“Ele foi espancado até a morte, foi torturado”: Mãe de Manuel Guillén Esplugas denuncia a morte do filho na prisão

O prisioneiro político cubano morreu após suposta tortura sob custódia de seus carcereiros. Sua mãe acusa o regime de assassinato e encobrimento. O caso gera denúncias e clama por justiça.

Dania María Esplugas Falcó y Manuel de Jesús Guillén Esplugas © Captura de video y post en X / @RosaMariaPaya
Dania María Esplugas Falcó e Manuel de Jesús Guillén EsplugasFoto © Captura de vídeo e post em X / @RosaMariaPaya

Manuel de Jesús Guillén Esplugas, o preso político de 29 anos que faleceu neste sábado na prisão Combinado do Leste, em Havana, foi supostamente assassinado por sicários do regime cubano, de acordo com denúncias de sua mãe.

Em declarações ao Martí Noticias, Dania María Esplugas Falcó negou a versão oficial que atribuiu a morte do jovem a suicídio e acusou as autoridades penitenciárias de assassinar o jovem, encobrir o crime e mentir para seus familiares.

"Ele foi assassinado a golpes, torturado, agredido, teve o nariz quebrado, foi enforcado com um cinto de zambrán (cinto militar), foi pisoteado e recebeu tantos golpes que apresentou um pneumotórax. Por isso morreu asfixiado, e se urinou nas calças devido aos golpes. Foi uma morte horrível", declarou Esplugas Falcó ao referido meio.

O jovem cumpria uma pena de seis anos de privação de liberdade pelo crime de “danos” após participar das históricas protestas de 11 de julho de 2021. Segundo sua mãe, no momento de sua morte, Guillén Esplugas estava em uma cela de castigo, supostamente por tentar escapar da prisão.

"Fizeram isso amarrando-o pelas mãos para lhe dar golpes e [colocaram] um cinto de couro ao redor do pescoço até que o mataram," acrescentou. Familiares de Guillén Esplugas compartilharam imagens que mostram lesões em sua cabeça, costas e pescoço, todas evidências que reforçam a versão de tortura denunciada por seus entes queridos.

Captura de vídeo X / @BettyFreeCuban

A mãe do jovem também ressaltou que agentes da Segurança do Estado pressionavam Guillén Esplugas para que colaborasse com eles, mas ele se negou veementemente, o que, segundo ela, lhe custou a vida. “Eles queriam que ele falasse e que mudasse para o lado deles, mas meu filho disse que não, por isso o mataram”, afirmou.

O primo da vítima, Yan Franco Esplugas, confirmou essas declarações e denunciou nas redes sociais que Guillén Esplugas havia rejeitado múltiplas tentativas da Segurança do Estado para recrutá-lo.

Em seu testemunho, Esplugas Falcó afirmou que não autorizou uma autópsia, mas o relatório entregue pelas autoridades determinou que seu filho morreu por asfixia. Apesar das reivindicações, as ligações do Martí Noticias para o Combinado do Leste em busca de respostas não foram atendidas.

A mãe, visivelmente afetada, concluiu com um apelo à justiça e à solidariedade: “Quero justiça pela morte do meu filho. Ele era um grande garoto. Para mim, é o pequeno gigante mais grande do mundo, esse é meu menino. Quero que as mães como eu, que têm filhos presos, presos políticos e presos comuns, vejam a dor de uma mãe, que lutem por seus filhos e que protestem porque, assim como fizeram comigo, podem fazer o mesmo com seus filhos.”

Manuel de Jesús Guillén Esplugas era membro da União Patriótica de Cuba (UNPACU) e promotor do projeto Cuba Decide. Seu caso gerou uma onda de denúncias e manifestações de dor entre a sociedade civil, os familiares de presos políticos e organizações de defesa dos direitos humanos que questionam a repressão e a impunidade do regime totalitário cubano.

Perguntas frequentes sobre a morte de Manuel de Jesús Guillén e a repressão em Cuba.

Quem era Manuel de Jesús Guillén Esplugas?

Manuel de Jesús Guillén Esplugas era um prisioneiro político cubano, membro da União Patriótica de Cuba (UNPACU) e bisneto do Poeta Nacional Nicolás Guillén. Ele participou das protestas de 11 de julho de 2021 e estava confinado na prisão Combinado del Este, em Havana. Sua morte em circunstâncias não esclarecidas gerou indignação e denúncias por parte de ativistas e opositores cubanos.

Quais são as circunstâncias que cercam a morte de Guillén Esplugas na prisão?

A morte de Guillén Esplugas foi denunciada como um suposto assassinato em decorrência de uma agressão perpetrada por seus carcereiros. O regime informou à família que o jovem havia tirado a própria vida, algo que foi categoricamente negado pelos seus parentes, que afirmam que ele foi assassinado na prisão. Esse fato gerou uma onda de condenação tanto dentro quanto fora de Cuba, incluindo figuras políticas e ativistas internacionais.

Como a comunidade internacional reagiu a este incidente?

A comunidade internacional expressou sua condenação e preocupação pela repressão em Cuba. Foram feitos apelos para que cessem as detenções arbitrárias e sejam libertados os prisioneiros políticos. O subsecretário de Estado dos Estados Unidos para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Brian A. Nichols, classificou a notícia como trágica e mencionou as denúncias de tortura como parte das circunstâncias que rodearam o falecimento de Guillén Esplugas.

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