Um grupo de cubanas que administra a loja de roupas Dador em Havana desde 2016, está observando com cautela as medidas aprovadas pelo Departamento do Tesouro dos EUA em maio passado para apoiar empreendedores na ilha.
"Somos uma bola política no final de tudo", lamentou Lauren Fajardo, uma das sócias do empreendimento, em uma reportagem feita pela agência AFP e publicada no site de notícias El Financiero no Facebook.
A cubana questionou a implementação das novas medidas aprovadas por Washington, que permitem que os empresários independentes cubanos possam abrir, manter e usar contas bancárias nos Estados Unidos de forma remota, inclusive por meio de plataformas de pagamento online. Isso facilitaria a importação de materiais para o seu negócio, como tecidos, mas ela e suas sócias se sentem inseguras devido às lacunas existentes nas medidas.
"Sim, foram aprovadas, mas quem as vai cumprir? Que bancos, empresas ou plataformas vão cumprir as novas medidas aprovadas pelo Departamento do Tesouro?", apontou Fajardo.
As dúvidas desta cubana e suas parceiras se justificam porque em novembro próximo serão realizadas as eleições presidenciais nos Estados Unidos, e o possível retorno de Donald Trump à Casa Branca faz temer um endurecimento da política em relação a Cuba, frustrando a iniciativa de Joe Biden.
A loja de roupas Dador abriu em 2016 no meio da redução das sanções comerciais impostas a Cuba, durante a administração de Barack Obama, no contexto da normalização das relações entre Washington e Havana.
No entanto, essas empresárias experimentaram na própria pele a política de Trump ao reverter tal flexibilização.
Por sua vez, o presidente Miguel Díaz-Canel qualificou as novas medidas da administração Biden como "um design subversivo, delineado em estratégias conhecidas, que contempla a manipulação e o emprego deste setor como potencial agente de mudança no país".
O governante cubano, através de sua conta em X, também considerou que as medidas "são limitadas, restritivas e não tocam o cerne da questão", fazendo alusão ao embargo a Cuba.
No entanto, o bem-sucedido empresário cubano-americano Sergio Pino alertou em maio passado que o governo de Havana irá armar armadilhas para tirar proveito dessas medidas econômicas aprovadas pela Administração Biden.
No entanto, Pino considera que o povo cubano pode receber benefícios. "O regime de Havana tentará penetrar. Certamente haverá armadilhas, mas estas medidas continuam sendo algo positivo", disse o milionário à Univisión Noticias.
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