Mario Urquía renuncia como Grande Mestre da maçonaria em Cuba.

A renúncia ocorreu após uma reunião com mais de uma centena de maçons na Grande Loja de Cuba, encontro convocado pelo próprio Urquía.

Mario Urquía (i) y Gran Templo Masónico de Cuba (d) © Collage Facebook/Mario Urquía - CiberCuba
Mario Urquía (i) e Gran Templo Maçônico de Cuba (d)Foto © Collage Facebook/Mario Urquía - CiberCuba

Mario Alberto Urquía Carreño, que fungia como Grande Mestre da maçonaria em Cuba apesar de um crescente descontentamento contra ele, apresentou finalmente sua renúncia em 18 de agosto, depois de pelo menos sete meses de intensas disputas dentro da comunidade maçônica da ilha.

Apesar de que Urquía Carreño se apegava ao cargo, apesar de ter sido expulso anteriormente da Ordem, tomou a decisão após a pressão exercida pelos maçons cubanos, que exigiram sua renúncia devido às crescentes divisões internas.

“Antes de permitir que a divisão existente prejudique ainda mais a Instituição e que os ataques realizados através das redes sociais se intensifiquem, o que aumentaria ainda mais a denigração à qual está submetida a Grande Loja de Cuba de A.L. e A.M. por parte de seus inimigos, em prol da Instituição, este Grande Mestre renuncia ao cargo”, expressou Urquía Carreño em um comunicado oficial registrado pelo meio independente Cubanet.

Quanto às razões por trás de sua renúncia, Urquía Carreño indicou que na instituição maçônica existe “uma incompatibilidade de critérios na correta aplicação e interpretação de nossas leis”, o que levou a que “as opiniões em nossas Lojas estão divididas quanto ao correto proceder”.

Além disso, lamentou que “o ódio e os insultos foram desencadeados entre irmãos, esquecendo que juramos nos defender, presentes e ausentes. A situação institucional mostra hoje uma funesta divisão. Pelas ações observadas de alguns maçons, destaca-se a existência de um perigo crescente de agressões e não permitiremos que isso aconteça; a incompreensão submeteu nossos irmãos”.

A renúncia ocorreu após uma reunião com mais de uma centena de maçons na Grande Loja de Cuba, encontro convocado pelo próprio Urquía.

Os maçons se reuniram no teatro do edifício da Grande Loja, onde uma fonte anônima consultada pelo referido meio descreveu que Urquía tinha a intenção de manipular os presentes. No entanto, os maçons presentes não permitiram isso, e a frase unânime que se ouvia era: “Entregue-se e vá embora”.

Um dos testemunhas da reunião relatou que as tensões escalaram ao ponto de que Urquía abandonou o teatro, mas foi seguido pelos maçons até o décimo primeiro andar, onde fica seu escritório.

Diante da pressão dos presentes, o Grande Mestre concordou em se reunir com uma representação deles. Durante duas horas, foram negociados os termos de sua saída, embora os detalhes dessas conversas permaneçam em segredo.

Finalmente, Mario Urquía aceitou renunciar e, em seu lugar, foi nomeado o Deputado Grande Mestre Maykel Filema, que terá a tarefa de convocar eleições na próxima sessão da Alta Câmara, programada para setembro.

A renúncia de Urquía é vista como uma vitória pelos maçons.

Os problemas começaram com o misterioso roubo de 19.000 dólares de seu escritório, um evento que culminou com sua expulsão da Ordem.

Apesar disso, o Ministério da Justiça de Cuba, em um ato de ingerência permitido pelas leis do país, não reconheceu a expulsão e restituiu Urquía em seu cargo em menos de três meses.

Esse fato provocou uma massiva protesto de maçons nas proximidades do escritório do Grande Mestre no dia 23 de julho e levou a que dezenas de lojas se insubordinassem.

Em dias recentes, Mario Urquía se pronunciou em um vídeo explicando que o dinheiro roubado pertencia ao Asilo Nacional Maçônico e abordou as acusações que foram feitas contra ele, incluindo as de traição e roubo.

Urquía Carreño negou categoricamente ser responsável pelo roubo e esclareceu que o documento policial que assinou, comprometendo-se a devolver o dinheiro, não implicava admissão de culpa.

Explicou que a demora na devolução da quantia se deveu à necessidade de cumprir com as leis cubanas, que exigem que o reembolso seja feito em pesos cubanos (CUP), o que implica uma perda considerável devido à disparidade com o valor do dólar no mercado informal.

O Grande Mestre também questionou o comunicado inicial emitido pelo Patronato do Asilo Nacional Maçônico, qualificando-o de "incriminatório".

Subrayou que já havia realizado um depósito de 270,000 CUP, equivalente a 1,000 USD, como demonstração de seu compromisso em devolver os fundos.

Apesar de sua intenção de permanecer no cargo, Mario Urquía finalmente teve que ceder à pressão para que renunciasse.

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