María Corina Machado oferece salvoconductos a Maduro para uma transição do poder

“Estamos decididos a avançar em uma negociação... Será um processo de transição complexo, delicado, no qual vamos unir toda a nação”, assegurou a líder oposicionista.

Nicolás Maduro y María Corina Machado © X / @julio_cesarp99 - @MariaCorinaYA
Nicolás Maduro e María Corina MachadoFoto © X / @julio_cesarp99 - @MariaCorinaYA

A líder oposicionista María Corina Machado propôs uma "transição negociada" do poder na Venezuela, oferecendo garantias, salvos-condutos e incentivos ao governante Nicolás Maduro para que abandone o Palácio de Miraflores.

Machado, que se mantém na clandestinidade por temor à sua vida, respondeu a um questionário da AFP, destacando sua certeza na vitória da oposição nas recentes eleições e sua denúncia de fraude.

A líder da oposição se referiu à possibilidade de estabelecer uma "negociação para a transição democrática", que inclua “garantias, salvoconductos e incentivos para as partes envolvidas, neste caso o regime que foi derrotado nessa eleição presidencial”.

“Estamos decididos a avançar em uma negociação”, insistiu a dirigente de 56 anos. “Será um processo de transição complexo, delicado, no qual vamos unir toda a nação”.

As declarações de Machado ocorrem após o conhecimento da hipotética oferta dos Estados Unidos a Maduro de um acordo com amplas garantias para sua pessoa, desde que ele aceite sua derrota e inicie um processo de transição pacífica para a democracia na Venezuela.

Segundo o prestigioso meio britânico The Economist, que consultou fontes anônimas, a administração Biden estaria disposta a oferecer ao ditador venezuelano "o que Maduro quiser" com o objetivo de que ele interrompa a repressão sobre opositores e manifestantes, apresente de forma transparente as atas que validam o resultado das eleições passadas e reconheça a vontade de mudança do povo venezuelano.

Após eleições denunciadas como fraudulentas pela oposição, organismos internacionais, observadores e vários governos, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro como vencedor com 52% dos votos, mas se negou a publicar os detalhes da contagem, alegando que o sistema foi hackeado.

A oposição, por sua vez, assegurou que seu candidato, Edmundo González Urrutia, ganhou com 67% dos votos, apresentando como prova um site com cópias de mais de 80% das atas digitalizadas. Por sua parte, o governo de Maduro desconsiderou essas provas, qualificando-as de forjadas, e solicitou ao tribunal supremo que "certifique" as eleições, um processo que a oposição e vários acadêmicos consideram improcedente.

Machado, que assumiu a liderança da oposição após vencer nas primárias de outubro, expressou seu orgulho pela resistência da sociedade venezuelana diante do que qualificou como "a eleição mais desigual e arbitrária" na história do país. Apesar de estar inelegível, Machado tem sido o cérebro por trás da campanha oposicionista, trabalhando em estreita colaboração com González Urrutia.

A reeleição de Maduro foi questionada pelos Estados Unidos, pela União Europeia e por vários países da América Latina, que insistem na necessidade de uma investigação detalhada. Machado fez um apelo à comunidade internacional para que reconheça a vitória de González Urrutia e pressione Maduro a aceitar uma transição negociada. "As forças internacionais são corresponsáveis pelo que ocorre na Venezuela", declarou Machado, insistindo que é o momento de os governos do mundo elevarem suas vozes contra a repressão na Venezuela.

Em resposta ao resultado eleitoral, estouraram protestos no país, deixando pelo menos 24 mortos e mais de 2.200 detidos, segundo números oficiais. Machado, no entanto, mantém-se firme em sua convicção de que a verdade prevalecerá e que no dia 10 de janeiro de 2025, Edmundo González Urrutia assumirá a presidência da Venezuela.

"Somos uma equipe, um bloco indissolúvel", disse Machado à AFP sobre sua relação com González Urrutia. "Todos os venezuelanos temeram por nossa liberdade e por nossas vidas, todos", confessou. "E estou indignada com esta reação brutal do regime, mas estou também serena e segura de que vamos fazer valer a soberania popular e que a verdade vai prevalecer."

Assim, desconsiderou a declaração de "lealdade absoluta" a Maduro do alto comando militar, assegurando que muitos militares encarregados da vigilância dos centros de votação apoiaram a coleta de atas para seu site.

"A Maduro o único que lhe resta neste momento é se atrincheirar em torno da geração de violência e medo, por um lado, e de um grupo muito reduzido de militares de alto escalão que não representam a aspiração da imensa maioria de nossas Forças Armadas Nacionais", sustentou.

"Estou absolutamente convencida de que a imensa maioria dos cidadãos militares, assim como dos corpos policiais, anseiam por uma mudança para uma Venezuela onde exista justiça, oportunidades e liberdade", insistiu. "No dia 10 de janeiro de 2025, dia da posse, a Venezuela terá em González Urrutia seu novo presidente e seu novo comandante em chefe."

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