A apneia do sono e outros distúrbios podem aumentar o risco de demência, segundo um estudo com latinos

A apneia do sono e outros distúrbios podem aumentar o risco de demência entre latinos, de acordo com um estudo da Universidade de Miami. Esses problemas afetam a saúde cerebral e cognitiva a longo prazo.

Ronquidos y apnea del sueño © Pexels, Kampus Production
Roncos e apneia do sonoFoto © Pexels, Kampus Production

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Um estudo realizado pela Universidade de Miami e publicado nesta quarta-feira na revista digital Neurologia da Academia Americana de Neurologia revelou que os distúrbios do sono, como a apneia, podem causar alterações no cérebro que aumentam o risco de desenvolver demência.

A pesquisa, realizada com uma amostra de 2.667 latinos nos Estados Unidos, evidência os efeitos negativos desses problemas de sono na memória, no pensamento e na saúde cerebral em geral.

Os resultados do estudo mostram que aqueles com níveis mais baixos de oxigênio durante o sono apresentavam alterações na substância branca do cérebro, um fenômeno associado ao deterioramento da saúde cerebral que ocorre com a idade.

Segundo o doutor Alberto Ramos, autor principal do estudo e diretor do Programa de Transtornos do Sono da Faculdade de Medicina Miller da Universidade de Miami, essa situação pode levar ao deterioro cognitivo e, eventualmente, à demência.

"Quando a respiração para, pode reduzir os níveis de oxigênio e afetar o cérebro", explica Ramos.

Latinos nos Estados Unidos são um grupo de maior risco

O estudo se concentrou nos latinos devido ao seu maior risco de desenvolver demência em comparação com a população branca não latina dos Estados Unidos.

Os participantes, com uma idade média de 68 anos, passaram por testes de sono que mediram as apneias (interrupções na respiração) e as hipopneias (respiração lenta ou superficial). Também foram analisados os níveis de oxigênio no sangue durante o sono.

Os resultados classificaram os participantes em três grupos:

  • Sem problemas de sono: 56%.
  • Problemas leves de sono: 28%.
  • Problemas moderados a graves: 16%.

Volume cerebral e oxigênio durante o sono

Após dez anos de acompanhamento, os pesquisadores realizaram exames de imagem nos pacientes para avaliar o volume cerebral e possíveis danos na matéria branca.

Descobriram que os participantes com problemas de sono moderados a graves apresentavam um aumento no volume do hipocampo, uma região fundamental para a memória e o aprendizado.

Este aumento, segundo Ramos, não representa uma melhora, mas sim um possível indicador de dano. Estudos anteriores ligaram tanto a contração quanto o crescimento do cérebro a alterações nas funções cognitivas normais.

O doutor ressalta que essas descobertas são fundamentais para entender como a apneia do sono e outros transtornos afetam o cérebro. Isso poderia permitir identificar e tratar os pacientes de maneira mais precoce, especialmente aqueles com maior risco de desenvolver demência.

"Uma compreensão clara de como o volume cerebral é afetado pela apneia do sono e outros transtornos é essencial para que as pessoas possam receber um tratamento precoce e eficaz", conclui o especialista.

Reflexão sobre a saúde do sono

A pesquisa destaca a importância de tratar os transtornos do sono como uma forma de prevenir problemas cognitivos a longo prazo.

Embora os roncos ou as pausas na respiração possam parecer inofensivos, este estudo deixa claro que podem ter consequências graves para a saúde cerebral, especialmente em populações vulneráveis como os latinos.

Esta informação ressalta a necessidade de conscientizar sobre a importância do sono saudável e procurar ajuda médica diante de sinais de apneia ou outros distúrbios. A saúde do cérebro, assim como outros aspectos do bem-estar, pode se beneficiar significativamente de uma abordagem preventiva e proativa.

Perguntas frequentes sobre o risco de demência devido a distúrbios do sono em latinos

Qual é a relação entre a apneia do sono e o risco de demência em latino-americanos?

A apneia do sono e outros distúrbios podem causar alterações no cérebro que aumentam o risco de desenvolver demência. Um estudo da Universidade de Miami constatou que os latinos com problemas de sono apresentam alterações na substância branca do cérebro, o que está associado ao comprometimento cognitivo e à demência.

Por que os latinos nos Estados Unidos têm um maior risco de demência relacionada ao sono?

Os latinos têm um risco maior de desenvolver demência em comparação com a população branca não latina. Esse risco é atribuído tanto a fatores genéticos quanto a condições de saúde e estilos de vida que podem afetar a qualidade do sono e, consequentemente, a saúde cerebral.

Como os níveis de oxigênio durante o sono afetam o cérebro?

Níveis baixos de oxigênio durante o sono podem levar a alterações na substância branca do cérebro. Essas alterações estão relacionadas ao deterioramento cerebral e cognitivo, o que aumenta o risco de demência. A interrupção da respiração, como ocorre na apneia do sono, reduz o oxigênio disponível para o cérebro.

Quais medidas os latinos podem tomar para reduzir o risco de demência relacionado a distúrbios do sono?

É essencial identificar e tratar os distúrbios do sono de forma precoce. Consultar um especialista em sono, fazer alterações no estilo de vida e, se necessário, utilizar tratamentos como dispositivos de pressão contínua nas vias respiratórias (CPAP) pode ajudar a melhorar a qualidade do sono e reduzir o risco de comprometimento cognitivo.

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