O dólar americano, que havia começado a diminuir seu valor frente ao peso cubano, voltou a subir significativamente após a implementação de novas medidas do governo cubano.
A apenas alguns dias de ter alcançado níveis inferiores a 300 pesos pela primeira vez desde fevereiro, o dólar experimentou uma alta assim que foi anunciada uma nova regulamentação sobre a "dolarização parcial da economia".
Durante o quarto período ordinário de sessões da Assembleia Nacional, o primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz detalhou as novas disposições que refletem a crescente influência do dólar em Cuba.
Esta medida, segundo o regime, busca reorganizar setores-chave da economia enquanto se tenta controlar o mercado cambial informal, que tem ganhado espaço devido à falta de controle sobre o mercado de divisas.
O esquema de dolarização parcial afetará vários setores estratégicos da economia cubana. Entre os setores envolvidos estão o comércio atacadista e varejista em divisas previamente aprovadas, assim como o pagamento de tarifas e serviços vinculados ao comércio exterior para formas de gestão não estatal. Além disso, será permitido o pagamento em dinheiro em dólares em locais chave como turismo, Casas do Habano, farmácias, óticas, clínicas internacionais e aeroportos.
Evolução da taxa de câmbio
A despeito dessa "flexibilização", o governo tem insistido em seu objetivo de avançar na desdolarização da economia, reconhecendo que a dolarização informal está fora de controle. Marrero atribuiu a escalada do uso do dólar às práticas do mercado cambial paralelo e do setor privado, alertando que ninguém poderá vender em divisas sem uma aprovação oficial.
A nova medida reflete um dilema econômico crucial para o regime: a necessidade de captar divisas para amenizar a crise estrutural do país, enquanto tenta manter o controle sobre a economia.
Nesse contexto, o dólar se consolida como uma moeda chave na vida diária dos cubanos, enquanto o governo tenta gerenciar um delicado equilíbrio entre os setores estratégicos e o mercado informal de divisas. Alguns economistas estimam que o dólar supere os 500 pesos nos próximos meses.
Esse aumento na taxa do dólar também está gerando incerteza entre os cidadãos, que enfrentam o que se tem chamado de "efeito caramelos" com a inflação em alta e uma crescente dolarização, que pode afetar ainda mais o poder de compra da população.
O termo "efeito caramelo" surgiu após a recente abertura do supermercado de 3ra e 70, Playa, em Havana, que só aceita dólares em dinheiro ou cartões vinculados a contas em divisas, mas dá o troco com caramelos.
Perguntas Frequentes sobre a Dolarização Parcial e seu Impacto em Cuba
O que é a dolarização parcial da economia cubana?
A dolarização parcial implica o uso do dólar estadunidense em setores-chave da economia cubana, como o comércio atacadista e varejista, o pagamento de tarifas e serviços relacionados ao comércio exterior. Essa medida busca captar mais divisas e controlar o mercado cambial informal, apesar de o governo afirmar também que deseja avançar em direção à desdolarização.
Por que o governo cubano decidiu aceitar pagamentos em dólares em dinheiro novamente?
O governo cubano decidiu aceitar pagamentos em dólares em dinheiro para captar mais divisas em meio a uma grave crise econômica. Essa medida faz parte de um esforço para melhorar a liquidez do país por meio de setores como o turismo, onde os cartões de crédito muitas vezes não funcionam, afetando a capacidade do governo de gerar receita.
Como a dolarização parcial afeta o mercado informal de divisas em Cuba?
A dolarização parcial busca regular e reduzir a influência do mercado informal de divisas, onde o dólar é cotado a taxas mais altas do que as oficiais. No entanto, esse mercado continua sendo crucial para que os cubanos acessem divisas, uma vez que o governo não conseguiu estabelecer uma taxa de câmbio oficial que reflita as condições econômicas reais.
Quais setores aceitarão pagamentos em dólares em dinheiro em Cuba?
Os setores que aceitarão pagamentos em dólares em dinheiro em Cuba incluem turismo, Casas do Habano, farmácias, óticas, clínicas internacionais e aeroportos. Além disso, serão permitidos pagamentos em divisas a produtores agropecuários que substituam importações e a fabricantes de bens exportáveis.
Arquivo em: