A ONU exige justiça: Denuncia fraude eleitoral na Venezuela e 23 mortos na repressão.

Um relatório do painel da ONU destacou que "o anúncio do resultado de uma eleição sem a publicação de seus detalhes ou a divulgação de resultados tabulados aos candidatos não tem precedentes em eleições democráticas contemporâneas".

María Corina Machado en manifestación tras las elecciones © Captura de video X / @MariaCorinaYA
María Corina Machado em manifestação após as eleiçõesFoto © Captura de vídeo X / @MariaCorinaYA

O recente relatório preliminar emitido por um painel de especialistas das Nações Unidas (ONU) colocou em dúvida a legitimidade do processo eleitoral na Venezuela e o resultado que proclamou como vencedor Nicolás Maduro.

O documento, que inicialmente iria ser confidencial, gerou um terremoto político ao denunciar irregularidades sem precedentes no âmbito de uma eleição que, segundo o painel, carece dos padrões básicos de transparência e credibilidade.

O relatório do painel da ONU aponta que "o anúncio do resultado de uma eleição sem a publicação de seus detalhes ou a divulgação de resultados tabulados aos candidatos não tem precedente em eleições democráticas contemporâneas".

Este contundente pronunciamiento supõe um varapalo diplomático monumental do chavismo ante a comunidade internacional e, segundo El Mundo, ressalta a falta de transparência na gestão dos resultados por parte do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.

A eleição, que terminou com a proclamação de Maduro como presidente eleito, tem estado envolvida em um escândalo devido ao fato de que, segundo as atas eleitorais conhecidas até agora, o opositor Edmundo González Urrutia teria obtido quatro milhões de votos a mais do que Maduro.

Este dado foi verificado e certificado pelo Centro Carter, que, assim como a ONU, esteve presente no processo eleitoral como um dos poucos observadores internacionais independentes.

Um informe devastador

A missão de observação eleitoral da ONU foi convidada a Venezuela pelo próprio CNE, como parte dos Acordos de Barbados, um pacto entre o governo e a oposição com o respaldo da comunidade internacional.

No entanto, a ONU apontou que, apesar de sua presença, o processo foi marcado por uma série de irregularidades e falta de transparência que minam a legitimidade do resultado.

O relatório destaca que "o CNE não publicou, e ainda não publicou, nenhum resultado, ou resultados desagregados por mesa de votação, para respaldar seus anúncios orais, conforme estipulado no marco legal eleitoral".

Além disso, os especialistas da ONU criticaram o cancelamento de três auditorias pós-eleitorais chave, que poderiam ter esclarecido se houve algum tipo de interferência externa ou hackeamento no sistema de transmissão de dados.

Resposta do regime de Nicolás Maduro

Frente a essas acusações, o regime de Maduro respondeu de forma enérgica, acusando o painel da ONU de disseminar mentiras e violar os termos de referência assinados com o CNE.

Em um comunicado oficial, o governo venezuelano expressou que as conclusões preliminares do relatório são "um ato de propaganda que serve aos interesses golpistas da ultradireita venezuelana". Segundo a EFE, as autoridades do regime denunciaram que o painel teve contatos diretos com funcionários do Departamento de Estado dos Estados Unidos, o que colocaria em dúvida a imparcialidade do relatório.

O comunicado também assegura que o painel de especialistas teve acesso a todas as fases do processo eleitoral e defende que a eleição de Maduro como presidente é legítima e reflete a vontade soberana do povo venezuelano.

O impacto na comunidade internacional

O relatório preliminar da ONU provocou uma reação em cadeia dentro da comunidade internacional, onde já se questionam as futuras relações com o governo de Maduro.

A publicação do documento marca um antes e um depois na percepção internacional sobre o regime venezuelano, que agora enfrenta uma maior pressão para justificar a legitimidade de seu mandato.

Por sua parte, a oposição venezuelana encontrou um apoio às suas denúncias de fraude e insistiu à comunidade internacional seu pedido para não reconhecer os resultados das eleições.

Enquanto isso, a situação na Venezuela continua tensa, com um país polarizado e uma comunidade internacional cada vez mais crítica do governo de Maduro.

Conclusões finais do relatório

As conclusões finais do painel de especialistas da ONU ainda estão por ser publicadas, e espera-se que estas ofereçam uma avaliação ainda mais detalhada das irregularidades ocorridas durante o processo eleitoral.

No entanto, o que já é evidente é que este relatório preliminar minou significativamente a credibilidade do processo eleitoral venezuelano e colocou o governo de Maduro em uma posição difícil perante a comunidade internacional.

O futuro político da Venezuela está mais incerto do que nunca, e a pressão tanto interna quanto externa sobre o governo venezuelano continua a aumentar. As próximas semanas serão cruciais para determinar se o país consegue encontrar uma saída para esta crise eleitoral ou se mergulha ainda mais em um conflito político que ameaça se prolongar indefinidamente.

Nações Unidas exige o cessar da repressão e investigações aprofundadas após as eleições.

Após as controversas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela, o país tem estado imerso em uma onda de repressão por parte do regime chavista, que gerou preocupação em nível internacional.

A Missão internacional independente de determinação de fatos sobre a Venezuela, estabelecida pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, solicitou ao governo venezuelano que pare imediatamente essa repressão e que investigue minuciosamente as violações dos direitos humanos que estão ocorrendo.

Desde a celebração das eleições, foram registradas pelo menos 23 mortes, a maioria delas por disparos, no contexto das protestas que têm agitado o país. A Missão expressou que essas mortes devem ser investigadas e que, se for confirmado o uso abusivo da força por parte das forças de segurança, os responsáveis devem prestar contas.

Além disso, a Missão documentou a detenção de pelo menos 1260 pessoas, incluindo 160 mulheres, embora o Procurador-Geral da Venezuela eleve o número a 2200 detidos, muitos dos quais foram qualificados de forma indiscriminada como "terroristas".

Entre os detidos encontram-se líderes políticos, jornalistas e defensores dos direitos humanos, bem como um alarmante número de mais de 100 menores de idade, que foram imputados pelos mesmos crimes graves que os adultos.

As detenções foram marcadas por violações ao devido processo, incluindo audiências telemáticas sumárias e a imputação de graves acusações sem provas suficientes.

A Missão exigiu a liberação imediata de todas as pessoas detidas arbitrariamente e sublinhou a necessidade de respeitar as normas internacionais sobre o devido processo e as condições de detenção, especialmente no caso de menores de idade.

A Missão continuará investigando e documentando as violações dos direitos humanos na Venezuela, enquanto exorta o governo a cessar a repressão e garantir justiça para as vítimas.

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