"O povo entendeu", diz Beatriz Johnson, mas os santiagueros voltaram a protestar nas ruas

A dirigente do partido em Santiago de Cuba afirmou à televisão oficial que houve compreensão por parte do povo em relação à difícil situação do país. No entanto, os santiaguenses voltaram às ruas para se manifestar na noite desta segunda-feira.


Beatriz Johnson Urrutia, secretária do PCC na província de Santiago de Cuba, afirmou que “como sempre, o povo entendeu”, referindo-se às justificativas que apresentou a centenas de manifestantes neste domingo no local onde se iniciaram as manifestações massivas do 17M.

Durante uma aparição no canal oficialista TurquinoTeVe, a dirigente admitiu: “Não podemos negar que foi uma situação de muita tensão”, embora logo em seguida tenha tentado minimizar a magnitude da protesto: “Mas, como sempre, o povo compreendeu, pois também nos viu como as máximas autoridades desta província dando a cara ante os problemas”.

Johnson apontou a falta de combustível e os apagões como as causas do descontentamento popular.

No entanto, na noite de segunda-feira, o povo de Santiago de Cuba saiu mais uma vez às ruas, desta vez no Micro 9 do Centro Urbano José Martí, uma localização populosa mais conhecida como El Distrito.

Ao som da conga, as pessoas entoaram "Eu me espinho" e atacaram o governante Miguel Díaz-Canel com refrões como: "Não há comida, não há eletricidade / Pin... para o presidente".

No vídeo da televisão local, Johnson tentou minimizar o amplo descontentamento popular: “Não posso dizer que houve qualquer demonstração de agressividade ou algo do tipo contra nós, muito pelo contrário, as exaltações de aprovação quando alguém chega”.

A realidade que a funcionária tenta disfarçar é que o povo de Santiago gritou "mentirosa" para ela, que mal conseguiu falar e teve suas palavras e as do governo de Díaz-Canel questionadas.

A urbe oriental amanheceu nesta terça-feira em meio a um clima de "fervor revolucionário", com as praças cercadas por policiais e militares, além de atos de reafirmação revolucionária, confirmaram alguns moradores a CiberCuba.

A dirigente partidária, que nas últimas horas tem sido alvo de zombarias por cubanos, dentro e fora da ilha, realizou nesta terça-feira um passeio pelos locais que foram palco das manifestações em Santiago de Cuba.

O comunicador Yosmany Mayeta Labrada publicou no Facebook que Johnson visitou El Cobre e Micro 9, no distrito José Martí, e compartilhou fotos do que qualificou como uma “intervenção comunista reduzida no central parque ‘la Placita’, na rua Santo Tomás, no coração de Santiago de Cuba”.

Captura do Facebook/Yosmany Mayeta

O regime castrista respondeu com detenções às manifestações pacíficas realizadas em Cuba desde 17 de março.

A Cubalex, organização não governamental promotora dos direitos humanos, denunciou que há relatos de detenções violentas para reprimir os manifestantes e também de pessoas desaparecidas involuntariamente.

Um dos manifestantes, que foi detido de forma violenta na manhã de 18 de março em El Cobre, Santiago de Cuba, foi Oriesel García. Assim como outro jovem, que não foi identificado, morador da mesma localidade e que permanece detido devido às protestas.

Segundo informes da Cubalex, também estão detidos Leandro Tamayo e outro jovem chamado Raúl, ambos da cidade de Bayamo, que participaram das manifestações realizadas nessa cidade oriental.

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