Fiscalia de La Habana reafirma postura ameaçadora: "Temos direitos, mas sem ultrapassar limites"

A procuradora-chefe de Havana reafirma a postura repressiva do governo cubano, advertindo com rigor os manifestantes e destacando o controle estatal sobre a dissidência e as manifestações públicas.


Em mais uma série de discursos que evidenciam a política repressiva existente em Cuba, a procuradora-chefe do Tribunal Popular em Havana, Lisnay Mederos Torres, fez declarações que reafirmam a posição do governo cubano em relação à repressão de qualquer conduta que, segundo sua perspectiva, transgrida a ordem estabelecida.

Em palavras que ressoaram no meio de divulgação oficial Canal Habana, a procuradora destacou que a cidadania cubana é "disciplinada e vitoriosa sobre as dificuldades", mas enfatizou que as autoridades agirão "com todo rigor e severidade" para controlar qualquer comportamento considerado transgressor.

Mederos Torres destacou a importância do respeito à autoridade, ressaltando que esse respeito deve abranger todos os funcionários públicos, agentes auxiliares e qualquer figura de autoridade que esteja agindo sob o mandato do Conselho de Defesa.

“Este é um momento em que nós temos direitos, mas os direitos não podem se ultrapassar. E sim, todos nós devemos cumprir com os deveres que nos cabem como cidadãos”, foi uma das ameaças que mais chamou a atenção nas declarações da procuradora provincial de Havana.

Da mesma forma, Mederos Torres fez referência aos crimes de atentado, furtos, roubos e danos à infraestrutura econômica essencial, como o sistema elétrico e a telefonia pública. Destacou a gravidade desses delitos no contexto atual, especialmente quando se afetam "bens de especial importância para a economia do país".

O Código Penal cubano, em seu artigo 79, agrava as sanções em circunstâncias como estas, o que implica penas mais severas para aqueles que cometerem esses delitos em momentos de crise, disse.

Nos últimos dias, diversos relatórios internacionais têm denunciado processos judiciais arbitrários e detenções de cidadãos que expressam sua insatisfação em espaços públicos ou redes sociais, evidenciando o uso do sistema judicial como uma ferramenta para consolidar o controle do Estado e reprimir qualquer tentativa de questionamento público.

A repressão de manifestações e a censura de opiniões dissidentes têm gerado uma crescente preocupação sobre a falta de liberdades civis no país, especialmente em um momento em que o descontentamento social parece estar aumentando.

Desde as protestas de 11 de julho de 2021, o governo cubano tem mantido sua resposta repressiva à dissidência, utilizando ameaças legais e a criminalização de ações contestatórias como ferramentas para dissuadir o descontentamento social. Naquela ocasião, o Ministério do Interior identificou crimes como gritar "Patria y Vida", um lema que se tornou símbolo da resistência.

Da mesma forma, a Procuradoria Geral da República emitiu avisos em outubro de 2021 sobre possíveis sanções penais para aqueles que participassem de manifestações, o que evidencia um esforço para neutralizar o ativismo e desestimular qualquer tipo de manifestação pública contra o regime.

Em outubro de 2022, a Procuradoria cubana reiterou suas ameaças, desta vez direcionadas especificamente àqueles que foram filmados ou gravados em vídeo durante as protestas que ocorreram após vários dias sem água ou eletricidade.

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