Quase dois meses sem receber os "mandados": Moradores de Palma Soriano protestam em frente à sua bodega devido aos atrasos.

Uma multidão de consumidores foi exigir na mercearia chamada "El Alba" as compras do mês passado que ainda não chegaram e não há resposta", denunciou um vizinho dessa localidade.

Imágenes de la protesta © CiberCuba
Imagens da protestaFoto © CiberCuba

A denúncia de um cidadão cubano enviada à redação do CiberCuba informou sobre os graves atrasos que os usuários de uma mercearia em Palma Soriano, Santiago de Cuba, estão enfrentando, já que ainda não receberam os alimentos fornecidos pelo regime através da cota de racionamento.

Passados quase 20 dias do mês de junho, os usuários da mercearia "El Alba" ainda aguardam pelos alimentos da cesta básica normada referentes ao mês de maio. A paciência dos moradores atingiu o limite, e nesta terça-feira um grupo deles se concentrou em frente ao estabelecimento para protestar e exigir que lhes sejam vendidos os alimentos racionados.

Vizinhos protestam em frente a um armazém em Palma Soriano.

Uma multidão de consumidores foi exigir na loja chamada "El Alba", localizada em Camilo Cienfuegos y 10 de Octubre, em Palma Soriano, as compras do mês passado que ainda não chegaram e não há resposta", explicou a fonte que enviou imagens do protesto dos moradores para esta redação.

Acorde a suas palavras, os vizinhos se reuniram exigindo justiça e alimentos. "Chega de abuso, chega de mentiras, chega de miséria, estamos com fome", foram as palavras ouvidas em Palma Soriano. CiberCuba recebeu testemunhos visuais dos protestos locais.

Vizinhos protestam em frente a uma bodega em Palma Soriano.

Logo em seguida, chegou ao local o diretor e seus cúmplices do Comércio neste município, que é dono de duas motos e duas casas. Chegou dizendo que as encomendas estão prontas, e que o problema são as chuvas que impedem o transporte. Que descaramento há neste país! E imediatamente chegou a Segurança do Estado procurando o cabeça das manifestações - disse o vizinho em sua denúncia.

O administrador da adega oferece explicações.

Com mais de 120 mil habitantes (2020), o município de Palma Soriano, em Santiago, foi um dos mais ativos durante as históricas protestas de 11 de julho de 2021 em Cuba (11J), razão pela qual muitos de seus habitantes foram brutalmente reprimidos e condenados a longas penas de prisão.

Manifestantes do 11 de julho nessa localidade foram condenados até mesmo a 12 anos de privação de liberdade, conforme revelado em maio de 2022.

"O que fizeram com esses meninos não tem nome. Julgamentos forjados, cheios de mentiras", disse a mãe do ativista Daniel Fernández Álvarez, que foi condenado a sete anos de prisão.

Entre as cenas mais lembradas daquelas jornadas, está o momento em que uma multidão de cubanos gritou "assassino" para o Comandante da Revolução, Ramiro Valdés Menéndez, quando ele visitou a localidade em meio às protestos massivos.

"Asesino, nos estás matando de fome", ouviu-se dizer a uma pessoa num vídeo publicado pela imprensa independente, no qual se distinguia Valdés a caminhar entre a congregação de manifestantes, rodeado por militares.

"Daram golpes!", denunciou ainda a multidão, antes de começar a ecoar o grito de "Liberdade" enquanto o líder comunista se retirava.

Dias depois, em agosto de 2021, Valdés condecorou dois repressores que atuaram contra os manifestantes de Palma Soriano. Em uma cerimônia, o ex-ministro do Interior concedeu a distinção de Serviço Distinto ao tenente Julio Cesar Sotomayor Lora e ao primeiro suboficial Felipe Aparicio Santiesteban, ambos da Unidade Provincial de Trânsito, "pela sua corajosa atitude no enfrentamento aos eventos" daquele dia, conforme relatado pelo jornal Granma.

A meados de março de 2023, Palma Soriano testemunhou a aparição de um cartaz pintado contra o governante Miguel Díaz-Canel, com um apelo para desalojar o poder.

"Entrega o país", dizia a mensagem ao também primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC), acompanhado da já popular frase "Díaz-Canel singao".

Imerso em uma crise sem precedentes, o regime cubano continua sem conseguir garantir os escassos produtos da cesta básica que vende de forma racionada. Atrasos acumulados, entregas parciais, redução das quantidades estabelecidas... os problemas do ministério do Comércio Interno (MINCIN) se acumulam.

"Não conseguimos cumprir nossos compromissos, mas bem... temos o resto do ano para fazê-lo", disse no início de junho a titular do MINCIN, Betsy Díaz Velázquez, durante a apresentação do relatório de prestação de contas perante o presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular (ANPP), Esteban Lazo Hernández.

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