Centro Carter confirma Edmundo González como vencedor das eleições na Venezuela.

"Não há evidências" de que o sistema eleitoral da Venezuela tenha sido alvo de um ataque cibernético durante as eleições de 28 de julho, disse a chefe da missão de observação.

Jennie Lincoln, Elvis Amoroso, Edmundo González y María Corina Machado © X / @CarterCenter - Captura de video X / @MariaCorinaYA
Jennie Lincoln, Elvis Amoroso, Edmundo González e María Corina MachadoFoto © X / @CarterCenter - Captura de vídeo X / @MariaCorinaYA

O Centro Carter confirmou nesta quarta-feira que o candidato opositor Edmundo González Urrutia foi o vencedor das eleições na Venezuela, e que o regime de Nicolás Maduro não apresentou nenhuma evidência do suposto ataque cibernético sofrido pelo sistema eleitoral.

"Não há evidência" de que o sistema eleitoral da Venezuela tenha sido alvo de um ataque cibernético durante as eleições de 28 de julho, disse à agência AFP Jennie Lincoln, chefe da missão de observação do Centro Carter, que deu validade aos argumentos da oposição que reivindica a vitória e pede que se respeite a vontade dos venezuelanos expressa nas urnas.

Convidado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para observar as polêmicas eleições que Maduro afirmou ter vencido - em meio a denúncias avassaladoras e inquietantes de fraude -, o Centro Carter acabou por certificar que as eleições não foram limpas nem transparentes.

Decorridas 48 horas após a jornada eleitoral, o Centro questionou a legitimidade das eleições presidenciais e afirmou que os pleitos não atenderam aos padrões internacionais de integridade eleitoral, o que impede que sejam considerados democráticos.

"O Centro Carter não pode verificar ou corroborar a autenticidade dos resultados da eleição presidencial declarados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. O fato de que a autoridade eleitoral não tenha anunciado resultados detalhados por mesa eleitoral constitui uma grave violação dos princípios eleitorais", disse a instituição em comunicado oficial publicado no dia 30 de julho.

Entrevistada esta quarta-feira pela agência AFP, Lincoln explicou que as “empresas monitoram e sabem quando há negações de serviço (hackeios) e não houve uma naquela noite”.

“A transmissão dos dados de votação é por linha telefônica e telefone via satélite e não por computador. Não perderam dados”, insistiu a chefe da missão de observação do Centro Carter.

Apesar da esmagadora quantidade de evidências que apontam nesse sentido, o CNE continua sem publicar os resultados detalhados e provas que indiquem o contrário, alegando que o atraso se deve a um suposto hackeamento. Enquanto isso, Maduro insiste em denunciar um “golpe de Estado ciberfascista” da oposição.

Lincoln lembrou que o presidente do CNE, Elvis Amoroso, “disse que publicaria os resultados mesa por mesa no site e entregaria um CD aos partidos políticos” quando anunciou um primeiro boletim. “É uma promessa que nunca cumpriu”, indicou a assessora do organismo para a América Latina e o Caribe.

“A pesar de que o terreno de jogo era muito desigual, o povo venezuelano foi votar”, continuou em referência às eleições. “A grande irregularidade da jornada eleitoral foi a falta de transparência do CNE e a flagrante desobediência às suas regras de jogo no que diz respeito a mostrar o verdadeiro voto do povo”.

O Centro Carter, explicou Lincoln, analisou os números disponíveis junto a outras organizações e universidades e "confirma Edmundo González Urrutia como o vencedor com mais de 60%" dos votos.

A oposição publicou em um site cópias de mais de 80% das atas, que afirmam provar a vitória de González Urrutia - representante da líder María Corina Machado - com 67% dos votos. O CNE lhe deu 43% contra 52% de Maduro.

“É puro teatro”, observou Lincoln. “O governo teve 11, 12 dias… um tempo amplo para mostrar os dados reais das atas que recebeu na noite da eleição”, insistiu.

Por último, a chefe da missão de observação do Centro Carter demonstrou ceticismo em relação à evolução dos acontecimentos na Venezuela e à reivindicação de vários países sobre uma “verificação imparcial dos resultados”.

“Sou incrédula, cética sobre o que uma equipe de verificação internacional poderia fazer que não tenham feito os testemunhas, que produziram as verdadeiras atas da noite”, apontou ao mesmo tempo que considerou prematuro comentar sobre a disposição do Centro Carter para participar em uma auditoria desse nível.

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