Governo cubano cede ante protestos dos maçons e aceita que celebrem eleições.

Em um fato inédito na história da maçonaria cubana, dezenas de irmãos protestaram contra o Grande Mestre da Ordem, expulso por corrupção erestituído pelo governo por ser leal ao regime.

Masones cubanos congregados ante la Gran Logia y en el vestíbulo del edificio © Captura de video de YouTube de CubaNet
Maçons cubanos reunidos diante da Grande Loja e no saguão do edifícioFoto © Captura de vídeo do YouTube de CubaNet

O Ministério da Justiça (MINJUS) de Cuba não teve outra alternativa senão aceitar que a Grande Loja Maçônica realize eleições para escolher um novo Grande Mestre, após a sonora protesto protagonizada pelos maçons contra o líder que lhes foi imposto pelo regime.

Na terça-feira, em um fato sem precedentes na história da maçonaria cubana, dezenas de irmãos compareceram à Grande Loja de Cuba para protestar contra a restituição, por parte do MINJUS, de Mario Urquía Carreño como Grande Mestre da Ordem, que foi expulso no início do ano pelos próprios maçons após o desaparecimento de 19.000 dólares.

Diante da postura do governo de reinstalar Urquía Carreño no cargo, desrespeitando a vontade das lojas, a comunidade maçônica cubana manifestou seu repúdio ao que considerou uma grave intromissão.

Em resposta, a Direção de Associações do MINJUS - a mesma que na ocasião invalidou a expulsão do Grande Mestre - agora indicou repetir as eleições em conformidade com os estatutos da organização "e a vontade de seus integrantes".

Segundo a nota, que foi compartilhada pela estatal Agência Cubana de Notícias, foi realizada uma "exaustiva avaliação de decisões" adotadas pelo Supremo Conselho do Grau 33 para a República de Cuba e pela Grande Loja de Cuba, em temas relacionados com sanções a integrantes dos corpos maçônicos e as eleições de seus diretores.

A conclusão do MINJUS foi que houve "irregularidades por descumprimento de seus estatutos internos".

O organismo não conseguiu se privar de politizar os assuntos internos da organização ao afirmar que "a Maçonaria em Cuba se caracterizou por sua cubania, patriotismo, respeito às leis e adequadas relações com a Direção de Associações do Ministério da Justiça".

Na protesto de terça-feira, segundo destacou o meio independente CubaNet, alguns maçons expressaram sua preocupação com a intenção do governo de tentar "dominar os maçons e se livrar de todos aqueles que somos incômodos à ditadura".

A concentração ocorreu apesar das pressões da Segurança do Estado para suspender o ato e diante de um forte dispositivo de repressão, vestidos à paisana, que compareceu ao prédio, localizado na esquina das avenidas Carlos III e Belascoaín, em Centro Habana.

Os maçons se posicionaram diante da sede da Ordem e expuseram os motivos pelos quais estavam ali: comunicar a Urquía Carreño seu parecer sobre a ilegitimidade do cargo que usurpou com a ajuda do aparato repressivo do Estado e negociar sua saída do escritório para dar passagem a uma nova gestora que conduza o processo de eleição de um novo líder.

"A maçonaria cubana está fazendo um justo apelo a tudo o que está acontecendo e consideramos que o senhor Urquía Carreño é uma pessoa de muito baixa estatura moral para ocupar o cargo de Grande Mestre e nos representar e ser a nossa voz nem aqui nem em nenhum lugar do mundo", disse Evelio Núñez, da loja Eureka.

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