Cuba abrirá pelo menos seis hotéis de luxo nos próximos meses.

Esta expansão hoteleira contrasta fortemente com a realidade que enfrentam os cubanos, que sofrem apagões de até 12 horas diárias.

Hotel Metrópolis © Pedro Enrique/Facebook
Hotel MetrópolisFoto © Pedro Enrique/Facebook

Apesar do descontentamento generalizado em Cuba, o grupo hoteleiro Gaviota continua expandindo sua infraestrutura turística e nos próximos meses inaugurará seis novos hotéis de luxo na ilha.

Em uma coletiva de imprensa em Toronto, Canadá, o Grupo Gaviota apresentou seus planos de renovação e abertura de novas instalações em destinos como Havana, Varadero, Cayo Santa María e Holguín.

Entre os próximos projetos, destaca-se a abertura do Hotel Metropolis (219 quartos), gerido pelo Kempinski em Havana, e novas seções em hotéis como o Muthu Havana (515 quartos).

Assim, espera-se a abertura no próximo ano do Hotel Corona (147 quartos) de Havana, administrado pela cadeia hoteleira turca ATG.

O Iberostar, com 594 quartos, abrirá suas portas no edifício mais alto de Havana no dia 20 de novembro, quatro dias após o 505º aniversário da cidade, disse a entidade. Por sua vez, na Aduana do Porto, no início do próximo ano, será inaugurado um novo hotel chamado Real Aduana.

Em Holguín, espera-se que um hotel ainda sem nome em Ramón de Antillas abra suas portas no final do próximo ano.

Esta expansão hoteleira da Gaviota, o maior grupo do país no ramo, ocorre quando a afluência de turistas não é como o regime esperava e em meio a uma profunda crise econômica e energética.

Em definitiva, a acelerada construção de hotéis contrasta fortemente com a realidade que enfrentam os cubanos, que sofrem apagões de até 12 horas diárias, escassez ou deterioração de suas habitações, e escassez de produtos básicos.

Segundo o economista Pedro Monreal, essa situação é resultado de uma decisão política que prioriza o desenvolvimento imobiliário para o turismo em detrimento dos serviços básicos como eletricidade, água e gás.

Monreal apontou que os investimentos no setor empresarial e turístico cresceram significativamente, enquanto os destinados a serviços essenciais diminuíram drasticamente.

A crise energética se tornou insustentável, com frequentes apagões que afetam gravemente a vida cotidiana. Apesar disso, o governo continua culpando o embargo americano pela crise e não reconhece a falta de investimento no setor energético.

Em vez de atender às necessidades básicas da população, o regime continua focando seus recursos na construção de hotéis, muitos dos quais operam com uma ocupação muito abaixo de sua capacidade.

A situação gerou críticas tanto dentro quanto fora da ilha, onde se questiona a lógica de continuar construindo infraestrutura turística quando a demanda não justifica tais investimentos.

Monreal sugeriu que seria prudente fazer uma "pausa" no investimento hoteleiro e redirecionar esses recursos para outras prioridades, como a melhoria da infraestrutura energética e a produção agrícola.

Em 2023, Cuba não conseguiu alcançar a meta de três milhões de turistas estrangeiros, ficando muito aquém das expectativas, apesar das novas aberturas hoteleiras.

Asimismo, a ilha recebeu um total de 1.680.485 viajantes durante o primeiro semestre do presente ano, segundo cifras oficiais.

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