O Instituto espanhol Elcano prevê que a crise energética em Cuba será "prolongada"

O think tank considera o "apagão político" como um "verdadeiro obstáculo" para o progresso da Ilha.

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O Real Instituto Elcano, um think tank espanhol que se financia com contribuições privadas e do governo do socialista Pedro Sánchez, prevê que a crise energética em Cuba será "prolongada" e que agravará "a situação limite" que o país enfrenta. Assim afirma o pesquisador Ignacio Urbasos Arbeola, em um artigo intitulado "Apagão elétrico e político em Cuba", publicado na seção de Clima e Energia.

"A curto prazo, o governo cubano carece de recursos, o que leva a prever uma prolongação da crise, agravando a situação já crítica em que vive a ilha", destaca o especialista.

Basicamente, o relatório do Instituto Elcano posiciona o "apagão político" de Cuba como um "verdadeiro obstáculo" para o progresso da Ilha; identifica na Venezuela e na paralisação de plantas elétricas flutuantes as causas dos constantes cortes de luz na Ilha e acredita que Trump pressionará o México para que suspenda o envio de petróleo ao regime de Miguel Díaz-Canel.

"O verdadeiro obstáculo para o progresso da Ilha continua sendo o apagão político que La Havana sofre há décadas e a incapacidade que o regime demonstra diante de cada crise", conclui.

A pior crise desde o Período Especial

Na opinião do pesquisador do Instituto Elcano, Cuba enfrenta "sua pior crise econômica desde o Período Especial, nos anos 90". Prova disso é que, no mês de outubro, os cubanos sofreram algum tipo de racionamento elétrico em 97% das horas e um apagão em massa sem precedentes entre os dias 18 e 22 desse mês.

Segundo explica, a situação que o país viveu pôde ser "disfarçada" nos últimos anos graças aos envios de petróleo da Venezuela, mas esses diminuíram a partir de 2016, e a relação se agravou quando, em 2022, Biden permitiu o retorno da Venezuela aos mercados internacionais.

Nesse contexto, ocorreu em agosto de 2022 o incêndio do supertanker em Matanzas, resultando em uma perda de mais de um milhão de barris de petróleo para o regime. Até hoje, não conseguiu se recuperar desse golpe.

Desde então, o México e a Rússia substituíram a Venezuela como fornecedores de petróleo, mas espera-se que, com a vitória eleitoral de Trump e seu retorno à Casa Branca, Washington ameace a Pemex (Empresa estatal Petróleos Mexicanos) com a exclusão do mercado de dívida dos EUA se continuar a colaborar com a ditadura, o que provavelmente levará à redução de sua ajuda.

O Instituto Elcano é o mesmo que em julho de 2023 classificou Cuba como um estado falido.

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Tania Costa

(La Habana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e a FaroTV Melilla. Foi chefe da edição murciana do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo da Região de Murcia (Espanha).