento especializado nesses casos precisa ser ativado e entrar. Se eles estão vivos naquele túnel, quanto mais o tempo passa, menos tempo eles têm. Ações imediatas são necessárias, não para amanhã", apontou por sua parte Yenisell Radoiu.
“Meu primo irmão está entre os desaparecidos. Não há e não haverá consolo. Eles estão lá obrigados, porque foram forçados. Chega de mentiras. Não queremos mais mentiras e agora ninguém se arrisca a procurá-los. Deixam-nos à sorte, com vida ou sem vida. O que lhes importa se não é a dor deles?”, escreveu Yusmari Roja.
“Eu também tenho meu primo lá, entre os desaparecidos, e não fazem nada para resgatá-los. Como eles conseguiram entrar e agora ninguém pode ir buscá-los? Estou disponível caso precisem de voluntários”, afirmou Leandro Pérez Alberteriz.
"Eu também me uno. Todos juntos podemos. Tenho aqui o primo do meu esposo e a família não recebe uma resposta. Só nós sabemos a dor tão grande que isso tem causado", apontou Arianna Suárez Gómez.
"Concordo. Tenho meu primo lá e sinto que eles estão vivos. Estão deixando-os morrer porque não têm coragem de mandar os desavergonhados que os obrigaram a entrar lá. Não há palavras para explicar a dor de cada familiar. Estamos desesperados", sentenciou Taily Díaz.
Outros internautas lamentaram que a imprensa oficial praticamente tenha silenciado o tema dos desaparecidos na explosão, e que o peso dos noticiários fique com a mal chamada "Caravana da Vitória".
Situação complicada na zona zero das explosões
A situação no armazém de munições militares localizado em Melones, no município holguinero Rafael Freyre, continua sendo delicada, pois continuam ocorrendo explosões, o que dificulta o acesso à zona zero e, com isso, a busca pelos desaparecidos.
Assim indicou nesta quarta-feira a comunicadora oficialista, Lisandra Martín. Segundo Martín - que colocou como data de atualização às 20h, desta quarta-feira - a explosão mais recente até aquele momento ocorreu às 15h do dia 8 de janeiro. Ela precisou que a temperatura, de acordo com as tomadas termo-radiográficas daquele horário, superava os 300 graus.
Paralelamente, um reportagem do Noticiero de Televisión e um artigo de Granma, concentraram-se quase exclusivamente na evolução das evacuações de moradores da área, mas omitiram qualquer referência aos desaparecidos, assim como a evolução das ações para acessar a zona zero da tragédia.
O MINFAR continua sem fornecer pistas sobre a evolução das tarefas de resgate das possíveis vítimas.
Os "soldados" desaparecidos são Leinier Jorge Sánchez Franco; Frank Antonio Hidalgo Almaguer; Liander José García Oliva; Yunior Hernández Rojas; Rayme Rojas Rojas; Carlos Alejandro Acosta Silva; Brian Lázaro Rojas Long; José Carlos Guerrero García e Héctor Adrián Batista Zayas.
Os militares desaparecidos são os Majores Leonar Palma Matos e Carlos Carreño del Rio, e os Segundos Suboficiais Orlebanis Tamé Torres e Yoennis Pérez Durán.
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