Familiares de recrutas cubanos desaparecidos na explosão atacam as autoridades

"A verdade dói, mas eles não fizeram nem o mínimo esforço para procurá-los."

Imagem do satélite da área onde ocorreu a tragédia (i) e Momentos posteriores de uma das explosões (d)Foto © Collage YouTube/Screenshot-America Tevé- Redes sociais

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Um familiar de um dos nove recrutas desaparecidos após explosões em um armazém militar em Rafael Freyre, na província de Holguín, criticou as autoridades cubanas por considerarem que não têm gerido a crise de maneira adequada e por não estarem "fazendo nada para salvá-los". Muitos outros familiares afirmaram estar de acordo com seu ponto de vista.

“Eu tenho dificuldade em escrever isso porque tenho um sobrinho nessa lista de desaparecidos, e sei o quão difícil é a situação para todas as famílias desses meninos, que hoje ainda aguardamos ver voltar para casa. Mas sinto que não estão fazendo o que é certo, sinto que esses meninos ainda estão vivos, mas não está sendo feito nada para salvá-los”, escreveu no grupo de Facebook Revolico Freyre o internauta identificado como "Jesús Antonio".

"Estão deixando isso nas mãos de Deus, porque sabemos que não fizeram esforço para encontrá-los, e o que mais dói é que tiveram a coragem de arriscar todos, mas agora ninguém deles quer arriscar-se por aquelas crianças que obrigaram a fazer o trabalho sujo que não lhes pertencia", acrescentou.

O internauta apontou que é capaz de imaginar essas crianças pedindo ajuda, e reiterou que "não fizeram nem o mínimo esforço para procurá-las".

"Todos os pais, familiares próximos e distantes deveriam se unir e fazer com que se cumpra, que parem de mentir e façam o que têm que fazer, que é dar a vida por tentar salvar os infelizes que foram obrigados a estar ali. Eu me uno 100% e dou minha vida pela do meu sobrinho e por todos os que estão ali", concluiu.

Captura do Facebook/Revolico Freyre

No espaço de comentários, dezenas de internautas deram razão a ele, entre eles familiares de outros desaparecidos.

“Hermano, eu também tenho um primo desaparecido aí, e tenho esperança de que ele e todos estejam vivos. E sim, você está absolutamente certo, eles não fizeram nada, apenas dizem mentiras no noticiário. A única coisa que dizem aos familiares é para manterem a calma”, escreveu Luis Manuel Driggs.

“Meu sobrinho também está lá. O grupo de resgate e salvamento especializado nesses casos precisa ser ativado e entrar. Se eles estão vivos naquele túnel, quanto mais o tempo passa, menos tempo eles têm. Ações imediatas são necessárias, não para amanhã", apontou por sua parte Yenisell Radoiu.

Captura do Facebook/Revolico Freyre

“Meu primo irmão está entre os desaparecidos. Não há e não haverá consolo. Eles estão lá obrigados, porque foram forçados. Chega de mentiras. Não queremos mais mentiras e agora ninguém se arrisca a procurá-los. Deixam-nos à sorte, com vida ou sem vida. O que lhes importa se não é a dor deles?”, escreveu Yusmari Roja.

“Eu também tenho meu primo lá, entre os desaparecidos, e não fazem nada para resgatá-los. Como eles conseguiram entrar e agora ninguém pode ir buscá-los? Estou disponível caso precisem de voluntários”, afirmou Leandro Pérez Alberteriz.

Captura do Facebook/Revolico Freyre

"Eu também me uno. Todos juntos podemos. Tenho aqui o primo do meu esposo e a família não recebe uma resposta. Só nós sabemos a dor tão grande que isso tem causado", apontou Arianna Suárez Gómez.

"Concordo. Tenho meu primo lá e sinto que eles estão vivos. Estão deixando-os morrer porque não têm coragem de mandar os desavergonhados que os obrigaram a entrar lá. Não há palavras para explicar a dor de cada familiar. Estamos desesperados", sentenciou Taily Díaz.

Outros internautas lamentaram que a imprensa oficial praticamente tenha silenciado o tema dos desaparecidos na explosão, e que o peso dos noticiários fique com a mal chamada "Caravana da Vitória".

Situação complicada na zona zero das explosões

A situação no armazém de munições militares localizado em Melones, no município holguinero Rafael Freyre, continua sendo delicada, pois continuam ocorrendo explosões, o que dificulta o acesso à zona zero e, com isso, a busca pelos desaparecidos.

Assim indicou nesta quarta-feira a comunicadora oficialista, Lisandra Martín. Segundo Martín - que colocou como data de atualização às 20h, desta quarta-feira - a explosão mais recente até aquele momento ocorreu às 15h do dia 8 de janeiro. Ela precisou que a temperatura, de acordo com as tomadas termo-radiográficas daquele horário, superava os 300 graus.

Paralelamente, um reportagem do Noticiero de Televisión e um artigo de Granma, concentraram-se quase exclusivamente na evolução das evacuações de moradores da área, mas omitiram qualquer referência aos desaparecidos, assim como a evolução das ações para acessar a zona zero da tragédia.

O MINFAR continua sem fornecer pistas sobre a evolução das tarefas de resgate das possíveis vítimas.

El Ministerio de las Fuerzas Armadas Revolucionarias (MINFAR) de Cuba confirmó este miércoles que dos de los desaparecidos ostentan el grado de mayor y que otros dos son segundos suboficiales; el resto (nueve) fueron identificados como “soldados”.

Os "soldados" desaparecidos são Leinier Jorge Sánchez Franco; Frank Antonio Hidalgo Almaguer; Liander José García Oliva; Yunior Hernández Rojas; Rayme Rojas Rojas; Carlos Alejandro Acosta Silva; Brian Lázaro Rojas Long; José Carlos Guerrero García e Héctor Adrián Batista Zayas.

Os militares desaparecidos são os Majores Leonar Palma Matos e Carlos Carreño del Rio, e os Segundos Suboficiais Orlebanis Tamé Torres e Yoennis Pérez Durán.

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