Mais de 100 repressors cubanos chegaram aos Estados Unidos no último ano.

Uma ONG dedicada a identificar os acólitos do regime que cometeram violações de direitos humanos na Ilha tem uma lista com mil colaboradores da ditadura, dos quais 117 entraram nos Estados Unidos no último ano.


A Fundação para os Direitos Humanos em Cuba (FHRC, na sigla em inglês) identificou mil repressors cubanos, dos quais 117 teriam entrado nos Estados Unidos no último ano (desde fevereiro de 2023), "muitos deles mentindo", assegurou Tony Costa, diretor da ONG, em declarações coletadas pelo Martí Noticias.

Com esses números em mãos, a fundação dedicada a identificar pessoas que violaram direitos humanos em Cuba calcula que o número de repressoras originárias da Ilha que entraram nos Estados Unidos burlando as regulamentações estabelecidas se multiplicou por cinco, uma vez que tinham documentada uma vinteena delas e já chegaram a 117. E isso foi possível, enfatiza, no contexto de uma onda migratória sem precedentes.

"Começamos vendo o aumento dos repressors na chegada maciça pela fronteira sul dos EUA, após o êxodo maciço através da Nicarágua, que trouxe mais de meio milhão de cubanos para os Estados Unidos e, em seguida, continuou em programas como o parole humanitário", destacou Rolando Cartaya, um dos pesquisadores que participou da elaboração da lista de repressors cubanos, que pode ser consultada em seu site.

Não se trata, segundo explica o congressista da Flórida Carlos Giménez, de algo exclusivo dos repressors cubanos, pois também acontece com colaboradores do regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, e de Daniel Ortega, na Nicarágua. Nesses casos, também não cumprem os requisitos para entrar nos Estados Unidos, embora tenham conseguido acesso ao contornarem os controles.

Giménez, junto a outros congressistas republicanos, escreveu várias cartas ao Departamento de Segurança Nacional alertando sobre a fraude. "Se lutaram tanto pelos regimes cubano, venezuelano ou nicaraguense, que fiquem em Cuba, Venezuela ou Nicarágua", acrescentou.

Nesse grupo de repressores que burlaram os controles na fronteira está a fiscal Rosabel Roca Sampedro, que pediu anos de prisão para manifestantes do 11 de julho em Cuba; Manuel Menéndez Castellanos, ex-secretário do Partido Comunista de Cuba em Cienfuegos, que foi surpreendido ao chegar ao aeroporto de Miami por reunificação familiar; e a juíza Melody González Pedraza, atualmente detida, que condenou quatro jovens por protestar em Cuba. Ela aguarda uma audiência de asilo político nos EUA.

Uma das pessoas que identificou Melody González Pedraza afirma que ela foi juíza por 15 anos em uma pequena cidade de Encrucijada (Villa Clara), "onde o crime organizado é bem forte" e estava encarcerando "garotos com problemas mentais, dizimando a população".

Por sua parte, o ex-dirigente do PCC Manuel Menéndez Castellanos tentou passar despercebido ao chegar a Miami em cadeira de rodas, com uma máscara sanitária cobrindo seu rosto, com óculos e boné. No entanto, não conseguiu passar despercebido e se mostrou irritado ao ser identificado. Em seu histórico de repressão consta que trabalhou para o regime cubano desde 1972. Ele se vinculou primeiro à Central de trabalhadores de Cuba (CTC) e depois foi promovido a primeiro secretário do Partido Comunista em Cienfuegos, cargo que ocupou entre 1993 e 2003.

O congressista Carlos Giménez afirma que tem informações de que tanto Menéndez Castellanos quanto Roca Sampedro serão deportados para Cuba. Até que esse momento chegue, as vítimas têm que conviver com seus repressores. É o caso do jornalista Roberto Quiñones Haces, refugiado nos Estados Unidos, que viu neste país dois dos capangas que o encarceraram na Ilha.

"Se as pessoas quiserem levar isso aos tribunais, podem escrever uma declaração jurada perante um notário, nos enviá-la (à FHRC) e nós a encaminharemos ao FBI e ao DHS", afirmou Cartaya, que destacou que em vários casos foram realizadas investigações oficiais sobre as pessoas denunciadas.

Em declarações à Telemundo 51, o advogado cubano Santiago Alpízar, colaborador da organização Cuba Demanda nessas investigações, destacou que "o Governo dos EUA tem todos os recursos. Aqui o que falta é a vontade administrativa ou política de executar a lei".

O compromisso de Carlos Giménez

O legislador cubano-americano Carlos Giménez se comprometeu a identificar os repressões cubanos que chegaram recentemente e vivem nos Estados Unidos.

“Se você é um repressivo castrista vivendo nos Estados Unidos, vamos te identificar e você será devolvido a Cuba por cometer fraude migratória. É inaceitável que a Administração Biden-Harris dê espaço a agentes do regime que assassinam nosso povo”, declarou o republicano na rede social X (antes Twitter).

O congressista se comprometeu a entregar a lista de indivíduos identificados pela FHRC às agências responsáveis. Além disso, assegurou que buscará que o secretário do Departamento de Segurança Nacional, Alejandro Mayorkas, compareça a um comitê do Congresso para explicar como essas pessoas puderam entrar nos Estados Unidos, denunciando um possível "fraude em massa".

Giménez participou nesta terça-feira de uma coletiva de imprensa que foi realizada em Miami pela Fundação pelos Direitos Humanos em Cuba, na qual foi denunciada a presença de pelo menos 117 supostos repressores do regime cubano que emigraram para os Estados Unidos desde fevereiro de 2023.

O que você acha?

COMENTAR

Arquivado em:

Tania Costa

(La Havana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e a FaroTV Melilla. Foi chefe da edição murciana de 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Murcia (Espanha).


Você tem algo para reportar? Escreva para a CiberCuba:

editores@cibercuba.com +1 786 3965 689